Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

As cotas nas universidades e cemitérios – A Polícia Militar e os governos petistas

“É fácil determinar quem é negro ou não. O que a PM mata é negro. Mas parece que haverá um pequeno problema para o candidato se inscrever após passar pelo teste.” (Fala irônica em uma comissão de verificação de uma universidade ao discutir se determinada pessoa obedecia aos critérios de verificação racial)

No Rio, apesar da determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que todas as “operações” nas favelas e bairros operários fossem “justificadas” e acompanhadas pela Procuradoria, elas continuam a acontecer normalmente, com a sua cota de mortes habitual.

Em São Paulo, sob a justificativa de morte de um policial, um massacre foi perpetrado em bairros pobres do Guarujá. As imagens das câmeras dos uniformes dos policiais desapareceram, ainda que todos usassem câmeras que gravam por todo o tempo.

Na Bahia, governada por petistas há mais de 12 anos, o número de mortes pela polícia aumentou.

Ato do movimento de familiares de vítimas de violência policial do estado do Rio de Janeiro contra as operações letais que ocasionaram mais de 100 vítimas no ano de 2023, no Rio – Foto: Tânia Rêgo, Agência Brasil

Ao que parece, se a Câmara dos deputados aprova com louvor de todos os partidos a nova lei de cotas para negros e outros nas universidades, a maioria absoluta dos deputados se cala sobre a verdadeira guerra que a PM trava contra o proletariado, particularmente a sua parcela negra.

Sim, alguns afortunados continuarão a poder ir à universidade, fazendo o Enem e se submetendo a um processo de seleção por meio do qual a maioria (mais de 90%) não tem chance real de passar.

No entanto, enquanto se procura criar uma “elite negra”, a atual “elite negra”, com o ministro dos Direitos Humanos e a irmã de Mariele como ministra da Igualdade Racial pouco falam sobre o assunto. O ministro do Direitos Humanos fala em “criar uma comissão”. A ministra de Igualdade Racial se cala.

Afinal, parece que os representantes “oficiais” do racialismo no governo e no parlamento, se acovardaram com o que aconteceu com Marielle. Ela, sem medo, criticou duramente um batalhão da PM que matava negros indiscriminadamente no Rio. Foi morta. E agora, os que estão no poder? Vão continuar calados?

Sim, é preciso ter medo como medo tem qualquer negro, qualquer mãe que vê seu filho, criança, adolescente ou adulto sair de casa em um bairro operário. Mas, aqueles que têm projeção política, os deputados, os ministros, os juízes, precisam usar sua projeção, organizar sua própria proteção e denunciar os abusos cometidos pela PM. Se eles não o fazem, os ativistas e militantes são muito mais visados. Mas, nós, militantes contra o racismo, não iremos nos calar.

Qual o deputado que ousará propor um projeto de lei para extinguir a PM? Qual deputado ousará dizer que a PM é uma polícia racista e que não pode continuar a existir? Sim, nós sabemos. Dificilmente um projeto como esse será aprovado em um Congresso que tem maioria de direita. Ou que a “esquerda”, majoritariamente, dirige estados aonde a PM continua a matar. Mas um projeto como esse permitira levar para a arena pública aquilo que os jovens gritaram nas manifestações de 2012: “Não acabou? Tem que acabar! Eu quero o fim da Polícia Militar”.

Quando Lula vai sair de cima do muro de criticar a morte de uma criança e esquecer todas as outras, esquecer o que está acontecendo no governo da Bahia, num estado onde ele teve maioria de votos e que o PT governa há mais de 12 anos?

Sim, celebrem alegremente as cotas. Um viva para a pequena burguesia negra que se mantem orgulhosamente negra, enquanto cumpre o seu papel não mais de Pai Tomas, mas de elite educada que que não quer ver o pior do racismo que é a morte diária de negros nos bairros proletários.

Nós, comunistas, da Esquerda Marxista, dizemos aos negros: vamos parar com a matança, ser negro não é crime! Fim imediato da PM! Queremos vagas para todos nas universidades!

Nós estaremos juntos nas manifestações contra os massacres promovidos pelos movimentos negros no dia 24 de agosto! Paz entre nós, guerra aos senhores!

Steve Biko, líder negro morto pela polícia racista na África do Sul, explicou um dia: “Racismo e capitalismo são duas faces da mesma moeda”. Para acabar com o racismo, é preciso lutar pelo comunismo. Seja comunista, una-se à Esquerda Marxista.

* Atualizado em 22 de agosto de 2023.