No dia 1º de agosto, nosso jovem camarada Mohammad Amin, da seção paquistanesa da Corrente Marxista Internacional (CMI), foi libertado após 18 dias de um sequestro em que foi mantido refém dos Rangers, uma força paramilitar do governo paquistanês.
Amin é membro da Aliança da Juventude Progressista (PYA) em Karachi, cidade onde vive. Ele foi sequestrado de seu domicílio na Colônia Shah Faisal pelos Rangers em 14 de julho durante a madrugada, sem qualquer ordem judicial, mediante invasão de seu domicílio e com ameaças à sua família.
Nesse período, Amin foi brutalmente torturado, humilhado e ameaçado. Segundo informou a seção paquistanesa, Amin foi espancado e eletrocutado incessantemente, mantido de cabeça para baixo por longos períodos, mantido vendado e não lhe foi permitido sentar-se durante a maior parte do período em que esteve preso.
Durante as torturas, as forças do Estado que o interrogaram o forçavam a confessar crimes atrozes, ao que nosso camarada se negou e manteve firmemente suas posições: “Sou um ativista político vinculado à CMI e não tenho nada a ver com quadrilhas de criminosos ou pessoas que realizam atividades criminosas”.
Mas os Rangers, que já mataram tantas dezenas de milhares de ativistas políticos no Paquistão, não o mataram. Não podemos supor outro motivo senão a enorme mobilização promovida pela CMI e apoiada por inúmeras organizações e ativistas por todo o mundo.
A mobilização da CMI pela libertação do camarada Amin
Durante três dias, no Twitter, a hashtag #ReleaseAmin esteve nos trending topics daquele país. Durante a Universidade Marxista Internacional, na qual participaram milhares de pessoas de quase uma centena de países, a campanha foi largamente divulgada, ajudando com que se espalhasse por todos os continentes.
No Brasil, procuramos apoiar a campanha como pudemos. Na semana que se seguiu à Universidade Marxista Internacional, nossos militantes enviaram moções à Embaixada do Paquistão em Brasília e ao Consulado do Paquistão em São Paulo. Em nosso site e nossas redes sociais (da Esquerda Marxista e nos perfis pessoais de inúmeros militantes), publicamos o apelo enviado pela CMI, além de fotos com cartazes pedindo a liberdade de Amin.
Os mesmos Rangers, em abril de 2018, raptaram sete de nossos camaradas que participavam da luta do povo Pashtun, etnia oprimida no Paquistão e que acusa o governo de fazer desaparecer mais de 32 mil pessoas. Há cerca de um mês fizemos outra campanha de solidariedade, dessa vez pela libertação de Susana Prieto, camarada mexicana presa sem qualquer base legal por apoiar um movimento grevista. Nos dois casos, como em tantos outros, foi a solidariedade internacional que garantiu a vida desses camaradas.
Temos diante de nós a prova da necessidade de uma poderosa Internacional revolucionária dos trabalhadores, para que em parte alguma do mundo nenhum dos nossos seja vítima da burguesia e seu Estado assassino, para que somemos os esforços para a derrubada deste regime de tortura, de fome e desesperança. A CMI, em episódios como esses, mostra mais uma vez que é um passo fundamental nessa construção.
Durante o período em que foi refém do Estado paquistanês, os seus sequestradores e torturadores buscaram ao máximo caluniar a CMI, no intuito de convencer Amin por todos os meios a afastar-se de sua luta. Ameaçaram, além do próprio Amin, sua família e os dirigentes da CMI no Paquistão.
Eles não buscavam quebrar apenas um homem, mas uma organização política. Sabem do significado de homens como Amin, do significado do crescimento da Aliança da Juventude Progressista em Karachi e no resto do país. Eles têm medo de nós e têm razão para isso. A revolução se anuncia em cada levante da classe trabalhadora em cada canto do planeta. Nosso tempo está chegando e não nos esqueceremos de sua absurda covardia.
A nós, no Brasil, o exemplo dos camaradas paquistaneses deve ter um significado especial. Há lugares onde declarar-se marxista e propagandear a revolução representa um imediato risco de morte. E ainda assim nossos camaradas pisam firme e seguem construindo. Diante de tal exemplo de abnegação, temos o direito de esmorecer? Certamente que não.
Mesmo após toda esta tortura, o camarada Amin reafirma sua convicção e segue na luta pela revolução, com seus camaradas da CMI no Paquistão e nas dezenas de países onde nos implantamos atualmente.
Nossa saudação ao camarada Amin, que por suas ideias e por sua luta sofreu na carne essa agressão que devemos tomar como uma agressão a cada um de nós. Responderemos juntos e definitivamente com a revolução socialista internacional.