No último sábado (29), Carla Zambelli sacou uma arma e correu atrás do jornalista Luan Araújo, na região dos Jardins, em São Paulo, após uma discussão. O caso repercutiu em diversos jornais e redes sociais após ter circulado um vídeo da deputada bolsonarista empunhando uma arma em via pública apontando-a para o jornalista negro, ameaçando-o e gritando: “Deita no chão”.
Zambelli, no mesmo dia do ocorrido, gravou um vídeo que foi publicado em suas redes sociais, em que afirma ter sido agredida, inclusive mostrando o ferimento do joelho por debaixo da calça. Porém, um outro vídeo, gravado por pessoas que presenciaram o fato, mostra que Zambelli havia tropeçado e caído no chão, e não agredida pelo jornalista, como ela afirma.
A deputada, além de mentir, nas vésperas do segundo turno das eleições, de forma a corroborar com o ódio antipetista, faz uma fala de conotação racista quando afirma no vídeo gravado: “Me empurraram no chão. Um homem negro. Usaram um negro para vir em cima de mim”, e deixa implícito a ideia de que uma pessoa negra seria uma ameaça por simplesmente existir!
Ainda tentando se fazer de vítima de violência contra a mulher, Zambelli além de mentir a respeito das agressões físicas, divulga um vídeo de apoiadoras do Bolsonaro que afirmam que a deputada estava agindo em sua defesa. O fato é que a luta de classes divide as mulheres por classes sociais e posicionamento político de seus interesses. Enquanto Bolsonaro falava que havia “pintado um clima” com meninas de 14 anos, ou enquanto Damares dizia sobre mutilação de órgãos e regimes alimentares para abuso de crianças, as bolsonaristas estavam em silêncio. E, agora, com base em acusações falsas, justificam a ameaça à vida e até a possível execução de um homem negro como se houvesse uma suposta ideia de “sororidade” e unidade feminina.
Fica evidente, neste episódio, que cada vez mais será necessário enfrentar a extrema-direita com os métodos tradicionais da classe operária, de organização e autodefesa, e os elementos levantados sobre a moral deverão ser analisados do ponto de vista da classe trabalhadora. Em outras palavras, não deve haver espanto sobre a arma de Zambelli, pois esse é o método tradicional da reação, que inclui o silenciamento e execução da oposição. O caso também não reflete a luta do ódio contra o amor, ou vice-versa, mas reflete a luta de classes, por isso a ideia do que é ou não violento só pode ser orientado sob esse prisma.
O segurança da deputada bolsonarista foi preso em flagrante na madrugada do dia 30, após disparar um tiro na rua durante a perseguição contra o jornalista, porém, logo após o pagamento de fiança, segundo notícia do Estadão, foi solto. Enquanto isso, o PT e a Rede protocolaram pedidos para que Zambelli perca o mandato, o que inclui a citação de atos contrários ao decoro parlamentar. Zambelli não foi presa, pois a Secretaria de Segurança Pública, à Folha de S.Paulo, afirmou que a deputada foi liberada em seguida ao ocorrido por não infringir a lei eleitoral.
Nenhuma ilusão deve haver na democracia e justiça burguesas que protege a burguesia, seus aliados e seus representantes e, ao mesmo tempo, criminaliza os trabalhadores negros. A defesa da democracia deve ser a da democracia dos trabalhadores, sem aliança com os banqueiros e o sistema financeiro, única capaz de punir os verdadeiros culpados pela crise, pelas mortes de Covid, pelo racismo e machismo, e todo o sofrimento causado por esse sistema.
- Cassação e prisão para Zambelli já!
- Por uma verdadeira democracia dos trabalhadores!