Imagem: JCI USP

Acampamento na USP em defesa do povo palestino

Nesta terça, dia 7 de maio, a Universidade de São Paulo (USP) tornou-se palco de um importante movimento de solidariedade em defesa do povo palestino. Organizado a partir do Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino da USP, após reunião envolvendo 70 entidades estudantis e organizações políticas diversas, foi organizado um acampamento no vão do prédio dos cursos de história e geografia da FFLCH, faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, para denunciar o genocídio perpetrado pelo Estado sionista de Israel. 

O acampamento é claramente inspirado no movimento ocorrido em 60 universidades dos EUA, em apoio aos palestinos, que resultou em grande repressão, levando a 2 mil estudantes presos. Esse movimento demonstra uma grande disposição de combate no seio da juventude, mesmo no interior da maior potência imperialista do mundo e principal apoiador de Israel.  Nossa luta também é pela liberdade de todos os presos políticos e pela garantia de seu direito à livre manifestação. Nossos camaradas da seção norte-americana da Corrente Marxista Internacional (CMI) estiveram neste combate. O movimento já começa a espalhar-se para outros países, como Portugal e o Brasil, com participação dos militantes das seções da CMI.

No Brasil, o acampamento é ainda uma ação das organizações políticas e entidades estudantis, com alguns estudantes independentes, sem grande apoio da grande massa de estudantes que frequenta a universidade, demonstrando um estado de mobilização ainda muito distante daquele visto nos EUA. São cerca de 32 barracas, identificadas com bandeiras dessas organizações, inclusive da OCI. Há, porém, um forte espírito de frente única, uma compreensão de que estamos diante de uma luta comum – o fim do massacre -, a despeito de diferentes pontos de vista sobre como vencê-la.

O Comitê que convocou esta ação afirma que o objetivo é  “exigir um cessar-fogo imediato, a liberdade dos presos políticos palestinos (muitos deles crianças) e a imediata ruptura de relações diplomáticas, econômicas e acadêmicas com o regime de Apartheid e limpeza étnica de Israel”. Havia uma reunião marcada da Congregação da FFLCH, órgão colegiado de máxima deliberação da faculdade, para quinta-feira, dia 9, e os acampados planejaram fazer um ato político exigindo que a faculdade rompa todos os convênios que mantém com universidades israelenses. O diretor cancelou a reunião, em flagrante ato de covardia, diante da mobilização. O movimento deverá agora avaliar quais são os próximos passos.

A JCI-USP se soma à luta na exigência do governo Lula-Alckmin a ruptura das relações diplomáticas com o Estado de Israel. Também estamos de acordo com “exigir um cessar-fogo imediato, a liberdade dos presos políticos palestinos (muitos deles crianças)”. Mas a ruptura das relações acadêmicas levanta uma questão:  Qual o sentido de propor a ruptura total de relações com estudantes e professores dessas Universidades? Estão mesmo todos dentro das universidades em Israel alinhados com a política de massacre ao povo palestino? Temos certeza de que as coisas não se passam assim. Dentro do próprio Estado de Israel há cada vez mais vozes criticando esta política de massacre.

Para os militantes da JCI-USP e da OCI como um todo, não se trata de lutar para romper convênios acadêmicos com universidades. Nelas, o Estado está representado acima de tudo pelos instrumentos repressivos que garantem que o conhecimento seja produzido e apropriado em prol da exploração do proletariado e em favor do capitalismo e do imperialismo. Mas os trabalhadores e os jovens que nelas estudam não são o Estado e nem são, via de regra, a própria burguesia. Sabemos que em cada parte do mundo há jovens e trabalhadores que concluem que o sistema capitalista está podre e que empurra a sociedade em direção à barbárie. O centro de nosso combate deve ser traçar uma linha divisória, uma cada vez mais nítida fronteira de classe que ajude a romper o domínio da ideologia da classe dominante, do pensamento nacionalista, e deixar claro que em nada interessa aos trabalhadores e à juventude da classe trabalhadora israelense o massacre dos palestinos. É preciso se dirigir aos jovens e proletários de Israel demonstrando que os mesmos que massacram os palestinos vivem da exploração de seu trabalho.

Estamos contra qualquer acordo que envolva o apoio financeiro, político e militar ao massacre. Denunciamos a ação do governo Lula-Alckmin, que autorizou a compra de blindados israelenses, que além de dar cada vez maior poder bélico às forças repressivas do Estado brasileiro, fornecem mais dinheiro para o Estado de Israel. 

Nos colocamos em apoio a toda e qualquer medida prática que permita debilitar o poderio do Estado sionista de Israel e defender o direito de existência dos palestinos. Mas não há saída para a situação na Faixa de Gaza sem um verdadeiro movimento de massas, desde a Palestina, passando pela classe trabalhadora e juventude israelense e uma ampla mobilização em nível internacional. Se os jovens e trabalhadores de Israel ainda não conseguiram, em grande parte, se livrar da influência da ideologia de sua classe dominante, nos dirigimos a eles para explicar os verdadeiros motivos da sanha da burguesia de seu país e do imperialismo por todo o mundo. 

É preciso explicar com paciência que trabalhadores palestinos e israelenses são irmãos de classe, a despeito de qualquer diferença étnica ou religiosa. Por isso combatemos as concepções de que o conflito deva se resolver com a criação de um Estado Palestino ao lado do Estado de Israel. Isso seria reconhecer a existência de Estados baseados na religião e no conceito de raça, como é Israel hoje: um Estado racista e fundamentalista. Isso é o que propõe o Hamas, porém para os árabes islâmicos. Nós não dividimos a classe trabalhadora e sua juventude por raças – um conceito anticientífico – ou por religião – uma questão de foro privado. Não reconhecemos ao Estado de Israel o direito de existir. Desde a sua constituição, como ferramenta de dominação regional do imperialismo, os verdadeiros comunistas lutaram por seu fim:

“A Organização Comunista Internacionalista (Esquerda Marxista), seção brasileira da CMI, reafirma sua posição ao lado do povo palestino, contra o imperialismo, pelo direito ao retorno dos refugiados palestinos às suas casas e terras, pelo fim do Estado religioso de Israel e por um único Estado laico e democrático em todo território histórico da Palestina, com direitos iguais para todos, independente de religião ou etnia, pela mobilização de massas e unitária dos oprimidos da região com os métodos da classe operária para a construção de uma Palestina socialista, como parte de uma federação das repúblicas socialistas do Oriente Médio.” (Exigir de Lula a ruptura das relações com Israel)

Continuamos o combate em defesa da Palestina e unindo a perspectiva internacionalista presente nessa luta com as nossas reivindicações e programa para a USP através da construção de uma chapa comunista para as eleições do DCE Livre da USP. Nosso programa central reivindica o fim das privatizações e reversão de tudo que foi privatizado e o Fora Tarcísio, inimigo da classe trabalhadora e da juventude.

  • Liberdade para os estudantes presos nos EUA! Abaixo a repressão ao movimento pró-Palestina!
  • Nenhum centavo para financiar o massacre na Faixa de Gaza! Nem dos EUA, nem do Brasil!
  • Palestina Livre!
  • Intifada até a vitória!