Poucas horas depois do lançamento do manifesto Tory, a vantagem Conservadora sobre o Partido Trabalhista nas pesquisas foi reduzida à metade. Os Tories estão em crise devido ao escândalo de seu “imposto da demência”, que é um ataque direto aos idosos e enfermos, os setores mais vulneráveis da sociedade. Outra promessa do manifesto, cortar os almoços escolares gratuitos, provocou tumulto generalizado depois que um relatório informou que poderia atingir 900 mil alunos. Por desespero, houve uma tentativa débil de retroagir sobre o “imposto da demência”, com promessas de algum tipo de teto. Mas isto é muito pouco e tarde demais. Bem-vindo de volta ao Partido sórdido!
O terreno político começou a mudar. Em consequência, dentro de uma só semana, o apoio ao Partido Trabalhista aumentou em oito pontos percentuais. Com a diferença se reduzindo nas pesquisas, o Partido Trabalhista dispõe de todas as condições para a disputa. Isso determinou o “nervosismo que atinge o alto comando Tory”, diz o Sunday Times, que apoia os Conservadores.
Um ministro disse que May pode “mudar rapidamente o conteúdo do manifesto – muito do qual é um chute nos dentes dos eleitores”.
A “estável e forte” Theresa May, agora chacoalhada, tuitou: “Se eu perder apenas seis cadeiras, perderei esta eleição”.
O Partido Trabalhista ganha força
O Sunday Times admitiu: “A posição do Partido Trabalhista está em seu mais alto nível desde a última eleição geral, sugerindo que o discurso socialista de Jeremy Corbyn está se conectando com um número crescente de eleitores”.
Absolutamente correto. O Partido Trabalhista conseguiu finalmente que o vento estufe suas velas.
“Pela primeira vez em minha vida, estamos começando a ouvir políticas que ressoam com nossas vidas cotidianas”, disse Stan Webster, um professor aposentado de Wigan, que participava, junto com sua esposa, de um comício de Corbyn.
Isto capta o sentimento geral de excitação gerado pelo manifesto mais esquerdista do Trabalhismo em gerações. Os jovens, em particular, estão entusiasmados e se inscrevendo em massa pelo Trabalhismo de Corbyn.
A abolição das taxas de matrícula; a renacionalização do transporte ferroviário, do serviço postal, da água e a intervenção nos serviços públicos; um salário mínimo de 10 libras por hora; 100 mil novas casas municipais por ano; mais feriados; e o fim dos contratos zero-hora: tudo isso e muito mais certamente vão transformar as vidas de milhões de pessoas.
Em seu desenvolvimento até os dias da eleição, a campanha Trabalhista para varrer os Tories certamente está ganhando impulso.
Os inimigos do Trabalhismo estão claramente alarmados com a situação. De acordo com o Financial Times, o porta-voz do capital financeiro, “O manifesto vazado confirma que eles querem uma revolução socialista…”. Embora isso fosse muito bem-vindo, o Partido Trabalhista certamente está oferecendo, se não uma revolução socialista, uma alternativa radical e uma ruptura honesta com os anos de Blair & Brown do chamado Novo Trabalhismo.
Abrindo passagem através das mentiras
A campanha rancorosa da mídia e da imprensa Tory contra Jeremy Corbyn e o Partido Trabalhista não surpreende. Os jornais são propriedade de bilionários que evadem o pagamento de impostos e que sempre apoiarão o establishment. No entanto, seus ataques estão perdendo efeito e a mensagem do Trabalhismo está chegando a cada vez mais pessoas.
Apesar do esforço combinado e coordenado dos Tories, da imprensa de direita e dos Blairistas para desacreditar Jeremy Corbyn, o líder Trabalhista e sua campanha estão abrindo passagem através da rede de mentiras e calúnias apelando diretamente aos trabalhadores e jovens com base em comícios de massas e em um programa audaz e radical.
Como sugeriu Socialist Appeal desde o início, um programa de esquerda envolvendo comícios de massas e campanhas populares de base é o caminho a seguir. Esta é a única forma de se contornar a mídia Tory e de se falar diretamente com os trabalhadores e jovens.
