Vitória da organização da Comunidade Escolar!
Como a Prefeitura tentou pegar todos de surpresa?
Na semana passada, a Prefeitura Municipal de Caieiras-SP, sob a gestão do prefeito Lagoinha (MDB), convocou os professores para o retorno presencial das atividades escolares a partir do dia 24 de fevereiro (quarta-feira) de forma arbitrária, sem ao menos apresentar um decreto oficial, mostrando que seu trato com os trabalhadores da educação e a comunidade escolar não será muito diferente da gestão anterior.
Durante os três dias de atividades presenciais, os professores se depararam com uma situação lamentável: escolas sem higienização nem estrutura, quadro de funcionários da limpeza reduzido, falta de máscaras e álcool em gel, dentre diversos outros problemas. Além disso, a grande maioria das escolas não tinha internet e computadores o suficiente para suportar as atividades que seriam realizadas nas plataformas virtuais.
Durante esses dias, a orientação geral foi a discussão de um “Protocolo de Segurança Sanitária” totalmente desconectado da realidade das escolas públicas e impossível de ser executado. Isso podia ser constatado por qualquer um que adentrasse as escolas! Na verdade, esses “protocolos” são apenas “normas” e “regras” que mais parecem piadas de mal gosto com a categoria e com as famílias que pretendiam enviar as crianças para as atividades presenciais.
Já estamos assistindo ao resultado da retomada presencial com “protocolos de segurança” em todo o Estado de São Paulo: aumento das contaminações, superlotação de hospitais e UTIs, mortes de crianças e trabalhadores da educação! Isso deixa cada vez mais claro que não existe nenhum protocolo que possa substituir a vacinação de todas as pessoas! Em Caieiras, em apenas três dias de retorno, algumas escolas já apresentam trabalhadores afastados com suspeita de Covid-19, pois a Prefeitura não realizou a testagem de ninguém antes da retomada presencial, ressaltando que até os professores do grupo de risco foram obrigados a comparecer presencialmente nas escolas.
Os ataques contra os trabalhadores da educação em Caieiras
Com a volta presencial organizada às pressas, os professores foram obrigados a retornar sem receber ao menos o Vale Transporte (VT). Além disso, desde o início da gestão de Lagoinha, todos os trabalhadores da educação sofreram um corte em seus pagamentos, uma bonificação que ampara a ausência do reajuste salarial da categoria há anos, ou seja, esse corte é um ataque que desvalorizou os salários das categorias.
Outra discussão que está sendo encabeçada pela direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais e Autárquicos de Caieiras (Sinserpuca) é a troca da cesta básica dos funcionários por um cartão alimentação. Longe de ser apenas uma consulta de opinião, como faz parecer a direção sindical, por trás dessa proposta há o risco real de mais uma perda salarial, pois dificilmente a Prefeitura vai conceder um cartão com o valor equivalente ao custo da cesta básica. Além disso, é bem provável que o valor do cartão não acompanhe o aumento dos preços dos alimentos, que estão disparando. Está mais do que evidente que os trabalhadores querem de volta os seus direitos e estão contra mais cortes!
Em resumo, a Prefeitura de Caieiras, assim como o governo estadual de Doria (PSDB) e federal de Bolsonaro, quer jogar o peso da crise do sistema capitalista sobre as costas da classe trabalhadora, enquanto mantêm seus próprios privilégios e de seus comparsas. O que vemos é o aumento da fortuna dos grandes empresários, banqueiros e investidores bilionários, enquanto a classe trabalhadora é empurrada para a miséria.
A luta da comunidade escolar contra o retorno das atividades presenciais
Mesmo diante de uma situação difícil para se organizar, assim que souberam da notícia do retorno presencial nessas condições, os professores e as professoras junto da Associação dos Professores Municipais de Caieiras (APMC) prontamente se mobilizaram e elaboraram uma carta aberta à comunidade, à Prefeitura e ao sindicato. Os Educadores Pelo Socialismo ajudaram a impulsionar uma campanha contra o retorno presencial sem vacina, com apoio dos professores, funcionários e familiares.
Em reunião do Consórcio Intermunicipal dos Municípios da Bacia do Juqueri (Cimbaju), que conta com as Prefeituras de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Cajamar e Mairiporã, as Prefeituras e secretarias de educação em questão decidiram adiar o retorno das aulas presenciais para o dia 15 de março. Mas até então, os professores de Caieiras deveriam continuar em trabalho presencial. Foi apenas durante a segunda-feira (1º/03), diante da pressão dos trabalhadores e da comunidade escolar, que a gestão de Lagoinha decidiu retomar o trabalho remoto.
Devemos entender desse processo que essa é uma vitória alcançada pela organização dos professores e da comunidade escolar. Além da carta aberta e do diálogo com as famílias, expondo as reais condições das escolas do município, já estava organizada uma paralisação para o dia 03 de março (quarta-feira), com ato em frente à Prefeitura, resguardando todas as medidas de segurança necessárias e pressionando uma resposta imediata da gestão de Lagoinha e da Secretaria Municipal de Educação. Com o recuo momentâneo da Prefeitura, a APMC decidiu adiar a paralisação e o ato, mas a mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras da educação continua.
Ressaltamos que os fatos ocorridos nos últimos dias mostram o total desrespeito pela vida da classe trabalhadora por parte dos governantes e a disposição de luta dos trabalhadores. As Prefeituras dessa região se viram pressionadas pela mobilização e pela revolta dos trabalhadores com suas condições de trabalho e tiveram que parar os ataques, pelo menos momentaneamente. Temos que reconhecer o avanço dessa conquista, porém, sabemos que toda conquista da classe trabalhadora no sistema capitalista pode ser rapidamente removida.
É evidente que em apenas quinze dias é impossível organizar todas as escolas para o retorno presencial de forma segura, preservando a vida das crianças, da comunidade e dos trabalhadores da educação, ainda mais sem a vacinação em massa da população. Por isso, a culpa de toda essa situação caótica, com aumento da miséria e do desemprego, mortes de familiares e amigos, descaso geral com a população e aumento do custo de vida é de inteira responsabilidade dos governos municipais, estaduais e federal, que nada fazem de efetivo para conter a pandemia e oferecer garantia de empregos e salários para a classe trabalhadora.
Por isso a mobilização não pode parar. Todos os trabalhadores da educação e comunidades escolares do Cimbaju devem se organizar e se unir em prol da defesa de suas vidas e de melhores condições de trabalho. Essa semana mostramos que a organização e a luta são nossas armas contra os ataques do governo. Estamos vivos e dispostos a combater, por isso, chamamos todos a se juntarem à luta!
- Aulas presenciais, só com vacina para todos!
- Não existe protocolo seguro sem vacina!
- Lockdown e vacina para todos já!
- Queremos nossos direitos! Devolvam nosso VT e a nossa bonificação!
- Garantia de empregos e salários para todos!
- Seguro-desemprego para os desempregados!