Na última terça-feira (01/03) foi encontrado na região de Palhoça (SC) um bebê recém-nascido numa caixa de papelão com uma mamadeira e uma carta deixada pela mãe. Nesta, a mulher escreveu: “Por favor, cuidem dela. Não sou daqui de Palhoça, mas minha patroa me mandou embora depois que ganhei ela. Estou indo embora e não tenho condições de criar ela sozinha. Dêem ela pra alguém que vá cuidar bem dela e ter condições de criar ela. Ela nasceu ontem às seis horas da manhã…”
A carta, além de deixar explícito o desespero dessa mãe em ter que tomar a atitude de abandonar o filho pela falta de condições concretas para criá-lo, também revela o drama de muitas mulheres trabalhadoras em conseguir e/ou se manter no emprego quando são mães. Não há dó nem piedade no sistema capitalista quando se trata da venda de nossa força de trabalho para produzir mais e mais riquezas para os patrões. Mulheres-mães com frequência são rejeitadas em propostas e entrevistas de emprego sob a lógica de que com filhos a possibilidade de afastamentos para cuidado da criança se tornam ainda maiores e que, portanto, isso afetaria diretamente na sua capacidade de produção.
Eis a perspectiva do sistema capitalista: expõe e alimenta julgamentos sobre atitudes individuais mas, enquanto isso, mascara que a precariedade que gera tais atitudes é própria do seu sistema que expõe a classe trabalhadora à falta de perspectivas quando nega acesso a serviços básicos como os de saúde, educação, assistência social etc.
Para notícias como esta pararem de fazer parte do nosso cotidiano é preciso derrubar esse sistema. É na luta diária, ombro a ombro, com os homens e mulheres de nossa classe que poderemos abrir perspectiva de uma outra sociedade em que as decisões das mulheres trabalhadoras possam ser realmente escolhas e não falta de opções sobre como viver na barbárie.
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