Em 2019, quando os movimentos sacudiram de alto a baixo o planeta — desde os “coletes amarelos” na França até as “greves climáticas” (onde milhões de jovens, particularmente na Europa, saíram às ruas), a revolta em Hong Kong, as manifestações massivas no Líbano e no Irã, a revolução na Etiópia, as revoltas que sacudiram a América Latina, como no Equador, Colômbia e Chile — dissemos que uma onda revolucionária se erguia no planeta.
Agora tornamos a ver os contornos desta onda despontando no horizonte, com as manifestações antirracistas que sacudiram todo o edifício do Estado burguês dos EUA – principal potência imperialista do mundo – e que começaram a se espalhar pelo mundo. As manifestações na Europa, como se viu na TV na França, na Grã-Bretanha e em outros países, retomaram os laços com os movimentos do ano passado. No Líbano e no Chile novas manifestações aconteceram. E, no Brasil, manifestações antirracistas e anti-Bolsonaro tomaram as ruas.
O vírus e os lucros
Os jornais todos lamentam a recessão e a quebra da economia. Milhões de desempregados são jogados na rua da amargura no mundo inteiro. Milhões de trabalhadores são obrigados a trabalhar mesmo tendo pego a doença, que se espalha igual rastilho de pólvora nos bairros proletários de todo o planeta. Nos lugares em que estão sendo feitos testes, em todos os locais de trabalho que seguem funcionando (principalmente fábricas) percebe-se que é ali o principal meio de difusão do vírus.
A indústria alimentícia é uma das mais atingidas. O abate, corte e processamento da carne, principalmente, exigem métodos de trabalho com operários um ao lado do outro, sem nenhuma restrição de contato, e se um pega o vírus ele rapidamente é distribuído por quase todos os operários daquela planta.
Nos EUA, grandes plantas de processamento alimentício tiveram que fechar. A indústria reagiu, deixando de testar os funcionários e obrigando os trabalhadores doentes, até quando estão com febre, a trabalhar. A maioria, formada por migrantes ilegais, tem que obedecer ou ser deportado.
No Brasil, onde as fábricas são pequenas, vinculadas geralmente a uma única cidade pequena do interior, é da fábrica que surgem os contaminados que atingem a cidade inteira.
Enquanto isso, os lucros bancários aumentam. Um jornal dos EUA calculou que os bilionários de lá ganharam meio trilhão de dólares com a crise! Em todo o mundo, bilhões de dólares, euros, libras e ienes são emitidos para, principalmente, cobrir qualquer prejuízo futuro (futuro, vejam bem) dos bancos e para financiar as grandes empresas. Enquanto isso, os trabalhadores sofrem com o desemprego e a miséria.
É necessário um partido revolucionário mundial dos trabalhadores! É necessária uma internacional!
Em vários países do mundo, no ano passado, a necessidade de um partido revolucionário que tomasse o poder se colocou de forma candente. No Equador, o governo fugiu da capital (Quito) e a Confederação dos Indígenas ao invés de tomar o poder ordenou o refluxo. No Chile, vários “cabildos” abertos (assembleias populares) se formaram nos bairros, mas o Partido Comunista, o Partido Socialista e a Central Sindical se recusaram a centralizar esse movimento e acertaram com o governo a convocação de uma Assembleia Constituinte. Agora, novamente, a mesma questão se coloca.
Em Minneapolis, cidade onde começou a revolta, toda a polícia foi deslocada para a repressão às manifestações. Foram os comitês de bairro que agiram como deveria agir uma “polícia”: reprimiram os saques, acudiram os incêndios, os acidentes de trânsito. Mas esse movimento não foi centralizado nem no nível da cidade, quem dirá no nível de todo o país.
O Partido Democrata, um dos dois partidos burgueses do maior país imperialista do mundo e que dirige um grande número de cidades e estados, inclusive Minneapolis, Washington DC (a capital dos EUA) e Nova York, onde aconteceram as repressões mais brutais e onde a polícia é conhecida por suas práticas abertamente racistas, toma a iniciativa para “acalmar” o movimento.
No Congresso, Nancy Pelosi, a presidente da Câmara, aparece cinicamente ajoelhada quando apresenta um projeto de “reforma” da polícia. Em Minneapollis, os vereadores aprovam um projeto de “dissolução” da polícia, numa transição que vai demorar “um ano”! Dito de outra forma, vamos reformar ou “dissolver” a polícia, desde que no seu local seja colocada outra polícia também repressora.
Afinal, tanto nos EUA quanto no Brasil, além do racismo, a polícia é uma questão de classe social: quem ouve falar de burgueses morrendo debaixo das balas da polícia? Sempre são os proletários que apanham e morrem! No Brasil, nos EUA, na Europa, no mundo inteiro. A polícia é parte do Estado burguês, é o seu aparato repressor para impedir o proletariado de levantar a cabeça e dizer chega!
Mas é justamente isso que milhões no mundo estão dizendo. Vidas negras importam, vidas proletárias importam! Os marxistas explicam: racismo e capitalismo são duas faces da mesma moeda. Eles compõem uma equação social, uma trama social complexa para permitir que poucos milhares de burgueses explorem os bilhões de proletários do mundo inteiro. Os capitalistas, e os reformistas que são seus agentes no seio do movimento operário, querem impedir o choque e fazer pequenas alterações cosméticas para nada mudar.
Para acabar com isso tudo é preciso que os proletários se organizem em partidos e em uma internacional. Esse é o trabalho a que estão se dando os marxistas (comunistas) organizados na Corrente Marxista Internacional (CMI) no mundo inteiro. Junte-se à CMI, venha compor as fileiras da Esquerda Marxista e vamos juntos ajudar os proletários a varrer este velho mundo e construir o socialismo.