No nosso calendário, em 7 de Novembro completam-se 92 anos desde que os trabalhadores tomaram o poder na Rússia, sob direção do Partido Bolchevique.
Hoje, quando no Brasil o PT, o governo Lula e a maioria da direção da CUT, enveredaram-se para a prática da colaboração de classes, pregando um capitalismo de cara nova, controlado e menos selvagem, mais do que comemorar o 92º aniversário da Revolução Russa, é necessário resgatar os seus princípios e travar a batalha para colocá-los em prática.
Hoje, quando os esquerdistas aceleram o passo e buscam por sua própria via construir novas centrais e novos partidos, é necessário aprender com os ensinamentos do mais importante fato da história da humanidade: a Revolução Russa.
Trotsky, em seu livro “História da Revolução Russa” dizia:
“Nos primeiros meses de 1917 reinava na Rússia a dinastia dos Romanov. Oito meses depois estavam já no timão os bolcheviques, um partido ignorado por quase todo o mundo no início do ano e cujos chefes, no momento de subir ao poder, estavam sendo acusados de alta traição. A história não registra nenhuma mudança de direção tão radical, sobretudo se temos em conta que estamos diante de uma nação com cento e cinqüenta milhões de habitantes. É evidente que os acontecimentos de 1917 sejam quais forem o juízo que mereçam, são dignos de ser investigados”.
Para muitos pseudo-historiadores e críticos burgueses a Revolução Russa foi um golpe de estado, outros a explicam como derivada do ardil dos astutos conspiradores que manipulavam as mentes e corações de todo um povo.
Essas asneiras mitológicas beiram os limites da imbecilidade. Seus autores jamais se aventuram a explicar que os poderosos assensos das massas em fevereiro 1917 foram realizados com a mínima participação dos Bolcheviques.
Jamais se aventuram a explicar como que um partido, pequeno em Fevereiro, em Outubro de 1917 pode jogar um papel insubstituível na organização da tomada do poder.
Os charlatães nada explicam a esse respeito porque teriam de explicar que a Insurreição Armada só foi possível porque houve uma massiva participação das guarnições dos marinheiros, dos soldados, dos operários e camponeses. E isso nada tem que ver com golpes ou mentes matreiras de alguns dirigentes, mas sim com o salto qualitativo operado na consciência das massas.
Para que a revolução explodisse e o poder fosse tomado, foi necessário que as massas realizassem antes vários ensaios, foi necessário que elas rompessem com seu conservadorismo originado pela anestesia da burguesia, que mantinha a classe operária no mais alto grau de ignorância, atada aos pés das máquinas.
Para que a revolução ocorresse foi necessário que os camponeses pobres, rompessem com tradições e mitos herdados dos senhores feudais.
Trotsky já em 1905 escrevia que a revolução começava em um país, desenvolvia-se e tomava forma nesse país, mas que só seria vitoriosa e mantida se fosse desenvolvida e realizada em escala internacional, ou pelo menos nos principais países capitalistas.
Lênin, também internacionalista, desde cedo compreendeu que a classe operária só poderia ir adiante, se queimasse várias e sucessivas etapas, realizando sua experiência com os liberais e com os reformistas, mas sempre realizando alianças com os explorados e oprimidos, jamais se subordinando à opressora burguesia.
Lênin defendeu e construiu um edifício consciente e poderoso de homens e mulheres que voluntariamente se associavam não a um ou outro líder, mas sim a um programa, aos métodos e princípios do marxismo, ao socialismo científico de Marx e Engels, a um partido no qual, muitas e seguidas vezes Lênin ficou em minoria, respirando as polêmicas que certamente jamais eram adocicadas e embaladas no calor dos cafés ou cabarés parisienses ou de Nova York.
Durante longos anos as massas russas buscaram a via mais econômica, agarraram-se nas suas direções e partidos tradicionais que delas exigiam paciência e compreensão, lhes explicando os perigos de assaltar aos céus, empurrando-as para a via da conciliação e da passividade.
O método dos bolcheviques tratou sempre de fazer com que as massas vivessem e rompessem suas ilusões nesses dirigentes e partidos tradicionais, ora exigindo destes partidos que colocassem para fora do governo os ministros burgueses, ora golpeando na direção de que tomassem o poder. Era necessário sempre realizar a mais ampla unidade das massas.
Em Fevereiro de 1917 os Mencheviques e os Socialistas-Revolucionários eram ainda ampla maioria no movimento operário e camponês. Em Abril, Lênin formula a necessidade da ofensiva para tomar o poder (Teses de Abril), em Junho defende um recuo para evitar o golpe sangrento da reação, em Outubro de 1917 lança a palavra de ordem de “todo poder ao sovietes”. E só fez isso quando a maioria dos conselhos passou para a revolução e abertamente rompeu com seus dirigentes e partidos tradicionais.
Com a tomada do poder, inicia-se a difícil fase de reconstrução e planificação, sempre enfrentando a guerra civil e os exércitos dos mais poderosos países imperialistas e logo se enfrenta com as novas camadas de dirigentes que jamais haviam lutado, e que sob o comando do stalinismo, vão reintroduzindo as velhas teses do “socialismo em um só país” e da colaboração de classes; Teses combatidas por Lênin e depois pela Oposição de Esquerda, dirigida por Trotsky.
Leia mais sobre a Revolução Russa e o Legado de Trotsky na edição nº 25 do Jornal Luta de Classes.