Por Luís Felipe! Por todos os trabalhadores! Pela Vida Além do Trabalho!

Um jovem chamado Luís Felipe tirou a própria vida após ser demitido de uma unidade da empresa Mercado Livre em Cajamar, região metropolitana de São Paulo, no dia 19 de fevereiro. Colegas de trabalho relatam que o jovem era um trabalhador extremamente dedicado e o próprio Luís Felipe postou nas redes sociais sua satisfação em trabalhar para a empresa:

“O Mercado Livre é a maior e melhor oportunidade profissional da minha vida, e eu posso provar… No meu primeiro mês fui destaque em ‘horas efetivas’ e o reconhecimento veio de uma forma extraordinária com esse presentão da K., minha líder.”

Detalhe, na foto, ele está exibindo uma barra de chocolate…Mesmo com tanto empenho e dedicação, ele e vários colegas de equipe foram chamados ao RH da empresa para receber o comunicado de demissão. Testemunhas dizem que ele começou a gritar: “Não é possível, aqui é minha vida, vocês não podem me desligar assim…”, e então se jogou do primeiro andar.

O suicídio chocou a cidade e a notícia veiculada pelo jornal Destaque Regional recebeu quase dois mil comentários no Instagram, com centenas de relatos de trabalhadores e ex-trabalhadores do Mercado Livre e outras empresas de logística denunciando a tremenda pressão psicológica que é exercida nesses centros de distribuição e o esgotamento físico e mental a que estão submetidos.

Mas, como diz a música Construção de Chico Buarque, parece que Luís Felipe “morreu na contramão, atrapalhando o tráfego”, afinal, veja o que disse uma trabalhadora: “sou funcionária de lá e ele era da minha equipe. Ainda escutar de líderes depois de todo o ocorrido ‘isso não é problema seu, se preocupa com a sua produtividade agora’. Ainda restam dúvidas que somos apenas números?”. Não, não restam dúvidas.

Evidentemente que o suicídio não pode ser explicado por uma única razão, mas com certeza as condições extenuantes e estressantes de trabalho e o assédio contínuo pelo atingimento de metas colaboraram para o adoecimento e o sofrimento psíquico do jovem, ao ponto de ele reagir como reagiu quando recebeu o comunicado de desligamento.

E o que esse fato extremo levado a cabo por Luís Felipe revela é a desumana relação de trabalho que milhões de trabalhadores estão submetidos todos os dias pelo país afora.

Jornadas de trabalho de 44 horas semanais ou mais, escalas de trabalho 6×1 ou piores, ritmo intenso e sem pausas, muitas vezes nem para almoçar ou ir ao banheiro, pressões de todo tipo para o atingimento de metas e uma série de outras barbaridades são o dia a dia de todos os trabalhadores.

Por isso, apoiamos a luta levada à frente pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), cuja principal reivindicação é o fim da escala 6×1, mas que a partir dessa bandeira, levanta uma série de demandas para melhorar a vida dos trabalhadores e tem denunciado essas condições de trabalho absurdas que só visam o lucro das empresas, em detrimento da vida dos trabalhadores.

É necessário transformar a indignação que existe contra esse sistema de exploração em organização e luta. Somente com a unidade e mobilização de todos os explorados, poderemos encerrar esse período histórico cruel e abrir caminho para uma nova sociedade. Cada vez mais, milhares de jovens e trabalhadores percebem que mudar o mundo não é uma utopia e sim uma necessidade, a questão é: como alcançar a emancipação?

Não existe uma resposta fácil para essa pergunta e os trabalhadores não a encontrarão pesquisando no google ou em plataformas de inteligência artificial. Mas, existem meios para levar a luta adiante e fortalecê-la e lições que podemos aprender com a história da luta de classes.

O comunismo é a ciência que melhor exprime a experiência teórica e prática acumulada pelas gerações de trabalhadores em luta pela emancipação e o partido comunista é a principal arma nessa batalha. É hora de construir esse partido aqui no Brasil e em escala internacional!

Então, por Luís Felipe, por todos os trabalhadores, se você é comunista, junte-se à OCI e à Corrente Marxista Internacional!