A história da Corrente Marxista Internacional

Durantes os quatro dias da Universidade Marxistas Internacional 2020 os militantes da Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) estão empenhados em disponibilizar em nossa página breves relatos dos 16 temas tratados na Escola. O objetivo é estimular nossos leitores a aprofundar o conhecimento sobre nossas posições e a juntarem-se a nós na construção da CMI. Para sua localização procure pelo dia e o tema que deseja fazer a leitura.

O informe que trata da história da Corrente Marxista Internacional (CMI), apresentado no terceiro dia da Universidade Marxista Internacional (27/7), ficou a cargo de Fred Weston, da seção britânica da CMI e editor do site marxist.com.

Breve relato da história da CMI

A história da Corrente Marxista Internacional tem suas raízes na Oposição de Esquerda da terceira internacional dos anos 1930, que combatia a burocratização da União Soviética. Em 1934 um grupo de militantes trotskistas, incluindo Ted Grant e Ralph Lee, saíram da África do Sul com destino à Inglaterra. Pouco tempo depois foi fundado por esse grupo a Liga Internacional dos Trabalhadores (WIL na sigla em inglês).  Aqui surge o embrião do que hoje é a CMI.

Desde o seu surgimento, a Corrente precisou combater o sectarismo de diversos grupos que se reivindicavam do trotskismo, mas que na realidade desempenhavam uma política oportunista. Por este motivo, foi impedida de compor em 1938 a Quarta Internacional e, mesmo após um determinado período no pós-guerra ter sido aceita como seção da internacional, foi posteriormente expulsa.

Entre os anos de 1937 e 1938 três cartas redigidas e enviadas por Trotsky para Charles Sumner (à época, secretário da WIL) em que Trotsky entre outras coisas elogia a introdução feita por Ted Grant e Ralph Lee a sua brochura As lições da Espanha. Esta carta recentemente encontrada é a verdadeira certidão de nascimento política da Corrente.

Em 1941 o Partido Trabalhista da Inglaterra encontrava-se vazio em virtude de sua política de coalizão com os conservadores para a guerra. Já os marxistas da WIL realizavam um trabalho sério junto aos sindicatos e às organizações de juventude. Assim, após o término da Segunda Guerra Mundial a Liga Internacional dos Trabalhadores experimentou um grande crescimento. A Liga realmente dialogava com os trabalhadores e em 1944 já era o principal partido trotskista na Inglaterra, o que forçou a Quarta Internacional a reconhecer isso.

Logo depois, a WIL juntamente com outros grupos trotskistas fundaram o Partido Comunista Revolucionário (RCP, em inglês). 

Entretanto, o assassinato de Trotsky em 1940 representou um duro golpe ao movimento operário como um todo. Infelizmente, os dirigentes da Quarta não estiveram à altura das tarefas impostas pela história e cometeram uma série de equívocos políticos. O RCP foi capaz de se readaptar à nova situação em escala mundial depois de 1945.  

Nos anos de 1960 e 1970, organizando-se em torno do periódico The Militant, cuja tendência adotou o mesmo nome, a Corrente viveu um estupendo sucesso, tendo em seu ponto máximo cerca de 8 mil militantes e sendo considerada o quarto maior partido da Grã-Bretanha, ainda que não fossem de fato um partido.

Entretanto, mais uma vez tendo de combater a adaptação, o oportunismo e o sectarismo, em 1991 os membros da CMI foram expulsos da Tendência que ajudaram a criar.

Assim, em 1991 surgiu o que hoje é a Corrente Marxista Internacional. Sem deixar de lado as ideias do marxismo e tendo de, muitas vezes, nadar contra a corrente com um trabalho sério junto ao movimento operário e a juventude.

Ted Grant e a história da CMI

Impossível falar da história da CMI sem falar da história de Ted Grant, militante trotskista e teórico revolucionário. Ted reunia duas das principais qualidades de um revolucionário: o senso de proporção e o senso de humor.

A história de Ted e da CMI se confundem com a própria história do movimento operário no século 20 e 21, com a história do trotskismo, com o combate à burocracia stalinista e aos elementos sectários, oportunistas e ultraesquerdistas do movimento operário.

Somente dotado de senso de proporção e senso de humor, aliado com a fé inabalável na capacidade do movimento operário de pôr fim ao capitalismo, fundado nos princípios elementares do marxismo e sem se afastar do movimento operário foi possível enfrentar as diversas dificuldades que se colocaram pelo caminho. 

Corrente Marxista Internacional hoje

A Corrente Marxista Internacional experimentou um grande crescimento nas últimas décadas, desenvolvendo um trabalho teórico e sistemático junto ao movimento operário e a juventude e hoje está presente em mais de trinta países. Somos internacionalistas, pois o capitalismo não conhece fronteiras. Somente com um combate internacional pela revolução, e somente com uma revolução internacional será possível pôr fim a esse sistema.

Nenhuma organização política está imune ao sectarismo, esquerdismo e o oportunismo. Não há garantia. Entretanto, sabemos que para se manter firme na defesa dos princípios do marxismo é preciso de uma organização de quadros, formados na teoria marxista e enraizados no movimento operário. Durante toda sua história, os militantes da CMI demonstraram que, somente defendendo as ideias centrais do marxismo, com uma posição revolucionária e com uma perspectiva clara de que é a classe trabalhadora que mudará o mundo é possível construir uma organização revolucionária dos trabalhadores e juventude, condição essencial para revolução socialista.