Sábado (25/11) foi o segundo dia do Seminário Liberdade e Independência Sindical. Camaradas de várias regiões do país participaram dos debates, aprendendo sobre a história do sindicalismo mundial e brasileiro. Este encontro desempenhou um papel fundamental entre a militância marxista. Com ânimo, os participantes faziam suas intervenções cientes de que a tarefa dos revolucionários não se resume ao sindicalismo, mas consiste em ligar esse campo da luta de classes à preparação dos trabalhadores para uma revolução socialista.
[table id=8 /]Na parte da manhã, foi realizado um debate sobre a mesa “Panorama sindical mundial e o marxismo: Origem e estrutura do sindicato CLT”, apresentada na noite anterior por Serge Goulart. No início da tarde, falou o camarada da seção italiana da Corrente Marxista Internacional (CMI), “Sinistra, Classe, Rivoluzione”, Paolo Grassi. Sua contribuição abordou o tema “Itália, o sindicato fascista de Mussolini”. O último informe do dia foi realizado por Luiz Bicalho, com o tema “Origem da CUT, os sindicatos independentes e sua burocratização”.
O fascismo na Itália
Paolo começou sua intervenção falando da influência do sistema fascista nos sindicatos. No Brasil, inspirou Getúlio Vargas e atualmente ainda é responsável pela estrutura sindical. Outro exemplo latino de adesão à política sindical fascista aconteceu na Argentina, com Juan Perón.
Surgido na Itália, com Benito Mussolini, logo após a revolução dos bolcheviques na Rússia, o fascismo é resultado do ataque da burguesia à classe trabalhadora e do vácuo deixado pelas direções sindicais. Com sua política de concessões e forte repressão aos trabalhadores, Mussolini criou a “Carta Del Lavoro”, massacrando a organização sindical livre e independente.
O conhecimento da história é fundamental para que os mesmos erros não sejam cometidos. Ter uma direção atuante nas suas bases não é o suficiente, pois a estrutura sindical tutelada pelo Estado trata de corromper os trabalhadores e de reprimir pela força toda ação que fuja dos limites impostos pelo regime capitalista. Por isso, uma tarefa urgente da classe trabalhadora brasileira consiste em romper com as amarras estabelecidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), e estabelecer sindicatos livres, classistas e de base.
Militante marxista de Joinville, Maritania Camargo defendeu a necessidade do estudo e da preparação de todos os marxistas. Conhecer é o primeiro passo para combater a burocracia e adaptação das direções. É o conhecimento também que vai preparar os militantes para combater nas bases e de fato atuar pelo fim do sistema capitalista.
O surgimento da CUT
O Brasil, com Vargas, seguiu o caminho sindical do fascista Mussolini. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi criada pelos trabalhadores como instrumento de unidade, de organização. Contudo, assim como degenerou o Partido dos Trabalhadores (PT), a central se converteu nos dias de hoje em uma entidade semi-estatal com uma direção totalmente adaptada ao regime capitalista e burocratizada.
Os participantes do seminário discutiram a necessidade de os sindicatos se basearem em seus filiados, com total independência. Também reafirmou o combate pela formação de dirigentes comunistas. Esses devem entender não somente as necessidades econômicas da classe trabalhadora, mas também a relação direta com suas necessidades políticas históricas, que precisa apontar claramente para o fim do capitalismo. Uma das expressões concentradas dessa ideia é a de que os militantes da Esquerda Marxista não devem ser sindicalistas que têm atuação marxista, mas sim marxistas que desenvolvem um trabalho comunista dentro dos sindicatos.
Como resolução do evento, decidiu-se organizar um encontro nacional da classe trabalhadora para debater como redefinir a estrutura sindical atual. No passado, em meio a uma ascensão da luta de classes no Brasil, uma iniciativa semelhante fundou a CUT, que se propunha destruir a estrutura sindical varguista e erguer uma nova.
Novos e antigos desafios continuam colocados para o proletariado brasileiro, e os camaradas resgataram os princípios e as tarefas políticas para retomar o caminho apontado na década de 1980. Assim foi encerrado o segundo dia de seminário, com militantes mais preparados, animados e dispostos a impulsionar uma luta diária pela construção de sindicatos livres, classistas e de base.