O efeito foi surpreendente. Em todos os lugares que Jeremy compareceu, foi recebido por milhares de pessoas e com entusiasmo crescente. Em Leeds, por exemplo, apesar da chuva, mais de 3 mil pessoas aguardavam expectantes do lado de fora de um clube social dos trabalhadores, enchendo o prédio, o estacionamento e as ruas adjacentes por centenas de metros, todos para ouvir Jeremy Corbyn falar. De forma espetacular, eles se reuniram após somente um dia de aviso, com a notícia se espalhando boca-a-boca. Numa praia de West Derby, uma surpreendente concentração de 5 mil pessoas acudiu para ouvir Corbyn.
Um dos destaques foi Corbyn discursando em um concerto no campo de futebol de Tranmere Rovers, onde atacou a riqueza dos clubes da Premier League. Em resposta, o líder Trabalhista foi recebido como uma estrela de rock, com aplausos das arquibancadas e a multidão gritando o seu nome.
O público era formado esmagadoramente por jovens e estudantes. Este foi um testemunho real da radicalização dos jovens, que estão enfermos e cansados com o de sempre, e desesperados por uma ruptura do status quo.
Portanto, não foi por acidente que aproximadamente 1,5 milhões de jovens (com menos de 35 anos de idade) se registraram para votar, para não mencionar a massa de ativistas de base indo de porta em porta nas ruas.
Estamos próximos de derrotar os Tories e de eleger o governo Trabalhista mais esquerdistas em gerações. Devemos ir com tudo para ganhar esta eleição.
Vote pelo Partido Trabalhista! Lute pelo socialismo!
Os críticos de Jeremy Corbyn da direita do Partido Trabalhista foram em grande parte silenciados. Atualmente, estão escondendo as cabeças. Mas, por trás do cenário, não desistiram de seus planos de remover Corbyn e trazer o Blairismo de volta.
Simon Heffer, escrevendo no Sunday Telegraph, revelou recentemente que os antigos Blairistas estavam juntando apoio e dinheiro para organizar os parlamentares trabalhistas de direita como um partido separado no parlamento, ou até mesmo para uma cisão. O próprio Tony Blair já sugeriu que vai liderá-lo. “A ruptura virá, e será ainda mais sísmica do que a formação do Partido Socialdemocrata em 1981”, afirma Heffer. “Mas terá que ser logo, se um partido reformado e moderado quiser ter qualquer chance de ser digno de confiança em 2022”.
O que quer que aconteça em 8 de junho, temos assuntos pendentes para eliminar os carreiristas Blairistas e para transformar o Partido Trabalhista em um verdadeiro partido socialista.
Precisamos aprender as lições do passado. Se estamos caminhando para superar a sabotagem que um governo Trabalhista vai enfrentar e gerar os recursos necessários para realizar plenamente o programa Trabalhista, precisamos dar um fim a esta economia capitalista manipulada.
Não se pode planificar o que não se controla e não se pode controlar o que não se possui. Um governo Trabalhista deve se apossar do alto comando da economia, dos maiores monopólios e bancos, sob o controle e a gestão dos trabalhadores. Não devemos indenizar esses parasitas que nos sangraram. Devemos introduzir um plano socialista de produção que vai elevar os níveis de vida e gerar a riqueza que vai pagar as reformas necessárias. Não há outro caminho para os trabalhadores e jovens da Grã-Bretanha.
Tal transformação socialista seria um farol para os trabalhadores de todas as partes seguir o exemplo.
Enquanto isto, devemos intensificar a campanha contra os Tories, mobilizando e organizando a força de todo o movimento de Corbyn para dar um golpe mortal em May e em seu governo de bilionários.
Dê um pontapé nos Tories!
Vote Trabalhista!
Lute pelo socialismo!
Artigo publicado em 22 de maio de 2017, no site da Corrente Marxista Internacional (CMI), sob o título “Britain: Tories in retreat – All-out for a Corbyn victory!”.
Tradução de Fabiano Leite.