O Jornal Luta de Classes entrevistou Verivaldo, o Galo, militante da Esquerda Marxista que encabeça a Chapa 1 nas eleições que ocorrem no fim de Julho.
O Sindicato dos Vidreiros do Estado de São Paulo é um sindicato histórico do movimento operário. Foi um dos primeiros sindicatos a aderir á construção da CUT e ao Departamento do Ramo Químico da CUT, atual CNQ (Confederação Nacional dos Químicos).
Hoje tem cerca de 22 mil trabalhadores na base que se espalha pela Grande São Paulo e interior do estado em mais de 400 fábricas. São 8.600 sócios aptos a votar nas eleições nos dias 27, 28, 29 e 30 de Julho.
Duas chapas concorrem à eleição: a Chapa 1 (CUT) e a Chapa 2 (apoiada por sindicatos ligados à Intersindical).
No último período, a direção do sindicato – cuja maioria dos diretores apóia a Chapa 1 – tem realizado intensas mobilizações em defesa dos direitos e dos empregos. Foram várias greves na região de Ferraz de Vasconcelos (cidade da Grande São Paulo) com muitas fábricas da categoria – inclusive com ocupação de fábrica.
Na região do vale do Paraíba, onde estão concentradas as maiores fábricas ligadas à indústria automobilística, o sindicato conseguiu barrar a “co-participação” (as empresas queriam que os trabalhadores pagassem consultas no convênio médico). Muitas outras conquistas como aumento do PLR (participação nos lucros); reintegração de cipeiros demitidos injustamente, etc.
Na última assembléia, onde estiveram presentes mais de 500 trabalhadores, apesar de realizada num domingo de manhã, a pauta era a eleição da comissão eleitoral. O resultado não poderia ser outro, numa prova de apoio da base, a Chapa 1 obteve mais de 76% dos votos e elegeu 4 membros dentre os 6 cargos em disputa. Os trabalhadores presentes saíram mais motivados para fazer a campanha da Chapa 1 em suas fábricas após essa importante vitória.
JLC: Como se deu a composição da Chapa 1?
Verivaldo: Ela se formou a partir do reagrupamento de forças na diretoria do sindicato. O grupo chamado ASS detinha a maioria dos diretores até meados do ano passado, porém sua política de aparelhamento do sindicato levou à paralização do sindicato como instrumento de frente única dos trabalhadores. A política de truculência e “rolo compressor” somada ao afastamento do trabalho de base levou um grupo importante de diretores combativos a romper com a ASS. E a partir de pontos práticos de luta e da vontade de acabar com a paralisia foi que houve esse reagrupamento. Depois disso vários companheiros e companheiras se somaram. São cipeiros, ativistas importantes estão juntos com o sindicato e na luta no chão de fábrica. A assembléia que elegeu a comissão eleitoral, onde obtivemos uma importante vitória, é a demonstração desse trabalho.
JLC: Quais as principais propostas da Chapa 1?
Verivaldo: Em primeiro lugar, respeito às reivindicações dos trabalhadores e à independência do sindicato frente aos patrões e governos, que atacam os direitos e conquistas dos trabalhadores. Continuar a luta contra as demissões e perda de direitos como temos realizado no último período. E isso só se faz com dirigentes sindicais que não fiquem com “o traseiro na cadeira”. No começo deste ano levamos para a direção nacional da CUT, por nossa iniciativa e deliberada pela direção do sindicato, uma carta onde propomos o início de uma discussão pela unificação das lutas e abrir a discussão sobre a Greve Geral contra as demissões causadas pela crise. E também pela manutenção de todos os direitos e conquistas da classe trabalhadora: Reforma Agrária sob controle dos trabalhadores, reestatização da Vale e da Embraer, Defesa dos Serviços Públicos de Qualidade e Gratuitos, contra o racismo e em defesa de igualdade para as mulheres, contra a intervenção nas fábricas ocupadas pelos trabalhadores (Cipla e Interfibra) e em defesa do emprego e salários. Com a Chapa 1, o Sindicato dos Vidreiros estará novamente na linha de frente das grandes lutas na categoria e em nível nacional. Na luta pelas reivincações imediatas e históricas da classe trabalhadora, contra toda exploração e opressão.
JLC: E como está a campanha?
Verivaldo: A receptividade dos trabalhadores é sempre muito boa com o material e nas conversas. Já estamos distribuindo o segundo jornal da chapa e todos os dias estamos nas portas de fábrica discutindo com os trabalhadores. E a cada dia a campanha ganha mais volume e adesões dos trabalhadores à Chapa 1. Esperamos aumentar mais ainda o volume de campanha para conquistarmos uma ampla vitória que será dos trabalhadores. Deixamos aqui também o convite para que todos os leitores do Jornal Luta de Classes entrem na campanha apoiando a Chapa 1 de todas as formas que puderem. Vamos fazer com que o Sindicato dos Vidreiros seja efetivamente mais uma trincheira na luta dos trabalhadores.