Uma pincelada… “em prol da vida em sua plenitude de manifestação. Nenhuma barreira, nenhum limite aos sonhos, à cultura ou à arte…Um libelo a mais plena e absoluta liberdade de expressão”.
Essa frase dita por Trotsky e André Breton parte do manifesto de fundação da FIARI (Federação Internacional da Arte Revolucionária e Independente), criado em Julho de 1938, no México; foi a chamada para uma exposição de quadros de Vera Lucia ( militante da Esquerda Marxista) na Câmara de Vereadores de Joinville, que pode ser vista até o dia 21 de Setembro.
Essa exposição nos abre uma discussão persistente e interessante sobre o papel da arte na luta de classes.
A arte é a expressão natural de manifestação das necessidades humanas e, dessa forma, não pode ser usada a serviço do capital, não pode ser enquadrada nos “valores de mercado” e rebaixada a reforçar a moralidade burguesa. A arte vai além do concreto, do material, mas sua expressão reflete a existência da razão em tudo que o homem pensa e faz.
Sua existência vêm ao encontro do homem, portanto, não se pode amarrar, prender ou atar as mãos daqueles que querem através da arte expor a vida em seu estado completo.
O capitalismo nos obriga a constatar um aviltamento da arte, quando, através do caráter daquilo que lhe é convencional, limita a expansão artística e reprova a expressão humana. Quantas músicas que escutamos são criadas pelo artista para fazer expressar o que sente e pensa ou persuadir a busca de conhecimento e aprimoramento musical? Quantos livros são escritos para realmente contribuir na leitura de emancipação operária?
A maioria das músicas são “produzidas e pensadas na perspectiva de venda, gerando lucro ao sistema, projetando “ídolos”passageiros e distanciando a arte do conjunto da classe. Com os livros não é diferente; a quantidade de livros que reforça a ilusão das massas em enriquecer trabalhando fielmente ou então em acomodar-se com o pouco que conseguiu sendo explorado pelo sistema são incontáveis nas prateleiras das maiores livrarias.
As novelas são exemplos claros do uso da arte para a manipulação e adaptação ao sistema, contribuindo no fortalecimento da propriedade privada, também dos meios de comunicação. No terreno do capitalismo, qualquer expressão artística sofre com a usurpação dos lacaios desse regime reacionário.
O socialismo não deve temer a arte, porque o artista pode ser seu aliado, potencializando a necessidade de emancipação do homem e assegurando uma crescente compreensão na ativa preparação da revolução. Só o socialismo pode compenetrar o artista na luta de classes fazendo-o sentir o drama e a intensidade dessa luta na expressão das tintas, do palco, das páginas e da música.
Não ao imperialismo.
Pela emancipação dos trabalhadores!
Viva a arte independente, livre das amarras e a serviço da classe!
Pela emancipação dos trabalhadores!
Viva a arte independente, livre das amarras e a serviço da classe!
A arte vive em cada trabalhador, em cada operário que tem sua vida explorada por este sistema putedrinoso, em que prevalece a exploração do homem pelo homem, o que lhe falta para externa-la é a oportunidade. A camarada Vera, liberta através dos seus quadros a indignação por essa exploração, numa explosão de sentimentos, que a olhos vistos, surgem de suas entranhas para as telas de forma avassaladora, trazendo a reflexão quem a vislumbra. Enfim a Arte Revolucionária é digna da camarada Vera, e vice-versa. Parabéns.
João Martins