100 edições de luta pela revolução socialista

Em sua centésima edição, o jornal Foice&Martelo retrata o combate pelas ideias marxistas diante dos acontecimentos e das experiências dos trabalhadores no Brasil e no mundo.

Nascido em 1º de maio de 2013, o jornal Foice&Martelo resulta de uma análise sobre o aprofundamento da crise econômica, da capitulação do governo Dilma, e do aumento de greves e mobilizações. Concluíamos a necessidade de um instrumento mais ágil e veloz para apreciação, orientação e diálogo com militantes, ativistas e trabalhadores, a partir das ideias do marxismo. Ainda em formato sulfite preto e vermelho, explicava sua vocação: “Um novo boletim para uma nova situação política, onde a crise mundial do capitalismo se aprofunda e chega ao Brasil”.

Na edição 8, de 13 de junho, o que era uma probabilidade encontrava sua materialização nas manifestações que passavam a ocorrer contra os reajustes das tarifas de ônibus e metrô. Em 27 de junho, a publicação 10 explicava que “O movimento das ruas escancarou o que vinha como corrente subterrânea. (…) tudo isso engrossou o caldo que se transformou em revolta aberta.”

As contradições, desafios e rumos das Jornadas de Junho também foram alvos de balanço: “Os jovens gritavam nas ruas: ‘sem partido’. Verdade que o grito começou com provocadores de direita ou policiais infiltrados. Mas, por que pegou? Se olharmos a resposta que os partidos dão para o momento de agora, veremos que a juventude tem razão ao gritar que não quer nada disso” (F&M 13, 26 de junho).

Já em 2014, a edição 46 de 28 de maio apontava em sua manchete: “Greves de massa começam a entrar em cena”. E no número 55, de 26 de agosto, explicava: “O povo pediu saúde, transporte e educação”, com o subtítulo “E a resposta foi ‘Reforma Política’, ‘Constituinte’, mais privatização, rearmamento geral das polícias e muita, muita repressão. Afinal, para que serve a Reforma Política?”.

Diante da escalada de repressão, o F&M denunciou a perseguição aos lutadores sociais, combate em frente única expresso na edição 57 de 9 de setembro: “Proposta da EM agora é Projeto de Lei 7951/2014 – PL da Anistia”. Já em 21 de outubro, depois das eleições, o jornal 61 apresentou uma análise defendida apenas pelos marxistas na época: “Não existe onda conservadora no Brasil”. Logo após a vitória de Dilma Rousseff diante de Aécio Neves, seu número 62, de 29 de outubro, explicava: “Vitória de Dilma: última advertência ao PT”. E, com o estelionato eleitoral praticado pelo governo e apoiado pelo PT, a edição 65 de 11 de novembro afirmava: “É preciso uma Frente da Esquerda Unida”.

Para continuar junto aos lutadores da classe trabalhadora e da juventude, a edição 72 de 11 de maio de 2015 registra: “Esquerda Marxista rompe com o PT e luta por uma Frente de Esquerda Unida”. Em 28 de setembro, a edição 78 expressa: “Esquerda Marxista pede integração no PSOL”. Essa solicitação ainda está em aberto, pois a direção psolista ainda não tomou uma decisão. Contudo, isso não nos impediu de continuar a enfatizar que “A luta é pela abolição da ordem existente” (F&M 80, 14 de outubro).

A edição 86, de 29 de março de 2016, mostrava o conflito da burguesia com o governo, e os interesses dos trabalhadores: “Nossas conquistas estão sob fogo cruzado”, com o subtítulo “Burguesia une-se pelo impeachment do governo, mas ambos avançam contra liberdades democráticas, organizações populares, direitos sociais, serviços públicos e patrimônio nacional”. Com a queda de Dilma, o jornal F&M 89 de 2 de junho trazia a manchete: “Por novas Jornadas de Junho para derrubar Temer e o Congresso”. As eleições municipais de 2016 foram analisadas em artigo da edição 96 de 6 de outubro: “Eleições 2016: crise de legitimidade e um regime que desmorona”.

O Foice&Martelo também narrou o protagonismo de jovens contra as opressões. Em seu número 2, vemos o artigo “Pela retirada dos processos contra os 72 estudantes da USP! Educação Pública e Gratuita para todos em todos os níveis!”. Outro artigo, “São Paulo: Alckmin e Haddad juntos para aumentar a tarifa do transporte”, repercutia em 22 de maio de 2013 as mobilizações que iriam tomar o país no mês seguinte.

Já o número 83, de 3 de dezembro de 2015, enfatizava a coragem pioneira dos secundaristas: “Mais de 200 escolas ocupadas colocam Alckmin na parede”. Diante dos ataques do governo Temer, a edição 97 apresentava a palavra de ordem “Derrotar a PEC 241 e a Reforma do Ensino”. Quando ocupações de escolas despontaram pelo país como método de luta, o jornal 98 de 5 de novembro frisou a necessidade de “Ganhar as massas para barrar os ataques do governo”.

As guerras, opressões e crises provocadas pelo capitalismo ao redor do mundo também foram pautas. Em seu número 5, de 22 de maio de 2013, o jornal apontava: “A luta dos trabalhadores sacode o mundo”. No número 16, de 16 de agosto de 2013: “Revolução e contrarrevolução no Egito”. Já em 19 de março de 2014, o jornal 38 destacava: “Na Venezuela, golpistas em ação e maus conselhos de Lula”. A violência contra as organizações de esquerda foi tema em 5 de junho de 2014, no F&M 47: “Ucrânia: Os fascistas não passarão! Solidariedade aos antifascistas na Ucrânia”. A publicação 52, de 22 de junho de 2014, destacava: “Não à guerra sionista contra o povo palestino!”.

Estas páginas também trouxeram conteúdos teóricos, entendendo ser esse outro campo de combate do proletariado. A edição número 1 explica as raízes históricas do próprio nome desta publicação. Foram vários outros temas tratados, como diversas revoluções, os 100 anos da Conferência de Zimmerwald, o esquerdismo e o oportunismo, as disputas entre marxismo e anarquismo na 1ª Internacional, a luta das mulheres pela revolução, o significado histórico das assembleias populares, e a dissolução da URSS e seus motivos. Também foram pautas biografias como as de Leon Trotsky, Friedrich Engels, Che Guevara, Steve Biko e Nelson Mandela.

Como apontado no artigo “A importância da imprensa revolucionária nos dias de hoje“, a trajetória das 100 edições do Foice&Martelo corresponde a uma concepção bolchevique de organização. Nosso objetivo consiste em unir em um todo indivisível o movimento do proletariado e as ideias bem definidas do marxismo revolucionário. Para isso, militantes de várias gerações, experiências e lugares esforçam-se para elaborar denúncias, análises, reflexões e teorizações diversas, produzir estas páginas, organizar sua distribuição, efetuar vendas, debater seus assuntos e garantir a existência autofinanciada da imprensa revolucionária nos dias de hoje.


Artigo publicado no jornal Foice&Martelo 100, de 8 de dezembro de 2016. Adquira com um militante da Esquerda Marxista, ou assine: http://migre.me/vzFCw