Afinal de contas, a “faxina” no DNIT resolve alguma coisa?
A história de corrupção no Ministério dos Transportes não é nada nova. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) foi criado depois de um escândalo de corrupção que apareceu na época do governo FHC. O antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), antecessor do DENIT foi extinto depois que em 1999 veio à tona o chamado escândalo dos precatórios.
No DNER atuava uma máfia que recebia propina para favorecer o pagamento de indenizações judiciais milionárias do DNER às construtoras que conseguiam, com a “ajuda” dos funcionários de alto escalão do departamento, receber somas fantásticas e pagavam aos seus “ajudantes” 25% dos valores recebidos. Na época caíram do DNER dois altos cargos ligados aos partidos aliados de FHC: o diretor financeiro do DNER, Gilson Zerwes, e o procurador-geral, Pedro Eloi Soares.
No governo Lula, ainda em 2003, o diretor financeiro do DNIT, Sérgio Pimentel, foi exonerado depois de acusar o ministro Anderson Adauto de favorecer a empreiteira Queiroz Galvão. Anderson foi mantido no cargo sob a alegação de que quem cobrava propinas teria sido Pimentel.
Em 2004, Adauto foi demitido sob denúncia junto à Procuradoria Geral da República por suposto desvio de R$ 32,3 milhões de financiamentos dos bancos Mundial e Interamericano de Desenvolvimento.
A lista de maracutaias e corrupção no Ministério dos Transportes não é nada pequena e remonta a épocas anteriores à ditadura militar iniciada em 64. Vem desde a época da construção de Brasília, passando pela construção das grandes usinas e da Transamazônica, já na ditadura pós 64, quando o então Ministro Mario Andreazza “ajudou a dar grande impulso” às várias construtoras que hoje têm renome internacional e bancam vários candidatos em todas as eleições e depois cobram a fatura dobrada.
Colocar os lobos para tomar conta dos bodes…
As grandes construtoras estão agora envolvidas nas obras do PAC e construções ligadas à copa do mundo. As estradas brasileiras, que são abandonadas para depois serem privatizadas, consomem uma fortuna em obras das quais nunca se vê o resultado.
Em agosto de 2010, o DNIT no Ceará teve 21 pessoas envolvidas em esquema que desviou mais de 5,5 milhões. O chefe da máfia era Guedes Neto, indicado pelo Partido da República para ocupar cargo importante no governo Dilma. Aliás, o PR tem origem no PL e sempre foi um ninho de grandes empresários e corruptos. O mais conhecido deles foi o vicepresidente de Lula, o falecido José Alencar que, antes de ser vice, realizou negociata para compra de algodão que seria utilizado na fabricação de uniformes militares das Forças Armadas. O negócio foi financiado com dinheiro público e depois sua empresa, a Coteminas, acabou financiando o material da China e faturou muitos milhões. Teve o processo arquivado pelo MP. Aliás, Alencar tinha uma sobrinha casada com Márcio Hiram Guimarães Novais, sócio de Marcos Valério na Estratégica Comunicação Ltda. Marcos Valério está sendo acusado de corrupção envolvendo inclusive gente graúda do PT.
… acaba sempre com os bodes sendo comidos pelos lobos
O ex-ministro Alfredo Nascimento, também do PR (Partido da Re¬pública), junto com mais 16 burocratas, caiu frente às denúncias de corrupção: vários caciques do PR recebiam propina para “ajudarem empreiteiras” a ganharem contratos de obras.
A frase de Lula de que “tem que juntar os diferentes para lutar contra os antagônicos” está se de-monstrando um grande equivoco, pois os antagônicos e diferentes são iguais na exploração da classe trabalhadora e na corrupção, alma gêmea do capital.
A conclusão é inevitável: ou o governo Dilma rompe com a matilha ou a matilha crescerá e comerá todos os bodes.