Na manhã desta quarta-feira, 12 de março, duas sacolas foram deixadas embaixo de bancos no terminal de ônibus de Pinheiros, em São Paulo. Por volta das 6 horas da manhã algo dentro de uma das sacolas explodiu. As imagens divulgadas das câmeras de segurança mostram que a explosão foi fraca e aparentemente assustou, mas não feriu nem mesmo as pessoas que estavam sentadas nos bancos.
O jornal Folha de S. Paulo divulgou que a Polícia Militar foi acionada e está investigando. Já o portal Metrópoles publicou matéria acrescentando que nas sacolas havia panfletos com os dizeres: “Abaixo os generais golpistas! Morte aos fascistas! Viva o Maoismo! Viva a Guerra Popular! Viva a Revolução Democrática!”, assinado “Partido Comunista do Brasil – P.C.B.”.
Uma imagem publicada junto com a matéria mostra a foto de um pedaço de papel com esses dizeres e o símbolo comunista da foice e o martelo.
A Organização Comunista Internacionalista (OCI), seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária (ICR) repudia esta ação e qualquer ação de tipo terrorista. Provocar uma explosão em um terminal de ônibus frequentado por trabalhadores, mesmo que inofensiva, em nada ajudaria a causa dos comunistas que é a causa dos trabalhadores. Pelo contrário, tal ação apenas poderia inflamar os trabalhadores contra os comunistas. Não podemos conceber que qualquer partido ou organização séria que se reivindique comunista hoje no Brasil organizaria e executaria tal ação. Inclusive, apesar de nossas diferenças com o PCB e o PCdoB, sabemos que nenhum desses dois partidos, que poderiam ser confundidos com a assinatura que consta nos panfletos (o que por si só já indica uma farsa, já que nenhum militante de nenhum desses dois partidos faria a confusão de usar o nome de um e a sigla de outro, pois há muitas décadas são partidos separados e muito distintos), jamais adotariam tal tática e nos solidarizamos com estes.
É mais provável tratar-se de uma farsa organizada e executada por um indivíduo ou grupo com intenção oposta: buscar criminalizar os comunistas, inflamar os trabalhadores contra os comunistas, criar um ambiente onde a repressão contra os comunistas torne-se justificada perante os olhos da “opinião pública”.
Não precisamos ir longe para encontrar antecedentes na história. O famoso “Atentado do Riocentro” foi organizado em 1981 por setores do Exército e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, com diversos explosivos no dia 1º de Maio, justamente com o objetivo de criminalizar organizações dos trabalhadores, que se reivindicavam comunistas, para com isso buscar justificar a necessidade da repressão e retardar a então abertura política do regime que estava em curso.
Repudiamos qualquer tentativa de grupos de extrema direita ligados ou não ao aparato de repressão estatal de criminalizar e difamar os comunistas perante os trabalhadores forjando atos terroristas.
Os comunistas se opõem ao terrorismo individual. Para os comunistas que se apoiam no legado de Marx e Lênin, as táticas de luta válidas são aquelas que ajudam a elevar o nível de consciência de classe do proletariado e que aumentam a coesão dos trabalhadores. Ações de pequenos grupos com explosões em terminais de ônibus causam o efeito contrário e têm todo o repúdio dos comunistas.