Encontro online da juventude prepara a luta contra governo Bolsonaro

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 08, de 11 de junho de 2020. Confira a edição completa.
A quarentena nos colocou em casa por um tempo, mas isso não diminuiu a raiva desse governo e do sistema que representa. Também não impediu que jovens de todo Brasil se reunissem no Encontro Nacional da Liberdade e Luta, com a presença de grandes camaradas militantes em outros países. Fiona Lali (Reino Unido), Laura Brown (EUA), Mayren Padilla (México) e Zain Ul Abideen (Paquistão) abriram o Encontro com as saudações e uma breve contextualização do que se passa em seus países.

As contribuições deixaram evidente que os problemas que enfrentamos aqui não são exclusivos do Brasil. Em todos os países a burguesia se revira procurando saídas para a crise, enquanto massacra jovens estudantes e trabalhadores, o que inflama ainda mais a raiva generalizada deste sistema apodrecido. Nos Estados Unidos, coração do capitalismo, a burguesia tenta reprimir uma onda insurrecional cuja fagulha de ignição foi mais um assassinato cometido pela polícia contra um homem negro, George Floyd.

Foi esse sentimento de raiva acumulada que levou 272 jovens de várias cidades do Brasil a se inscreverem no Encontro Nacional, participando das discussões.

Falando sobre a educação, Carina Couto, de Vitória (ES), trouxe elementos sobre inúmeros problemas enfrentados, como falta de acesso, insuficiência de vagas, precariedade de infraestrutura, e o processo que deu origem a esse quadro. Também apresentou as falsas bandeiras que as direções da UNE e movimentos de esquerda levantam como vitoriosas, como o adiamento do Enem, os financiamentos do ProUni e Fies, e explicou como elas alimentam os grandes tubarões do mercado, como o grupo Kroton. Carina reforçou quais objetivos devemos perseguir enquanto estudantes da classe trabalhadora: vagas para todos, estatização do ensino, educação pública gratuita e para todos!

Anderson Dias, de São Paulo (SP), deu o informe sobre a saúde pública e a hipocrisia das leis que, de um lado, determinam a saúde pública e gratuita como dever do Estado mas, por outro, permitem o lucro de grandes corporações em processos de licitação e controle do orçamento da pasta. Anderson explicou que isso reflete diretamente na debilidade do serviço e literalmente na morte da classe trabalhadora, o que se radicaliza na situação de pandemia enfrentada atualmente, impulsionando o número de mortes pela Covid-19.

Marcelo Pancher, de Rio Claro (SP), explicou o processo de desenvolvimento do transporte público no Brasil, trazendo elementos que respondem por que, embora seja público, pagamos tarifas ao serviço de transporte. Marcelo ressaltou que, além de ser um direito explorado pelas grandes companhias, que cobram para lucrar ainda mais, os problemas de mobilidade aumentam de forma insustentável, trazendo outros problemas ainda maiores como violência, ansiedade e depressão, acidentes e caos nos engarrafamentos.

Lucy Dias, de Franco da Rocha (SP), explicou o processo que fez com que a Dívida Pública chegasse até a situação atual, em que pagamos parcelas enormes do orçamento, tirando do pouco que já é sugado dos direitos anteriores através das licitações, para um setor parasita na sociedade capitalista que nada produz: o setor financeiro da burguesia. Lucy deu bastante ênfase ao fato de que essa dívida é uma fraude, uma mentira que sustenta a exploração entre classes e, portanto, não devemos nenhum centavo a esses parasitas. Mais do que uma auditoria, apontamos imediatamente para o fim do pagamento da dívida pública.

Diante do quadro apresentado, o devido enfrentamento não pode flertar com qualquer tipo de defesa dessas leis, das instituições e muito menos dessa democracia hipócrita da burguesia. Foi nesse sentido que Matheus Wachter, de Florianópolis (SC), explicou a importância da independência política da luta organizada, o que só é possível garantindo a independência financeira da organização. A Liberdade e Luta recusa o financiamento do Estado burguês, como os fundo eleitoral ou partidário, justamente porque é este Estado que queremos destruir. Não queremos nenhuma amarra, direta ou indireta, com a burguesia. Entendemos ser contraditório depender dos bancos, das empresas e de magnatas; temos compromisso apenas com aqueles que leram nossas resoluções, acreditam na nossa atuação na luta de classes e decidem, por convencimento político, financiar essa luta e participar dela. Assim foi a campanha de arrecadação que levantou fundos para os enfrentamentos que estão por vir, onde não teremos nenhum medo de expor o problema pelo nome que tem, o modo de produção capitalista, e de explicar a necessidade de uma revolução socialista pelas mãos da classe trabalhadora.

Em todos os informes, ficou claro que esse conjunto de leis e seu aparato repressivo, o chamado Estado burguês e sua Polícia Militar, existem única e exclusivamente para explorar nossas riquezas e dar de graça à burguesia, reprimindo, assassinando ou simplesmente deixando trabalhadores e estudantes morrerem pela falta de leitos nos hospitais, pela violência ou pela falta de perspectivas que levam jovens ao abuso de drogas e à depressão. Na verdade, ninguém melhor para decidir os rumos e controlar esses recursos, produzidos pela classe trabalhadora, do que nós mesmos, jovens trabalhadores e estudantes. A classe que lucra com todo esse esforço hoje impede a humanidade de dar qualquer salto de desenvolvimento, nos negando o básico de dignidade, liberdade e até o direito à vida. Apenas uma economia planificada, com os meios de produção e serviços estatizados sob total controle operário pode nos dar o futuro que merecemos.

O mundo está em revolta, e é um sinal claro de que este sistema obsoleto não está conseguindo se sustentar. Mostra cada vez mais para que existe e o que está disposto a fazer para salvar o regime de exploração. Não assistiremos essa catástrofe de braços cruzados. O Manifesto aprovado unanimemente ao fim do Encontro apontou em que sentido estaremos nas ruas, lutando ombro a ombro com a juventude e com a classe trabalhadora. Os protestos já começaram no Brasil mesmo na quarentena. No último domingo (7/6), jovens de todos os estados foram às ruas e a Liberdade e Luta esteve lá com a mesma indignação que fez esses jovens se conectarem durante o Encontro Nacional.

E assim será marcado o próximo período: lutas, raiva e indignação crescentes. Bolsonaro precisa cair, assim como sistema que ele representa. Estaremos nas ruas intervindo nesse sentido, expondo a crueza desse sistema e por que não podemos desistir de apontar a revolução como única saída possível.

Junte-se à Liberdade e Luta!

  • Pelo fim do pagamento da dívida pública!
  • Educação, saúde e transporte públicos, gratuitos e para todos!
  • Fora Bolsonaro, por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais!