Nas últimas semanas, as tensões entre o Irã e o Ocidente chegaram ao ponto de ebulição. A imposição de severas sanções pelos EUA e seus aliados já se fazem sentir no Irã e ameaça paralisar sua economia.
Pelo fim das sanções e agressões imperialistas!
Paralelamente a essas sanções, manobras militares no Golfo de ambos os lados, testes de mísseis do Irã, assassinatos de cientistas iranianos, derrubada de avião não tripulado dos EUA enquanto sobrevoava o Irã, e uma contínua guerra de palavras estão ameaçando causar um choque armado entre Israel e os EUA, de um lado, e o Irã, de outro.
Os imperialistas ocidentais – os EUA, o Reino Unido e o Canadá, particularmente – se encarregaram de impor o isolamento econômico do Irã. O presidente dos EUA, Barack Obama, introduziu sanções às vésperas do Ano Novo, impondo a proibição de qualquer empresa de comercializar nos EUA se fizerem negócios com o banco central do Irã. Cortando o Irã dos importantes mercados de exportação, ameaçam estrangular uma economia centrada no setor petrolífero.
Ao lado destas medidas, os políticos apoiados pelo business no Ocidente lançaram uma campanha de histeria bélica na mídia sobre a suposta “ameaça” representada pelo Irã. Embora Obama ainda não tenha publicamente sugerido ações militares como opção, Dennis Ross, que serviu durante dois anos no Conselho de Segurança Nacional do presidente, argumentou que o presidente está desejoso de usar força militar para impedir que o Irã adquira armas nucleares.
A questão iraniana também deixou suas marcas nas recentes primárias republicanas. Todos os candidatos, à exceção de Ron Paul, exigiram ações militares contra o Irã. Embora não tenham se comprometido a enviar tropas para combates em terra, os candidatos republicanos exigiram um misto de operações encobertas e bombardeios sobre o Irã.
Em uma entrevista de rádio em Calgary, em cinco de janeiro, o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, disse que o Irã “é a maior ameaça mundial à paz e segurança internacional”. Como parceiro júnior do imperialismo dos EUA, o Canadá tem se deslocado para uma posição mais agressiva para fazer valer seus interesses econômicos em todo o mundo. A guerra no Afeganistão, o papel militar e político no Haiti e seu apoio ativo ao golpe militar contra Zelaya em Honduras são indicativos dessa posição.
A declaração de Harper é sugestiva por seu atrevimento. Com relação ao Irã, ele fez uma das mais hostis declarações em comparação a qualquer outro chefe de Estado dos países ocidentais. Esta campanha está criando a atmosfera para justificar a agressão, face à opinião pública ocidental que está ficando crescentemente cética e exausta frente às guerras.
Regimes oscilando à beira do abismo
Os aliados do Ocidente na região, como Israel e os Estados Árabes do Golfo, estão empurrando cada vez mais em direção a um conflito com o Irã. Estes regimes estão ameaçados pela crescente força regional do regime iraniano. Dado o fracasso da “Guerra ao Terror”, a influência do Irã aumentou dramaticamente no Líbano, Afeganistão e, em particular, no Iraque. O regime de Saddam antes agia para contrabalançar o Irã, mas com o colapso do exército iraquiano, a força do Irã cresceu. As forças de ocupação dos EUA no Iraque se tornaram, de certa forma, dependentes do envolvimento iraniano para manterem a estabilidade no Iraque.
Esta crescente força também deu espaço para o regime iraniano conduzir um programa nuclear que iria consolidar ainda mais sua posição na região. Israel e os Estados do Golfo estão desesperadamente buscando uma via militarista de pressionar os EUA para ajudar a conter a influência do Irã enquanto desenvolve suas próprias forças militares. Conter o poder regional do Irã e reafirmar o seu próprio, é um fator importante nas atuais tensões.
Por outro lado, estes regimes estão balançando sob a pressão da onda revolucionária no Oriente Médio, que ameaça seus próprios regimes. Arábia Saudita, Iêmen, Jordânia e Bahrein são extremamente instáveis no momento. A Arábia Saudita, aliada dos EUA, foi compelida a enviar forças militares para esmagar brutalmente os levantamentos em Bahrein. As considerações estratégicas dos Estados do Golfo, para manter o regime iraniano em cheque, os estão mergulhando em maiores agitações sociais. No caso de que uma guerra de agressão imperialista dos EUA e de Israel sobre o Irã venha a ocorrer, as massas árabes corretamente verão seus “líderes” em cumplicidade com os imperialistas. No contexto de uma continuada onda revolucionária na região, esta linha que os Estados do Golfo estão adotando é muito perigosa.
Durante o verão de 2011, até mesmo Israel deu testemunho de históricos protestos de massas da juventude e dos trabalhadores contra os cortes de austeridade e a elevação dos preços dos bens básicos e da habitação. A camarilha dominante está desesperada para desviar a raiva da desigualdade massiva na sociedade israelense e das medidas de austeridade impostas como resultado da crise do capitalismo. Foi significativo que 87% dos israelenses apoiassem o movimento de protesto que incluiu centenas de milhares protestando em Israel, com a federação de sindicatos Histradut ameaçando um dia de greve geral.
A classe capitalista israelense está sentindo a pressão em casa. Ao mesmo tempo, a força crescente do regime iraniano, o desenvolvimento do programa nuclear e as abertas provocações contra ele estão desafiando a posição dominante de Israel na região. Os políticos israelenses constantemente atacam as ambições nucleares do Irã, o que é uma posição totalmente hipócrita. Não é nenhum segredo que Israel detém um poderoso arsenal nuclear, enquanto exerce a mais agressiva política militar na região.
Tentando estimular o sentimento militarista e nacionalista que atravessa os movimentos de massa, o regime dominante tentou iniciar confrontos com os territórios ocupados da Palestina, Líbano e, agora, Irã. A ameaça externa está sendo utilizada para camuflar o inimigo real das massas israelenses em casa, a classe capitalista. Este artifício não será efetivo por muito tempo com a população que está se tornando insensível à demagogia sionista que prega “unidade nacional” diante de uma situação de massivas desigualdades de classe.
Legado da “Guerra ao Terror”
A maioria dos canadenses não tem estômago para a guerra, particularmente frente à completa bancarrota da suposta “guerra ao terror”. A pressão popular impediu o Canadá de entrar na invasão militar do Iraque. O Canadá foi envolvido na invasão e na brutal ocupação do Afeganistão sob o Partido Liberal de Paul Martin, e continuou a fazê-lo com os Conservadores de Stephen Harper. Isto aconteceu a despeito do fato de que a maioria dos canadenses se opunha à guerra.
Sentimentos similares prevalecem nos EUA, forçando Obama a retirar forças dos EUA do Iraque depois de muito hesitar. Os estadunidenses estão furiosos com as demissões, execuções de hipoteca e cortes de austeridade, enquanto mais de um trilhão de dólares foram gastos nestas guerras. A maioria dos estadunidenses não tem estômago para guerra, particularmente no momento em que os governos estão impondo restrição, austeridade e cortes salariais.
A histeria patriótica e a demonização racista do Oriente Médio que se seguiram aos ataques de 11 de Setembro de 2001, vêm gradualmente enfraquecendo na consciência pública. Além disto, as intenções reais da Guerra ao Terror estão começando a se tornar óbvias para muitos. Foram Wall Street e outras grandes empresas transnacionais os maiores vencedores no recente conflito. Os especuladores da guerra fizeram bilhões de dólares em lucros através do sofrimento humano em massa. Ao se retirar do Iraque, os EUA deixam a formidável riqueza petrolífera do Iraque nas mãos das corporações multinacionais do petróleo, como a Exxon (EUA), British Petroleum (Reino Unido), Shell Oil (Países Baixos e Reino Unido), Eni (Itália) e a Corporação Nacional de Petróleo da China.
Empresas de construção e exploração como a Halliburton (do ex-vice-presidente Dick Cheney) obtiveram lucrativos contratos de reconstrução do devastado Iraque. Fabricantes de armamentos também fizeram bilhões de dólares provendo armas de destruição em massa às forças armadas. No total, estimativas sugerem que o setor público dos EUA está pendurado em quase 1,3 trilhões de dólares em despesas de guerra.
Enquanto isto, essas corporações multinacionais se engajaram em feroz lobby para privatizar todos os recursos petrolíferos anteriormente nacionalizados do país. Este roubo descarado da riqueza petrolífera do Iraque pelas corporações ocidentais incluiu a manutenção de uma lei do regime de Saddam Hussein que bania sindicatos e que foi reforçada pelas forças de ocupação dos EUA. Esta lei foi invocada pelo atual governo para reprimir os esforços de organização dos trabalhadores do petróleo e os sindicatos em outros setores da economia.
A ilusão de que os exércitos imperialistas seriam uma força para o progresso, democracia e direitos humanos, foi destruída. No Afeganistão, um regime de déspotas militares, de traficantes de drogas e de elementos Talibãs vem mantendo as leis contra as mulheres, enquanto lucram no lucrativo comércio de ópio. O Iraque entrou na espiral dos conflitos étnicos e a própria guerra causou baixas civis estimadas entre 100.000 e 1.000.000. Este enorme sofrimento humano é produto da violenta e indiscriminada ocupação estrangeira e um fator da gigantesca destruição da infraestrutura, dos serviços, dos cuidados à saúde e do declínio do nível de vida das massas.
As ambições imperialistas do Ocidente ficaram profundamente expostas nos últimos dez anos. São as mesmas ambições que dirigem o atual conflito com o Irã, embora o atual conflito tenha caráter diverso daqueles no Iraque e no Afeganistão. A influência regional dos EUA foi enfraquecida e, dados a situação econômica e o humor em casa, é muito improvável que uma guerra em regra esteja em cogitação no presente momento. O Irã também é uma força muito mais formidável na região e uma ocupação estrangeira seria insustentável.
Contudo, está claro que os EUA, a Grã-Bretanha e o Canadá, e seus aliados regionais, estão preparando um conflito militar que envolveria bombardeio aéreo e operações encobertas. Isto não seria uma tarefa fácil e resultaria em instabilidade ainda maior na região e no mundo. Não devemos abrigar nenhuma ilusão nas supostas “intenções progressistas” de Obama, Harper, Cameron ou Netanyahu. O legado do imperialismo na região e a ampliação da crise econômica ameaçam arrastar a região ao conflito.
A crescente tensão e a imposição de sanções ao Irã, e as ameaças de intervenção militar pelo Ocidente, são alentadas pelo lucro e por considerações geopolíticas de manutenção do controle da região. Imperialistas, mãos fora do Irã!
O que acontecerá se as sanções forem executadas?
Naturalmente, muitas pessoas reagem com genuína repulsa em relação ao regime islâmico, e simpatizam com as vozes oposicionistas do Irã. Isto foi particularmente reforçado pelas imagens que inundaram suas televisões e pelas páginas web dos movimentos revolucionários de 2009 no Irã.
Enquanto a maioria das pessoas, com a memória da Guerra ao Terror fresca na mente, se opõe a um conflito militar no Irã, muitas delas alimentam ilusões na imposição de sanções ao Irã. Algumas pessoas com mente liberal ou de esquerda, que podem opor-se à guerra, acham as sanções um passo positivo para a intervenção contra o Irã. Isto é um erro.
Obama foi capaz de convencer a União Europeia e o Japão a aceitar as sanções contra o Irã. Infelizmente, sanções severas nem beneficiarão as massas iranianas nem ajudarão o povo a derrubar seu regime. Nós, como marxistas, não alimentamos nenhuma ilusão no reacionário regime islâmico. Mas as sanções internacionais e seu desenvolvimento a um possível conflito armado, somente servirão para fortalecer o regime iraniano, bloqueiam a luta de classes e agravam o já enorme sofrimento do povo.
De fato, este é o principal objetivo por trás das constantes provocações do regime iraniano contra Israel e os EUA. O regime está enredado em uma contradição. Embora não esteja interessado em um conflito armado, que causaria grandes danos, ele é forçado a continuar as provocações porque necessita de um inimigo externo para desviar a atenção das massas e para culpar pela situação do povo iraniano.
As sanções impostas ao Iraque depois da invasão de Saddam ao Kuwait em 1990, e que permaneceram em efeito até 2003, são ilustrativas deste ponto. As sanções devastaram as vidas da maioria dos iraquianos. A esperança e qualidade de vida declinaram com a propagação da desnutrição, da carência de suprimentos médicos, de água potável e de diversas doenças. A renda per capita média desceu de US$ 3,510 a US$ 450 em exatamente seis anos. Diretor da UNICEF estima que umas 500 mil crianças com menos de cinco anos de idade morreram como resultado das sanções, muitas vezes em consequência de doenças facilmente evitáveis. Isto serviu para fortalecer o regime de Saddam Hussein.
As sanções são um ato de agressão contra o povo iraniano, que já sofre sob o regime capitalista dos mulás. Agora mesmo, as sanções estão causando inflação massiva do Rial [moeda oficial do país] iraniano. Os bens importados subiram vertiginosamente nos custos, agravando ainda mais as empobrecidas condições de milhões. Quando as pressões sobre as exportações de petróleo se fizerem sentir, a economia iraniana será ainda mais comprimida, resultando em demissões temporárias em massa e no aumento do custo de vida. Isto servirá como uma distração conveniente para o regime iraniano, que enfrenta a perspectiva de massiva inquietação social, mas que agora pode apontar o Ocidente como causador das insuportáveis condições do povo.
