Declaração da Esquerda Marxista, corrente do PT e seção brasileira da CMI, marca a posição dos socialistas e alerta para os perigos do acordo firmado em Washington.
Foi assinado em Washington, no dia 12 de Abril, por Nelson Jobim (Ministro da Defesa do Brasil) e Robert Gates (Secretário de Defesa dos EUA), um acordo entre Brasil e Estados Unidos que prevê intercâmbio militar nas áreas de treinamento, tecnologia, pesquisa e comércio de equipamentos.
Apesar de tal acordo não tocar na questão da construção de bases militares dos EUA no Brasil, ele possibilita a presença de militares americanos em território brasileiro para fins de intercâmbio e treinamento, além de futuramente poder ser emendado para incluir a construção de bases americanas no país. O acordo também prevê em seu texto “visitas de navios militares”.
O governo americano é um claro inimigo da luta dos trabalhadores em todo o mundo. Além das guerras, como a que ocorre hoje massacrando o povo iraquiano, esteve comprovadamente envolvido nos golpes militares na América Latina, inclusive na recente tentativa fracassada de golpe na Venezuela em 2002, com o objetivo de instalar regimes submissos para sufocar em sangue e repressão o ascenso do movimento operário.
O imperialismo teme o aprofundamento da revolução latino-americana, que tem sua ponta mais avançada na Venezuela. Por isso as bases militares na Colômbia e o relançamento da 4ª Frota – divisão da Marinha responsável pelo Atlântico Sul – com o pretexto do combate ao narcotráfico e terrorismo. O acordo militar com o Brasil amplia a ameaça à revolução venezuelana e à luta dos povos da América.
Nós, da Esquerda Marxista, corrente do Partido dos Trabalhadores, consideramos que esse acordo não corresponde aos interesses da classe trabalhadora do Brasil, da América Latina ou de qualquer parte do mundo. Sendo ele inaceitável para qualquer socialista.
Um governo do PT não deve realizar intercâmbio e cooperação militar com um país imperialista que sistematicamente ataca a soberania dos povos e a luta dos trabalhadores. É um ato indigno do governo eleito pelos trabalhadores brasileiros contra o modelo entreguista de FHC/PSDB.
Exigimos a imediata ruptura desse acordo, colocando como tarefa o combate à ingerência do imperialismo em qualquer país e a mais ampla solidariedade aos povos que se levantam e lutam contra a burguesia e o imperialismo.
São Paulo, 28 de Abril de 2010.