Após a greve da construção civil, está claro que o momento é propício para a mobilização. É preciso combater os ataques em andamento e conquistar questões importantes como a redução da jornada de trabalho. A vitória passa pela direção da CUT se mexer.
Depois da posse do governo Dilma-Temer, a CUT vem tentando se reorganizar com o intuito de preparar a sua estratégia para superar os desafios postos para o conjunto dos trabalhadores. Há uma aparente calma em “céu de brigadeiro”.
Nos primeiros 100 dias de governo Dilma-Temer ocorreram episódios que mostram que o governo pode ser novo, mas a política continua velha. Isso ficou explícito no tratamento que as centrais sindicais tiveram por parte do próprio governo na discussão do reajuste do salário mínimo, traindo o compromisso do Pacaembu, deixando claro, em particular à CUT e ao PT, que não se pode confiar em um governo de coalizão com a burguesia.
O enfrentamento com este governo está dado e provocado por ele mesmo quando de saída corta do orçamento 52 bilhões de reais em investimentos públicos, ou seja, setores importantes para a população como: saúde, educação, salários dos servidores que vão sofrer os impactos dessa política de austeridade.
A crise iniciada em 2008 retoma o seu curso de forma mais feroz. Quebrou a Grécia, depois Islândia, agora Portugal, depois virá Espanha. Haverá dinheiro para bancar as quebradeiras? Obviamente que não! Na Europa, EUA e Japão continua a recessão, o desemprego está em alta, a burguesia tem que cortar as conquistas operárias e dos serviços públicos. Para continuar acumulando e sobreviver o imperialismo bombardeia a Líbia, massacra seu povo e ameaça a revolução dos povos árabes. Desemprego e destruição é o que o imperialismo pode oferecer à humanidade.
No Brasil mais de 170 mil trabalhadores da construção civil (segundo o DIEESE) realizam a maior greve por categoria da história do Brasil desde as greves do ABC na época da ditadura, obrigando a CUT, governo e construtoras a se mexerem para atender as reivindicações. O recado está dado. Quando os setores mais desorganizados se colocam em movimento e de maneira unida, quando a retaguarda se coloca em ação, grandes acontecimentos se anunciam na luta de classes. Aqueles que pensavam que a classe operária estava derrotada, que ela inclusive havia deixado de existir, estão vendo na prática a sua resposta nos países árabes, na França, em Portugal, na Itália, abrindo a via para a greve geral em toda Europa e até na Bolívia de Evo Morales, onde a COB decretou greve geral por tempo indeterminado contra o governo.
Na última reunião da CUT, nos dias 24 e 25 de Março de 2011 em Brasília, um debate foi feito sobre a reforma tributária. Um representante do governo veio defender a necessidade da desoneração da folha de pagamentos das empresas, alegava que a carga de tributos hoje praticada no Brasil serve de desculpas para os empresários não contratarem mais trabalhadores. Lógico que todos os dirigentes cutistas justamente se posicionaram contrários à desoneração que joga em defesa das empresas.
Primeiro Jirau e Santo Antonio, agora vêm os professores, os metalúrgicos: cabe à direção majoritária do movimento operário chamar os trabalhadores para se mobilizarem frente ao que está sendo anunciado; os sindicatos devem cobrar da direção da CUT e esta deve mobilizar nacionalmente para cobrar da Dilma o fim do fator previdenciário, a redução para 40 horas sem redução de salário, em defesa da previdência pública e de qualidade, contra a privatização da saúde.
A CUT não pode continuar em silêncio diante das 4 mil demissões de trabalhadores da construção civil em Jirau, não pode ficar inerte diante do massacre que as tropas da OTAN estão realizando contra o povo da Líbia. Deve reivindicar a imediata readmissão dos demitidos em Jirau e exigir o fim dos ataques estrangeiros contra a Líbia.