É importante lembrar que os movimentos de massas em 2009 chegaram perto de derrubar o regime dos mulás. É uma verdade dizer que o movimento foi temporariamente derrotado, mas em seu rastro e em consequência dele, o regime iraniano foi lançado em uma crise política que levou a profundas divisões entre as facções rivais da camarilha dominante. Ao mesmo tempo, o regime instituiu sua própria forma de cortes de austeridade, através da eliminação de subsídios a bens básicos como alimentos e combustível. Estas medidas sozinhas são a garantia do renascimento do movimento numa fase posterior.
Contudo, as atuais sanções ajudam a atalhar e a enfraquecer qualquer movimento de massa no Irã. Elas são um beco sem saída que apenas serve para punir as massas. A classe dominante no Irã pode usar a conveniente ameaça de sanção e de agressão externa para canalizar a raiva para outro lado. O declinante padrão de vida do povo iraniano será visto justificadamente como culpa dos imperialistas, e fortaleceria o apelo do regime por “unidade nacional” contra a agressão externa.
Muitos iranianos se lembram da pilhagem de seus dois países vizinhos, o Iraque e o Afeganistão, e do papel do imperialismo em toda a região, especialmente no Irã. Eles reagirão à agressão que os ameaça. Nossos camaradas iranianos, organizados em torno do jornal Mobareze Tabagati, explicaram que a intervenção externa, inclusive as sanções, está agindo como salva vidas para o regime islâmico. Concretamente, portanto, estas medidas representam um enorme obstáculo para a democracia e para a luta pela igualdade no Irã.
Pelo fim das sanções contra o Irã!
O caminho revolucionário à democracia
Sanções e guerra não trazem nenhuma ajuda para se dar um fim às ditaduras brutais e à desigualdade gigantesca no Oriente Médio. A Guerra ao Terror apenas reforçou esta verdade com enorme custo humano e financeiro. As sanções são um beco sem saída que punem as massas e na verdade servem para fortalecer o regime do Irã.
Há outro caminho.
O ano de 2011 foi decisivamente ilustrativo disto. Luta revolucionária – a participação política direta da classe trabalhadora e da juventude – é a força mais poderosa para as mudanças sociais no Oriente Médio. As massas estão genuinamente interessadas em ganhar a democracia e em por um fim a desigualdade econômica naquelas sociedades. Elas são a única força que pode levar a região para frente.
Este é o polo oposto aos abutres imperialistas cujos objetivos são o lucro e o controle militar da região. No atual conflito com o Irã, a ideia que está sendo vendida é a de que há extrema necessidade de se conter a agressão iraniana e seu programa nuclear. Isto é completamente hipócrita, dados a brutal Guerra ao Terror e o enorme arsenal nuclear sob o controle dos governos ocidentais e de seus aliados israelenses.
O Ocidente também disfarça suas intervenções sob a suposta intenção de promover a democracia, como um meio para justificar suas intervenções e confundir o público. Isto nada mais é do que a cobertura de seus interesses financeiros e estratégicos na região. De fato, os governos dos EUA e de outros países imperialistas foram fortes defensores dos regimes ditatoriais de Mubarak e Ben Ali, no Egito e na Tunísia, respectivamente. Os EUA deram bilhões de dólares em ajuda militar ao Egito e deram apoio público às ditaduras egípcia e tunisiana. Continuam a dar apoio a outros regimes ditatoriais da região, da Arábia Saudita e aos xeques do Golfo. Mesmo depois da queda de Mubarak, os EUA continuaram a apoiar a ditadura militar e a proporcionar armas para reprimir os progressivos movimentos de massa. Não há uma pisca de honestidade na reivindicação dos imperialistas de desejarem “democracia” na região. Na verdade, a vontade livre e democrática dos povos é exatamente o que eles temem na região.
A única força na região que pode trazer democracia, estabilidade e paz ao Oriente Médio são a classe trabalhadora e as amplas massas. A intromissão imperialista, como ficou claro na última década, somente desestabilizará a região, minará os movimentos revolucionários no Oriente Médio e agravará as miseráveis condições dos povos da região.
