Comandado por Guido Mantega, o novo governo se apresenta como um ‘governo de austeridade’. A palavra de ordem é corte de gastos e de investimentos, mesmo que ainda se confundam um pouco com a mudança de momento e das tarefas governamentais.
Em um comunicado, a Equipe Dilma de transição apresenta a parte do governo que importa (leia em dilma.com.br/noticias/nova-equipeeconomica-defende-austeridade).
Mantega reafirmou o que já havia anunciado no jornal Valor Econômico: “O corte de despesas afetará os investimentos públicos. Os projetos que ainda não saíram do papel podem ser postergados um pouco”. Mais adiante ele comunica que o Tesouro não vai mais financiar tão fartamente o Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES). Ou seja, o dinheiro está ficando curto e o crédito vai ficar mais caro.
A Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, fala em “melhorar a qualidade dos gastos e dos serviços prestados aos cidadãos”, o que todo mundo sabe o que é na linguagem dos “modernizadores privatistas”.
Já Tombini, indicado para presidir o Banco Central (BC), concentra-se no que é essencial para o “mercado” – leia-se: especuladores. O BC tem garantida sua autonomia para continuar sendo o instrumento essencial da especulação financeira e da farra com o dinheiro público. Por isso Tombini foi “muito bem recebido pelo mercado”, segundo os órgãos econômicos burgueses.
Mantega é ainda mais claro quando anuncia congelamento salarial para os servidores públicos e aposentados, além de arrocho no salário mínimo (o governo enviou projeto para o Congresso propondo R$ 538,50 para 2011 e fala em chegar a R$ 560,00). Hoje, o salário mínimo constitucional calculado pelo DIEESE é de R$ 2.132,00. Esta é a equipe econômica para a operação de corte na carne operária.
Dilma já declarou durante a campanha eleitoral que pretende “desonerar a folha de pagamento” das empresas, o que até morto sabe que significa corte de contribuições sociais e salariais patronais.
Uma Reforma da Previdência se prepara com objetivo de alongar o tempo de trabalho e dificultar as aposentadorias. Claro que ninguém levou muito a sério a declaração de Dilma de que vai “erradicar a pobreza em quatro anos”.
O Movimento Operário tem suas forças intactas e vai chocar-se com a política do Governo, apesar dos seus dirigentes
Mesmo apoiando o Governo, a CUT, como central operária, é obrigada a recusar publicamente o programa proposto por Dilma e sua equipe (ver a Resolução da Executiva Nacional da CUT). Se efetivamente a direção da CUT vai ou não se mover pelo que anuncia é outra questão e não se pode daí esperar muita coisa.
Mas o fato de que estabeleça um contraponto imediato ao que anuncia o governo tem uma enorme importância para o movimento operário e permite aos marxistas desenvolver uma ousada política de Frente Única em defesa da Previdência Pública e Solidária, pelo Fim do Fator Previdenciário, pela Revogação das Reformas da Previdência de FHC e de Lula, em defesa dos direitos, das conquistas e das reivindicações, em especial da jornada de trabalho de 40 horas semanais.
Ruptura com os Partidos Burgueses e o Imperialismo! Por um Governo Socialista dos Trabalhadores!
Vivemos uma situação de equilíbrio precário que pode ser rompido a qualquer momento por razões completamente fora do controle de qualquer um. É preciso explicar pacientemente aos trabalhadores e à juventude que a Defesa da Previdência Pública e Solidária, a luta pelo Fim do Fator Previdenciário, pela Revogação das Reformas da Previdência de FHC e de Lula, a defesa dos direitos, das conquistas, das reivindicações e da jornada de trabalho de 40 horas semanais exigirão uma enorme luta onde os trabalhadores só podem realmente contar com suas próprias forças, mobilização e organização.
E que nesta luta não poderão avançar contando com um governo que eles consideram seu, mas que de fato está a serviço do capitalismo e dos privilégios de classe da burguesia.
Por isso é de primeira importância para avançar na luta de nossa classe contra a classe dominante, que o PT se separe dos partidos da classe inimiga rompendo a coalizão com os partidos capitalistas e entre na via da ruptura com o imperialismo.
Só assim se pode iniciar de fato a Reforma Agrária, estatizar o Sistema Financeiro, reestatizar as empresas e serviços públicos privatizados, elevar os salários e garantir Previdência Pública e Solidária, Educação e Saúde públicas, gratuitas e de qualidade para todos. Esse é o caminho para construir um governo socialista dos trabalhadores.