Carta aberta à Comissão Executiva Nacional da CUT

Algumas lideranças sindicais, conscientes de seu papel na defesa da classe trabalhadora, já começam a se organizar para enfrentar a crise. É o caso da direção do Sindicato dos Vidreiros do Estado de São Paulo, que enviou esta carta.

Companheiros(as),

Nos últimos dias temos observado em todas as categorias que o acelerado desenvolvimento da crise toma a sua mais cruel forma: o aumento do desemprego e o arrocho salarial. Só no mês de dezembro foram 654 mil demissões (segundo o Ministério do Trabalho). São mais de 20 mil demissões por dia! A resposta dos patrões: banco de horas, lay off, redução da jornada com redução de salários etc., ou seja, maior exploração dos trabalhadores.

A posição adotada pela CUT de não participar da badalada reunião na FIESP, na verdade uma armadilha criada pelos patrões para impor arrocho salarial e desemprego, tem nosso irrestrito apoio.

Companheiros, a cada dia aumenta o número de empresas que protocolam em nosso sindicato pedidos para a abertura de “negociações” para retirar direitos através do banco de horas, lay off, redução da jornada com redução de salário ou simplesmente nos comunicam decisão de demissões sempre em grandes números. Pelos informes de companheiros de outros sindicatos parece ser a mesma realidade em todas as categorias: metalúrgicos, químicos, mineradores e que agora também começa a atingir o comércio e serviços. Em nosso último congresso nós aprovamos a rejeição do banco de horas, e continuaremos firmes em defesa dos direitos que conquistamos com muita luta.

Companheiros, é chegada a hora de reagirmos de forma enérgica e firme frente às ameaças propagandeadas pelo presidente da FIESP e pela grande imprensa. Temos consciência das enormes dificuldades que enfrentaremos, e é essa consciência que deve nos fortalecer e construir uma grande unidade de todos os setores da classe trabalhadora contra as demissões e o arrocho. Mais uma vez eles querem que a classe trabalhadora pague a conta da crise.

Por isso propomos desde já que a CUT se dirija a todas as centrais sindicais, a todas as entidades e movimentos que se reivindicam da defesa dos direitos dos trabalhadores, e a todos os democratas para a construção de Comitês Municipais de Luta em Defesa dos Empregos e dos Direitos. Construindo grandes manifestações como as que já têm tomado as ruas em São Bernardo, Itabira, São José dos Campos e muitas outras, rumo a uma grande Jornada Nacional contra as demissões e a redução dos direitos trabalhistas.

Companheiros, é chegada a hora de retomar as grandes mobilizações para impedir um desastre para milhões de trabalhadores brasileiros, é chegada a hora de aumentarmos as mobilizações acumulando as forças necessárias para inclusive, se preciso, colocarmos na ordem do dia a GREVE GERAL em defesa do emprego e dos direitos.

De nossa parte, estaremos mobilizando e discutindo com os trabalhadores de nossa base, em cada fábrica e em cada local de trabalho, articulando junto com os sindicatos de base esta unidade.

Companheiros, chega de demissões!

Vamos imediatamente, desde a base, impulsionar uma resposta da classe trabalhadora à crise criada pelos patrões e por este sistema que só traz miséria, fome e guerra.

Construção de comitês em defesa do emprego e dos direitos, nas cidades e nos locais de trabalho!

Saudações Cutistas de classe e de luta.

São Paulo, 19 de Janeiro de 2009.
Diretoria Colegiada do Sindicato dos Vidreiros do Estado de São Paulo

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