O capitalismo é um beco sem saída
A crise capitalista mundial desde 2008 lançou a economia mundial no desequilíbrio. Medidas de brutal austeridade devastaram as massas trabalhadoras em toda a região, com a classe capitalista e seus “brilhantes” pensadores e conselheiros sendo completamente incapazes de solucionar a crise. Isto levou a elite dominante a saltar de uma crise política para a próxima. Esta resultante instabilidade política e social está criando as condições para uma investida cega no militarismo. Como os marxistas já explicaram antes, estamos entrando em um período de guerras, revoluções e contrarrevoluções.
Até mesmo The Economist, em suas previsões para 2012, fez uma dura advertência para esta mudança na situação política: “Militarismo, xenofobia e protecionismo permanecerão como opções sedutoras para qualquer político submetido à pressão. Este poderia ser um ano duro”. Com relação a isto, não há desacordo entre The Economist e os marxistas. Somos diferentes na medida em que insistimos que é a decadência do sistema capitalista o que está na raiz da crise. Até que este caótico sistema seja derrubado e substituído por outro baseado no controle livre e democrático dos recursos da sociedade, isto é, o socialismo, esta barbárie continuará e se tornará mais aguda.
Imperialismo e austeridade
O povo não tem estômago para outro ataque militar no Oriente Médio. O fracasso e o custo financeiro da Guerra ao Terror na última década reforçaram ainda mais o sentimento contra a guerra. Muitos estão irritados com os interesses das grandes empresas, que fizeram bilhões de dólares de lucros através da guerra, e que estão agora impondo austeridade em casa. Também está se tornando claro que nem a democracia nem os direitos humanos avançaram na região através da intervenção Ocidental.
Além disto, desde o início dos movimentos revolucionários iranianos em 2009 e das revoluções árabes de 2011, a hostilidade foi substituída pela simpatia e solidariedade. As pessoas dos países capitalistas avançados ficaram diretamente conectadas, através das televisões e da internet, aos anseios democráticos dos povos do Oriente Médio. A propaganda pró-imperialista no Ocidente está hoje sendo recebida com ceticismo pelo povo. As pessoas no Ocidente estão começando a ver através da fachada do humanitarismo, promovida pelos políticos pró-capitalistas, e entendem seu papel colaboracionista de apoio às ditaduras no Oriente Médio.
Este sentimento de solidariedade também serviu para energizar os trabalhadores e os jovens no Ocidente, exemplificado pelo movimento Occupy Wall Street e pelas lutas trabalhistas em Wisconsin. Os métodos usados na Praça Tahir foram adotados por centenas de milhares de jovens da América do Norte. Os sindicatos de Wisconsin compararam o governador de direita, Scott Walker, a Mubarak durante suas demonstrações de massa e ocupação do Capitólio do estado. A crescente opinião no Ocidente é que a revolução, não a guerra, é o caminho que se coloca à frente para o Oriente Médio. Depor seu próprio regime é tarefa das massas iranianas e não de mais ninguém.
Além do mais, em tempo de crise capitalista, onde pacotes de austeridade maciça estão sendo impostos à classe trabalhadora, a contradição do militarismo crescente está se tornando dolorosamente evidente. Como pode haver dinheiro para bons empregos, aposentadorias, expansão dos serviços públicos, moradias baratas e educação pós-secundária gratuita, enquanto bilhões de dólares estão sendo gastos em guerras e armamentos? Harper já prometeu 60 bilhões de dólares para a aquisição de jatos e navios de guerra. Ele já gastou bilhões de dólares na ocupação brutal do Afeganistão. Este dinheiro poderia ter sido gasto para atender as necessidades prementes dos trabalhadores e da juventude.
O trabalho organizado e o NDP, enquanto partido do trabalho do Canadá, devem tomar um papel de liderança na condenação do crescente militarismo contra o Irã. A hipocrisia da austeridade em um momento em que o Canadá expande seus gastos militares é clara. Devemos desafiar a agenda imperialista de Bay Street, e de seus amigos em Ottawa.
Devemos também estender a mão da solidariedade aos trabalhadores, aos estudantes e aos jovens iranianos que estão se levantando contra o regime dos mulás. A este respeito, devemos ficar firmemente contra as sanções, as quais somente levarão o povo iraniano a futuras privações, ao desemprego e à pobreza, enquanto fortalece o regime totalitário.
Contra as hostilidades imperialistas ao Irã! Pelo fim imediato das sanções!
Apoio aos trabalhadores e à juventude revolucionária do Irã!
Fundos de habitação, de educação e do acolhimento de crianças, e não às bombas e aos jatos!
Traduzido por: Fabiano Adalberto