No último dia 14 completaram-se três anos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Mesmo depois de tanto tempo, seguimos sem a resposta sobre quem mandou assassiná-los e por quê.
O assassinato da vereadora do PSOL e de Anderson representa, de muitas formas, a falência do Estado brasileiro e, em especial do Rio de Janeiro. A intrincada relação estabelecida ao longo de décadas entre a milícia, o Estado e a miséria da população fez com que a situação assumisse contornos dramáticos.
Assim que o crime ocorreu e desde então, os setores mais reacionários da direita tentaram surfar na onda ao propagar uma série de mentiras sobre a vereadora, culminando no já conhecido jargão de que ela teve o que merecia pois “defendia bandido”.
Nessa esteira Daniel Silveira, conhecido por rasgar uma placa com o nome da vereadora em ato junto ao então candidato ao governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foram eleitos, assim como uma série de oportunistas e demagogos. Não é de se admirar que Silveira tenha sido preso e Witzel afastado do cargo. A própria burguesia que encorajou a eleição desses tipos a partir de 2018 encontra-se agora em uma situação de disputa na qual parte dela tenta desvencilhar-se desse discurso bolsonarista isentando-se da responsabilidade e buscando saídas “mais democráticas” para o problema que ela mesma ajudou a criar.
As investigações do assassinato de Marielle e Anderson passaram por uma série de questionamentos desde o início, levantando-se dúvidas sobre a parcialidade dos investigadores e o âmbito em que ela deveria ser realizada – federal ou estadual. Também foram feitas diversas trocas dos delegados responsáveis, vai e vem das provas que foram ignoradas, revistas, desacreditadas, desconsideradas e agora, o anúncio da criação de uma força-tarefa para investigar o caso.
A relação dos assassinos com a milícia, com o “escritório do crime”, com o Estado e com o “vizinho” do presidente Bolsonaro só demonstra a incapacidade da Justiça burguesa em investigar um crime que, certamente, envolve as próprias instituições burguesas e seus interesses políticos e econômicos.
A prisão de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, o primeiro PM reformado e o segundo ex-PM, a indicação da perícia da Polícia Civil de que a arma utilizada no crime era de um tipo de uso exclusivo das forças especiais da polícia e da Polícia Federal, com munição desviada dessa última, indica o tamanho dos interesses em matar a vereadora.
Por tudo isso, o movimento Mulheres pelo Socialismo e a Esquerda Marxista defendem, desde 2018, a necessidade de uma investigação independente sobre a execução de Marielle e Anderson. Não é possível, depois de tantos indícios, deixar que a Justiça e os aparatos estatais burgueses dirijam essa investigação. Três anos sem respostas são mais do que suficientes para comprovar, mais do que a incompetência do Estado, a sua falta de interesse em investigar e, de fato, responder à questão sobre quem a matou.
No estado do Rio de Janeiro apenas 11% dos homicídios são solucionados. As balas perdidas da PM sempre encontram crianças, jovens e trabalhadores – a maioria negra. A violência policial cotidiana, o encarceramento da juventude trabalhadora, o descaso com a violência contra a mulher, o assassinato de Marielle e Anderson e a impunidade desses crimes são retratos da barbárie que esse sistema produz. Diante desse horror, é preciso que a classe trabalhadora se organize de forma independente, criando instrumentos de autodefesa.
Diante de tudo isso, reafirmamos que é preciso retomar a exigência de uma investigação independente do caso Marielle e é também urgente derrubar o governo Bolsonaro e tudo que ele representa.
Marielle: presente!
Anderson: presente!
Por uma investigação independente do assassinato de Marielle e Anderson.
Fora Bolsonaro já!