Vivemos uma situação inédita, sem precedentes e, como temos dito, nada será como antes. O capitalismo e seus administradores são os responsáveis por toda a tragédia que percorre o mundo. No entanto, a crise do capitalismo já afetava a juventude muito antes da pandemia. Em 2019, dentre os desempregados, 39,2% tinham entre 14 e 17 anos e 23,8% tinham entre 18 e 24 anos no Brasil. Esses dados tendem a piorar em um cenário onde a previsão de crescimento econômico está indo ladeira abaixo.
A falta de empregos formais empurra a juventude a subempregos precarizados, terceirizados e mal pagos. Diante do cenário de redução da atividade econômica, uma situação de total falta de renda e, portanto, sob bases capitalistas, nosso futuro está sendo roubado!
A situação fica ainda mais dramática pelo isolamento social que vivemos, uma vez que as opções de lazer, já escassas, se restringem a jogos, séries e filmes para os que têm acesso, já que as práticas artísticas e de leitura não são estimuladas nem mesmo em tempos normais. Todos os horrores do sistema capitalista que flagelam a juventude agora se intensificam, como a ansiedade e a depressão.
Entre 2015 e 2018, mais de 121 mil jovens passaram por atendimentos no SUS para tratamentos contra depressão. Isso sem falar naqueles que podem pagar por consultas psicológicas. Se para o atendimento de saúde básica e saneamento já é complicado pelo sucateamento e privatização da saúde pública, o atendimento psicológico, tão necessário neste momento, se torna ainda mais um privilégio de quem pode pagar.
Para os jovens estudantes, uma série de novas questões se coloca a partir do fechamento total das instituições de ensino. Segundo a Unesco, 80% da juventude do mundo está sem aulas. São cerca de 1,37 bilhão de jovens e 60,3 milhões de educadores privados de seu direito de ensinar.
A partir dessa nova realidade, que não tem uma data prevista para terminar, estudantes enfrentam ainda mais claramente problemas estruturais que já estavam presentes antes em escolas e universidades: a desigualdade no acesso à tecnologia, computadores, internet, celulares, bibliotecas, tablets etc.; o despreparo de uma parcela dos profissionais da educação e das famílias para lidar com ferramentas virtuais e apoiar as crianças e jovens no aprendizado; os problemas de concentração devido a um ambiente familiar que não garante as condições para o estudo em casa; entre outros.
O Enem, funil do ensino superior, foi adiado. No entanto, o adiamento não resolve o problema de milhares de jovens pobres que continuarão muito atrás devido às péssimas condições de estudo do sucateado ensino público brasileiro. Enquanto isso, os estudantes das escolas privadas continuam se preparando, tendo acesso às tecnologias. 4.122.423 milhões de jovens se inscreveram no Enem no ano passado, contudo, para 3,8 milhões deles não há vagas! O que precisamos é de vagas para todos nas universidades públicas e todo dinheiro necessário para a educação pública!
Para os estudantes das redes privadas de ensino, sejam escolas ou universidades, a decisão das mantenedoras pela manutenção do calendário sem consulta à comunidade, com aulas remotas em plataformas ruins que não permitem a interação dos estudantes com professores, está representando a responsabilização individual pela continuidade do calendário. Ao mesmo tempo, nada se fala sobre suspensão das mensalidades que seguem sendo cobradas, onerando ainda mais os estudantes e suas famílias. Fica evidente para todos que o lucro delas é o nosso prejuízo.
Os ataques são diversos e a juventude precisa se organizar para lutar pela derrubada do governo Bolsonaro e do capitalismo. É um completo descaso o que esse sistema e seus representantes impõem à nossa classe. É o cúmulo do absurdo que empresários e banqueiros estejam discutindo como lucrar mais nessa situação enquanto o povo agoniza na falta de hospitais, aulas e outros serviços básicos. Essa crise que atravessamos expõe nitidamente o quanto a burguesia está disposta a subir nas nossas costas e nos explorar até o limite para salvar seus patrimônios como verdadeiros parasitas de nossas condições de alunos, professores e familiares.
Não é esse o futuro que queremos! Chegamos num momento em que as opções à juventude estão bem claras: ou seguimos inertes em direção a uma barbárie ainda maior em benefício desses magnatas, ou nos organizamos pelo Fora Bolsonaro e pela derrubada do capitalismo e seu Estado que não tem nada a oferecer além de miséria. Faça parte dessa luta!
Participe do Encontro Nacional online da juventude por Fora Bolsonaro! Será no dia 31 de maio, com jovens de todo o Brasil e presenças internacionais para discutirmos os caminhos dessa luta. As inscrições podem ser feitas neste link. Confirme presença em nosso evento no Facebook também!
Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais!