O vento revolucionário e a crise econômica mundial caminham lado a lado na região.
Foram cerca de 5 anos de expansão econômica na América Latina. Agora vemos a queda, o princípio do abismo: o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em todos os principais países latino-americanos em 2008 foi inferior ao crescimento de 2007. Para citar apenas a média geral da região, enquanto o crescimento do PIB foi de 5,7% em 2007, em 2008 caiu para 4,5%.
As previsões para 2009? Bom, a cada dia sai uma nova previsão que, como no caso das previsões para o Brasil, são sempre inferiores à anterior. Os governos tentam manter os dados em um patamar mais otimista, mas o FMI, que precisa ser um pouco mais realista, divulgou a previsão de retração de 1,5% nesse ano para a América Latina, o mesmo FMI que em outubro de 2008 tinha previsto crescimento de 3,2%.
Os capitalistas sabem que a situação é grave, bastante grave para seu sistema doente, mas eles têm o cuidado de não espalhar o descontentamento e o pânico, maquiando a verdadeira situação. Enquanto isso, buscam freneticamente estancar o problema de forma pouco eficiente, utilizando o método deles: jogar a conta nos ombros da classe trabalhadora.
A luta pelo emprego
A luta pelo emprego é a luta pela dignidade da classe trabalhadora. O capitalismo precisa destruir forças produtivas para solucionar essa crise de superprodução. Entre as medidas estão o fechamento de fábricas e as demissões. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) fez uma previsão em janeiro de que seriam mais de 50 milhões de novos desempregados em 2009 no mundo todo.
Na América Latina o desemprego também cresceu. Segundo a OIT seriam 2,4 milhões de novos desempregados em 2009. No Brasil, de dezembro para cá, já foram fechados quase 1 milhão de postos de trabalho; na Argentina, o saldo do primeiro trimestre de 2009 foi de 38 mil demissões e 129 mil trabalhadores em férias coletivas. No México, a previsão do governo é de que serão perdidos 300 mil postos nesse ano. Em fevereiro a taxa de desemprego nesse país chegou a 5,3%, a maior em 10 anos. A esses números devem ser acrescentados os milhões lançados no trabalho informal. Mesmo que o desemprego, em alguns países, possa até diminuir em alguns períodos, o que nos importa é ver o movimento geral e assim fica evidente que, no Brasil, na América Latina e no mundo, o desemprego aumenta.
Os países latino-americanos, de desenvolvimento econômico atrasado, de forma alguma poderiam estar blindados contra a crise econômica, pois são países dependentes das economias imperialistas. Uma crise fora reflete inevitavelmente nessas economias. A queda na produção dos países ricos leva a uma menor exportação de matéria-prima por parte dos países latino-americanos, assim como se uma empresa multinacional vai mal, seja ela americana, japonesa ou europeia, suas fábricas no Brasil, no México, ou na Argentina, terão que fazer cortes. O capitalismo é global, por isso suas crises são inevitavelmente globais.
Mesmo a ponta mais avançada da revolução latino-americana, a Venezuela, sofre inevitavelmente as consequências dessa crise, isso porque ainda existe lá uma economia de mercado, a propriedade privada dos meios de produção e dos bancos. Apesar de existirem avanços: fábricas expropriadas, a proibição de demissões dos que recebem menos de 3 salário mínimos, etc… Enquanto o sistema capitalista não for enfim enterrado, o sofrimento causado por ele não vai cessar.
Ocupação contra demissões
Uma luta que se espalha por todo o continente e pelo mundo são as ocupações de fábricas. Na Venezuela, fábricas nacionalizadas ou ocupadas se reúnem na Frente Revolucionária de Trabalhadores de Empresas em Co-gestão e Ocupadas (FRETECO), no México há a ocupação da fábrica Olympia. Há fábricas ocupadas no Paraguai, na Argentina, no Brasil. Esse é o caminho!
Essa é a luta em defesa do emprego que aponta a necessidade de estatização, sob controle dos trabalhadores, de todas as empresas e bancos, luta que mostra na prática a inutilidade dos patrões, e por isso, a importância do 2º Encontro Latino-Americano de Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores em Caracas. O vento revolucionário, que sopra por todo o continente, precisa se intensificar diante da evidente falência do atual sistema. Deixando claro para todos os povos que única saída positiva para a nossa classe é a revolução e o socialismo.