Argentina: Greve Geral ou Frente Única contrarrevolucionária?

Na Argentina, em 10 de março, se tentou realizar uma greve geral cujo único objetivo era desestabilizar o governo de Cristina Kirchner e arrancar alguns novos negócios para os burocratas sindicais enriquecidos que prepararam esta maracutaia.

Na Argentina, em 10 de março, se tentou realizar uma greve geral cujo único objetivo era desestabilizar o governo de Cristina Kirchner e arrancar alguns novos negócios para os burocratas sindicais enriquecidos que prepararam esta maracutaia.

Convocada pelas CGT pelega dirigida por Hugo Moyano, pela arquipelega CGT Celeste y Blanca, dirigida por Luis Barrionuevo e pela CTA, dirigida pelo ex-comunista Pablo Micheli, com apoio da União Industrial Argentina (UIA), da Sociedade Rural Argentina (SRA) e diversos sindicatos patronais, esta greve lembra as ações dos caminhoneiros no Chile de Allende.

Por isso foi apoiada pelos virtuais candidatos burgueses a presidência, Binner, da Frente Ampla Progressista, Massa da Frente Renovadora e Macri, do Proposta Republicana (PRO). A greve teve impacto muito limitado concentrando-se no transporte, dirigido por Moyano, e nos “cortes de ruta” (trancamento de estradas).

É verdade que o governo de Cristina perde apoio popular. Este governo populista de reconstrução do Estado Burguês argentino (profundamente abalado com o “Argentinaço”, em 2001) prepara e aplica medidas amargas contra os trabalhadores criando a situação onde podem mover-se estes pelegos e seus aliados burgueses. Mas, também é verdade, que esta frente única reacionária é mais um bloqueio no caminho da classe operária argentina para encontrar uma saída e construir um partido de classe, um verdadeiro partido dos trabalhadores.

A suposta greve foi convocada por cima e avisada pela imprensa patronal. Nenhuma reunião de base aprovou esta greve. Inúmeras empresas deram o dia de folga e ela teve mais uma cara de greve patronal.

No Metro de Buenos Aires, por exemplo, os trabalhadores votaram esmagadoramente, em assembleia, por não aderir à greve (leia em NUESTRA POSICION FRENTE AL PARO). No entanto, o metro não funcionou por decisão da administração. Não houve desconto do dia parado, em todo o país, e nem do bônus que se dá por não faltar ou chegar atrasado.

Os meios de comunicação de direita (Clarín e La Nación) colocaram todas sua máquina a disposição dos organizadores para “divulgar” a “Greve Geral”. Que por acaso não incluía em sua pauta nenhuma reivindicação dirigida aos empresários, nem denunciava a escala de aumento dos preços nos últimos meses!

Para os trabalhadores foi um dia livre sem perda de remuneração, ou seja, um dia em casa pago pelo patrão.

O caráter desta ” greve ” pode ser facilmente entendido no apoio explícito dado pelos reacionários latifundiários argentinos da “Sociedade Rural”, cujo presidente, Luís Miguel Etchevehere disse: ” De alguma forma, coincidimos com as reivindicações”.(La Sociedad Rural apoya el paro de Moyano previsto para el próximo 10 de abril).

E por fim, aonde já se viu (no mundo!) uma Greve Geral sem nenhuma concentração de trabalhadores, sem nenhuma manifestação, sem nenhum ataque da patronal e sem nenhum artigo contra na grande mídia burguesa?!

Só quem não entendeu ou não quis ver isso e se somaram a uma Greve Patronal foram os pelegos organizadores posando de oposição junto com toda a burguesia e os sectários incorrigíveis do Partido Obrero, de seu aliado PTS, e outros, que se divertiram durante a manhã fazendo “cortes de ruta” (trancamento de estadas) em alguns lugares para dar a impressão de que havia uma greve.

O que precisa a classe operária, a juventude argentina, é levantar-se contra o capitalismo e os capitalistas, livrar-se da burocracia sindical corrompida, colocar o governo na parede, construir um partido de classe e tomar o poder para expropria o capital. É neste caminho que se acertarão as contas com o governo populista de Cristina Kirchner e se construirá um governo dos trabalhadores.