Por que o leilão do 5G não trará tecnologia acessível a todos os trabalhadores?

Os problemas enfrentados pelos trabalhadores de telecomunicações são apenas uma parte dos elementos que escancaram as desigualdades do sistema capitalista. Apesar dos lucros e da recente revolução tecnológica que representa o 5G, a internet continua sendo um produto controlado exclusivamente pela burguesia para sua obtenção de lucro. Como explicamos no texto sobre Criptografia, a tecnologia é direcionada conforme a classe dominante precisa dela.

Mesmo com todas as medidas de restrição impostas por conta do coronavírus, desprezadas de maneira criminosa pelo governo Bolsonaro, o mesmo vetou o projeto de lei que destinava R$ 3,5 bilhões para garantir internet gratuita em escolas públicas, deixando de beneficiar 18 milhões de estudantes com famílias inscritas no cadastro único de programas sociais. A velha desculpa de que não há dinheiro foi utilizada ao mesmo tempo em que trilhões de reais foram destinados para capitalistas de diversas formas diferentes, desde o pagamento de juros da dívida pública até a venda por valores irrisórios de empresas públicas.

Enquanto o governo federal teve um gasto de R$ 166,9 bilhões com o pagamento do auxílio emergencial, os 42 únicos bilionários do país engordaram suas riquezas em R$ 180 bilhões, em total contraste com os 14,4 milhões de brasileiros desempregados, conforme dados referentes ao segundo semestre de 2021, e outros 40 milhões jogados na informalidade. O PIB dos serviços do agronegócio brasileiro cresceu 20,93% em 2020, entrando em contraste com os 19 milhões de famintos no país.

Seguindo a mesma realidade contraditória, no setor de comunicação e tecnologia, a Telefônica Brasil teve um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão e em 2020, uma alta de 25,5% em relação à 2019. A empresa, que é controladora da Vivo, teve um lucro de R$ 1,32 bilhão no terceiro trimestre de 2021, um crescimento de 8,77%. Após lucrar R$1 bilhão no segundo trimestre de 2021, a Copel, que tem como maior acionista o governo do Paraná, continua sua política de lucros demitindo sua equipe de trabalhadores. A empresa, que já demitiu quase 2 mil funcionários nos últimos anos, anunciou um novo processo de demissões e uma economia de R$ 83,4 milhões por ano a partir de 2022.

Portanto, apesar dos lucros, as grandes empresas de telecomunicações continuam com sua política demissões, condições de trabalho precárias altamente exploradas em um período de pandemia e dívidas com trabalhadores terceirizados. Apesar dessa situação, os sindicatos, atrelados ao Estado burguês até a medula, abandonam os trabalhadores e são incapazes de organizar qualquer combate sério. Não fazem nada de concreto contra a exploração dos trabalhadores, ou seja, não organizam greves, assembleias ou a luta contra o sistema capitalista, que mantém e aumenta a distância entre quem trabalha e quem expropria o trabalho.

A revolução tecnológica que representaria o 5G, em nada irá mudar as restrições da internet em áreas pobres, onde concentram a maioria dos trabalhadores. As operadoras continuam a procurar atender apenas as áreas nobres do país com maior poder aquisitivo, compartilhando seus benefícios com as prefeituras dos municípios. Segundo a Anatel, somente 60 municípios terão condições de utilizar o 5G, cujo preço do pacote está fora dos padrões dos trabalhadores que sofrem com a inflação galopante. Apesar da lei geral de antenas, que teoricamente busca desenvolver a infraestrutura de telecomunicações e expandir o acesso à Internet no país, a burguesia continua seus entraves burocráticos a fim de restringir o acesso do proletariado aos novos fenômenos das novas tecnologias por apenas buscar o lucro maior não importa como.

Os abismos da desigualdade estão cada vez mais expostos diante dos olhos dos trabalhadores. A crise na qual mergulha o capitalismo servirá de força para a busca por organizar a luta dos trabalhadores, contra os capitalistas. Só saindo desses sistemas poderemos utilizar as tecnologias para a emancipação de toda a humanidade. Por isso convidamos todos os trabalhadores de telecomunicações, e outras tecnologias, a se juntarem à Esquerda Marxista, para organizarmos essa mudança necessária na sociedade, mundialmente.