Carlo Caiado (E) e Rodrigo Bacellar foram eleitos para a presidência da Câmara do RJ e Alerj com apoio do PT e PSOL / Imagens: Tomaz Silva,Agência Brasil e Alerj

PT e PSOL se unem a bolsonaristas na Alerj e Câmara do Rio de Janeiro

Para comandar a Câmara de Vereadores do município do Rio de Janeiro e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a Alerj, os parlamentares elegeram os presidentes Carlo Caiado (PSD) e Rodrigo Bacellar (UNIÃO) respectivamente. PT e PSOL abriram mão de se apresentarem como alternativa de oposição e votaram a favor dos candidatos indicados pelo prefeito e governador. Episódios como esse explicam como o PT se degenerou ao longo da história. Será que vai sobrar alguma coisa do PSOL?

Na Câmara de Vereadores, foi eleito Carlo Caiado, primo do governador de Goiás Ronaldo Caiado (UNIÃO), um dos dirigentes mais reacionários dos ruralistas desde os anos 1980 e que hoje se apresenta como pré-candidato a presidente em 2026, disputando a direção do movimento bolsonarista. A família Caiado está no poder desde o Brasil Colônia na defesa do trabalho escravo e sustentação da ditadura militar. 

Carlo Caiado foi o mesmo presidente da Câmara que comandou, no final de 2024, o ataque aos direitos dos profissionais de educação diante de uma vibrante greve. Na época, os parlamentares que votaram a favor do projeto foram chamados de “inimigos da educação” pelo Sepe, incluindo dois vereadores do PT. A bancada do PT e do PSOL na Câmara, junto com a bancada bolsonarista, votaram por unanimidade para que Caiado, fiel defensor da política de Eduardo Paes (PSD), siga comandando a Câmara do Rio.

Os vereadores do PT e PSOL que estiveram presentes no momento da eleição do presidente foram: Tainá de Paula (PT, assumiu uma secretaria no governo Paes); Felipe Pires (PT); Leonel de Esquerda (PT); Maíra do MST (PT); Niquinho (PT); Mônica Benício (PSOL); Rick Azevedo (PSOL); Thais Ferreira (PSOL) e William Siri (PSOL).

Para comandar a Alerj, o atual governador Cláudio Castro (PL) indicou a reeleição de Rodrigo Bacellar, do União Brasil. Recordemos que durante o seu governo ocorreram três das cinco maiores chacinas da história do RJ. Ele também enfrentou greves dos profissionais da educação pelo pagamento do piso salarial e privatizou empresas como a Cedae (água e esgoto).

Essa foi a primeira vez na história da Alerj em que um presidente foi eleito por unanimidade (70 a 0), contando com o voto de bolsonaristas, do PT e do PSOL, que abriram mão de se apresentar como alternativa de oposição.

Deputados estaduais do PT e PSOL no RJ: Carla Machado (PT); Elika Takimoto (PT); Marina do MST (PT); Renato Machado (PT); Verônica Lima (PT); Zeidan (PT); Dani Monteiro (PSOL); Flavio Serafini (PSOL); Prof Josemar (PSOL); Renata Souza (PSOL) e Yuri (PSOL).

A direção do PSOL tenta se justificar por participar dessas chapas porque não quer abrir mão de parte da representação proporcional do PSOL, ou seja, quer garantir espaços em comissões permanentes do Parlamento. Até parlamentares de correntes da esquerda do PSOL, como o Movimento Esquerda Socialista (MES), fizeram parte da votação favorável. Mas o deputado federal Glauber Braga (PSOL) criticou esse erro grave da maioria do partido e Milton Temer afirmou nas redes sociais que essa participação do PSOL interessa apenas quem quer garantir cargos e acomodar cabos eleitorais. 

Mais uma vez o PSOL se rende às pressões do Parlamento num acordo que a burguesia quer, ou seja, posicionar o PSOL como um partido do sistema. A maioria do PSOL vai ter que explicar o “sectarismo” da sua bancada na Câmara Municipal de São Paulo, que não votou no candidato de Tarcísio (Republicanos); e na Câmara Federal a bancada do PSOL também não votou com PT e PL em Hugo Mota (Republicanos).

É compreensível que bolsonaristas votem a favor de Carlo Caiado e Rodrigo Bacellar, indicados por Eduardo Paes e Cláudio Castro. Afinal, todos eles compõem as forças de direita. Forças políticas da exploração e opressão do capital sobre a classe trabalhadora. Todos eles são políticos de partidos da ordem comprometidos com o capital financeiro internacional, privatizações de empresas públicas, inimigos da educação e saúde públicas e que respondem com repressão policial quando sindicatos e movimentos sociais se mobilizam. O incoerente é ver vereadores e deputados que dizem ser a voz dos trabalhadores no Parlamento votarem em políticos de direita.

A crise das organizações de esquerda se aprofunda através de traições como essa do PT e do PSOL. Começa com a perda de confiança na força dos trabalhadores. Um oportunismo de que a cretina disputa no Parlamento substitui a insolúvel luta entre as classes sociais. A tarefa hoje é a reconstrução de um partido de classe e revolucionário no Brasil.