A luta contra o racismo deve ser uma luta anticapitalista  

A humilhação, a tristeza e o ódio causados em quem sofre discriminação em função da cor da sua pele é uma marca invisível, mas tão dura quanto a marca de ferro quente feita pelos antigos proprietários de escravos. A marca invisível a que nos referimos aqui, é aquela reforçada diariamente no sistema capitalista que se utiliza do racismo para manter seus pilares de sustentação em pé.

Os negros no Brasil encabeçam todos os rankings de miséria e exclusão possíveis, dentro do contingente da classe trabalhadora, o maior percentual de desempregados é de negros, os salários mais baixos são os dos negros, as piores funções são ocupadas por negros, são os negros os primeiros a abandonar a escola, são as mulheres negras que mais sofrem violência e evidentemente, é a população negra a mais reprimida, encarcerada e morta.

Diariamente casos de racismo saltam aos nossos olhos pelos meios de comunicação, alguns são televisionados, outros nem são mencionados, centenas de meninos negros sequer tem seus corpos identificados, crianças negras não podem brincar nos quintais nem nas calçadas, isso porque a bala perdida da arma da polícia invariavelmente encontra corpos negros na sua trajetória.

Já se tornou corriqueira a prática de alguns estabelecimentos comerciais de acusarem sem provas, homens e mulheres negros de furtos e roubos, expondo-os diariamente aos mais diversos tipos de humilhações e até morte. Só na última semana tivemos dois casos revoltantes tornados públicos. O primeiro aconteceu em um supermercado de Limeira onde um homem negro foi acusado de furto e teve que tirar as suas roupas na frente dos outros clientes para provar a sua inocência. A polícia não registrou o caso como injúria racial, mas como constrangimento. Essa é a postura da Polícia Militar que quando não mata os pobres com a sua força repressiva, usa seu poder para não criminalizar os racistas. O outro caso acorreu em São Paulo, quando um Cabo da PM acusou um jovem negro de ter furtado o seu celular e após uma discussão o PM matou o jovem com um tiro, posteriormente, o celular foi encontrado no carro do PM.

As duas situações juntamente com todos os outros casos de violência indiscriminada contra pobres e negros, fazem parte do quadro de barbárie instaurado há muito tempo no sistema capitalista. A burguesia está numa ofensiva desenfreada contra a classe trabalhadora e a polícia juntamente com o judiciário tem sido os executores institucionalizados dessa política que legitima o racismo no mundo; ser negro, é a justificativa a priori para um trabalhador ser sentenciado como bandido.

O Movimento Negro Socialista (MNS) denuncia e repudia qualquer caso de racismo, mas mais que isso, chama os jovens e trabalhadores para uma ação organizada que parte da compreensão de que não há como acabar com o racismo sem abolir a sociedade de classes. Nesse sentido, Felipe Araujo dirigente do MNS defende que:

“A luta hoje no Brasil é, portanto, uma luta por um governo dos trabalhadores, que organize em cada bairro, cada local de trabalho, cada universidade um comitê de luta que defenda a derrubada do governo Bolsonaro. Esse governo dos trabalhadores não pode ser feito por coletivos separados por identidade. É preciso um programa que uma toda classe, com reivindicações bem definidas, e que coloquem que combater Bolsonaro, a grande burguesia que nos explora e as forças repressivas que nos oprimem, é a única saída. Ou seja, é preciso um governo dos trabalhadores, sem Bolsonaro, sem patrões e sem generais, como defendemos na Esquerda Marxista.”

Por isso, há um ano o MNS lançou a campanha “Ser Negro Não é Crime!” que busca dialogar com a nossa classe no sentido de percebermos que a luta antirracista é indissociável do anticapitalismo, e como forma de dar continuidade a essa luta, o MNS promoverá uma atividade pública no próximo dia 25 de agosto às 19:30 pelas redes sociais para discutir a repressão do Estado e a luta contra a criminalização dos negros. Junte-se a nós nesse combate inadiável!

  • Ser negro não é crime!
  • Combater o racismo e o capitalismo!