A maioria dos pós-graduandos enfrentam péssimas condições de pesquisa e estudo, resultado dos anos anteriores de ataques dos três poderes. Para a educação, ciência e tecnologia desenvolvidas no Brasil, o destino torna-se cada vez mais incerto sob a faca dos cortes vindos dos governos. O resultado é que o valor das bolsas está congelado, o número de bolsistas diminuiu, fecham-se bandejões, cresce a pressão por produtividade, universidades estatais estão à beira do colapso, e as verbas para Ciência e Tecnologia recebem periódicos anúncios de corte.
Mas tal conjuntura negativa não pode desanimar os pós-graduandos. Pelo contrário, precisa ser vista como um impulso para a construção de mobilizações massivas em torno de suas bandeiras históricas, como bolsas para todos, direitos previdenciários, democratização na gestão das pesquisas. Estudantes e trabalhadores dentro das universidades estão se levantando contra os cortes e contra as demissões. Precisamos estar em unidade nessas lutas em apoio mútuo contra o inimigo comum, que é a origem de todos os cortes e ataques: o capital. Mas não somente isso, trabalhadores e estudantes unidos querem também uma estrutura educacional e produtiva democrática, que não seja verticalizada a serviço do mercado. Nenhum companheiro atacado pode ficar para trás! As vitórias virão junto com a unidade em torno da classe mais numerosa em nossa sociedade e que tudo produz, a classe trabalhadora.
Desenvolver Ciência e Tecnologia, portanto, não é apenas uma responsabilidade técnica com a produção de um conhecimento com rigor científico, mas é também uma implicação política relacionada às classes sociais que se confrontam em nossa sociedade. O sentimento geral construído por todos aqueles que vivem do próprio trabalho é que não há mais como viver com o governo de Michel Temer e com esse Congresso Nacional de corruptos. Precisamos gritar alto e claro Fora Temer e o Congresso Nacional e organizar na base os dispositivos de luta capazes de substituir as engrenagens decadentes que sustentam o capitalismo.
É preciso de um novo rumo para construir um Governo dos Trabalhadores que combata desde agora a retirada de direitos e avance nas conquistas. Queremos vitórias efetivas, não pequenas migalhas caídas dos banquetes exclusivíssimos entre bancos e cartéis imperialistas. É preciso construir as APGs (Associações de Pós-graduandos) e a ANPG (Associação Nacional de Pós-graduandos), colocando-as em conexão com os outros movimentos em luta nas universidades como os de técnicos-administrativos, docentes e graduandos.
Segundo dados do Ministério da Educação, somos mais de 122 mil pós-graduandos no Brasil. Isso é uma força social que pode se materializar em força política. Mas a maioria desses ainda não se lançaram na construção das suas associações de base ou nem sabe que elas existem. Compreensível, afinal, os sujeitos só se lançam em novos empreendimentos ou disputam os antigos caso vejam neles um meio para alcançarem suas reivindicações.
A principal tarefa agora é construir APGs onde houver cursos de pós-graduação! Precisamos transformar a insatisfação em organização política, trazendo os pesquisadores pós-graduandos para o lado dos trabalhadores. Nenhuma confiança no Estado burguês e nos capitalistas! Apenas em organismos de base e com forças próprias seremos capazes de conquistar nossas reivindicações.