Desde o surgimento desta nova crise do capitalismo, agravada pela pandemia da Covid-19, a classe trabalhadora tem amargado as consequências mais terríveis que a crise econômica tem trazido.
Em todo o mundo, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu drasticamente e a inflação cresce, com a desvalorização do câmbio; e o Brasil não está alheio a isso, inclusive foi o país onde o preço dos alimentos subiu mais rapidamente. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram o quanto a inflação afetou mais fortemente os produtos alimentícios, que, num período de 12 meses, tiveram um aumento de 15%, o que equivale a três vezes a inflação oficial do mesmo período1. As mais prejudicadas são as camadas mais empobrecidas da classe trabalhadora, cujo destino do salário ou da miséria oferecida pelo auxílio emergencial vai/ia para compra de alimentos. Tamires Belineli de Souza, que trabalha como recepcionista, relatou ao portal G1 a situação dramática em que vive2:
“Às vezes, deixo de comer alguma coisa para dar para a minha filha”
A auxiliar de limpeza, Manuela Leite Silva, explicou o impacto da inflação na sua vida ao Jornal Nacional: “Antes, sempre a gente comprava mais. Hoje, é sempre menos, porque realmente subiu bastante”3.
A autônoma, Ivonete da Silva, complementou:
“Ovo e uma mistura mais barata que a gente vai comprando e é isso… Até verduras e legumes a gente diminuiu. Já teve uma época em que a gente não deixava faltar nada em casa. A gente teve que entrar numa nova realidade”4
Considerando o cenário de crise – com alta taxa de desemprego, subemprego e informalidade – o que se espera é o aumento da fome e piora da questão nutricional, o que impacta a resistência imunológica, isso numa conjuntura de pandemia e do sistema de saúde em colapso.
Apesar de o Brasil ser um grande produtor de alimentos, com a alta do dólar e a desvalorização do real, a burguesia – em detrimento daqueles que produzem os alimentos e passam fome – opta pela exportação, em busca de lucros maiores, o que leva também ao aumento de preço no mercado interno. Assim, aumenta a insegurança alimentar e as massas caem na pobreza ou na extrema pobreza5. Segundo dados do IBGE, ainda antes da pandemia, em 2019, 13,5 milhões de brasileiros ultrapassaram a linha da extrema pobreza. Este é um número muito maior que toda população da Bélgica.
Esta população, além do mínimo necessário para se alimentar, está alijada de direitos mínimos, como acesso à água e esgoto tratados, moradia em condições dignas e salubres, saneamento básico, segurança em seus bairros etc.
Este cenário de fome vai se agravar com o fim ou redução do Auxílio Emergencial, pois o poder de compra cairá e muitos sequer já não têm o que comer, dependendo de doações. Em meio a isso, foi sugerido substituir o arroz por macarrão (se não tem arroz, que comam macarrão), o que nos remete à frase atribuída a Maria Antonieta: “Não tem pão? Que comam brioches!“. Isso mostra o desprezo da burguesia pela vida dos trabalhadores.
Dados mais recentes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal)6, abrangendo o impacto da pandemia na América Latina, mostraram que aumentaram as taxas de pobreza e extrema pobreza, atingindo a cifra de, respectivamente, 33,7% e 12,5% da população latino-americana. A tendência é de piora das condições de vida da classe trabalhadora. O sistema capitalista cada vez mais dá provas de sua incapacidade de assegurar o mínimo necessário à sobrevivência daqueles que ele explora e desumaniza. Suga-os como laranja até à última gota e, em momentos de crise como esta, os descarta: ficam à mercê do desemprego, da fome, da humilhação de receber um valor pífio de benefício ou nem isso.
A luta de classes se intensificará, como já vemos em alguns países, neste momento, pois sequer o básico é garantido. Para tanto, na luta por outro sistema social que assegure a dignidade à classe trabalhadora, os trabalhadores podem contar apenas consigo e com sua organização revolucionária, com vistas a suplantar o atual sistema rumo à revolução socialista. Porém, é fundamental, para que as massas saibam canalizar seu ódio para ódio de classe, que encontrem uma direção revolucionária que preveja as dificuldades e as soluções, para que os trabalhadores mudem, por suas próprias mãos, os rumos da sua história.
Não é desnecessário relembrar o que Lênin dizia: que a arma da classe trabalhadora está em sua organização. É isso que a burguesia tanto teme e por isso que busca inserir conciliadores de classe e reformistas, para arrefecer a luta de classes.
Por isso, convidamos você a conhecer e fazer parte da Esquerda Marxista, combatendo pelo fim deste sistema, que é incapaz de garantir que a classe trabalhadora se alimente para continuar viva. O que há posto diante de nós é ou o socialismo ou a barbárie; e, como nada temos, nada temos a perder!
Abaixo o governo Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
Pelo socialismo em todo o mundo!
Referências:
1 https://jornalggn.com.br/editoria/economia/precos-dos-alimentos-sobem-15-em-12-meses/
4 Ibid.