A greve nacional dos bancários chega a seus momentos decisivos com a retomada das negociações que ocorrem nos dias 9 e 11 de outubro.
No momento em que este artigo é escrito, a greve nacional dos bancários chega a seus momentos decisivos. Os bancos vão acabar cedendo à forte pressão exercida pela maior paralisação da categoria em 20 anos, em número de agências fechadas (8.278).
Resta saber se os banqueiros irão ceder muito ou pouco e se a categoria aceitará a contra-proposta. É o que veremos após a retomada das negociações que ocorrem nos dias 9 e 11 de Outubro.
Acrescentamos somente que as direções sindicais devem corrigir um erro cometido no final da greve do ano passado: a realização de assembléias separadas por bancos. Entramos todos juntos na campanha salarial nacional unificada entre bancos públicos e privados e lutamos ombro a ombro na greve, então, devemos tomar as decisões juntos, seja ela qual for.
Divisão na FENABAN
O jornal O Estado de São Paulo veiculou uma matéria insinuando uma divisão na FENABAN (Federação Nacional dos Bancos). Os bancos públicos, mais afetados pelo movimento, estariam dispostos a chegar logo a um acordo, já os bancos privados preferem apostar no desgaste da greve.
Isso traz à tona várias questões. A primeira delas é que a greve mexeu com o governo federal, que comanda o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. A grande adesão dos bancários exige de Lula e dos mandatários do BB e da CEF uma resposta satisfatória.
O Comando Nacional dos Bancários da Contraf/CUT e a maior parte dos dirigentes sindicais procuraram evitar esse choque, reduzindo a discussão ao âmbito econômico/corporativo, como se não houvesse uma eleição em curso no país ou como se o Lula não fosse o maior responsável pelo impasse na mesa de negociação. Até então, o BB e a CEF estavam escondidos atrás dos bancos privados e tinham dado aval à proposta ridícula de 4,29% de reajuste – fato que desencadeou a greve.
Se o governo Lula, através do BB e da CEF, tivesse adotado uma política de atendimento das principais reivindicações da categoria, colocaria os bancos privados contra a parede e teria fortalecido os bancários.
Do ponto de vista eleitoral, se é esse o problema, os efeitos positivos para a candidatura Dilma seriam enormes tanto entre os bancários quanto para o restante da classe trabalhadora, pois veríamos, na prática, o compromisso dos altos dirigentes petistas com os trabalhadores e não com os banqueiros. Essa propaganda seria muito mais eficaz para ganhar votos do que qualquer campanha midiática.
Abaixo as práticas anti-sindicais e anti-greve!
Como vemos, em todo o período da greve, quem deu a linha da FENABAN foram os bancos privados e aí sobrou truculência para as entidades sindicais e os trabalhadores. Foram cometidos os maiores absurdos para coibir o movimento grevista.
Ressaltam-se, em primeiro lugar, as ameaças contra o emprego dos bancários e de desconto dos dias parados, que se somam à longa lista de pressões e assédios para o cumprimento de metas abusivas, bem como o atrelamento de uma parte do salário ao atingimento dessas metas (chamada remuneração variável), que tem tornado o ambiente de trabalho um inferno e destruído a saúde do bancário.
Em segundo lugar, a farra do interdito proibitório – decisão judicial que aplica pesadas multas aos sindicatos pelo simples fato de organizarem piquetes e manifestações na entrada das agências, no intuito de convencer os demais trabalhadores a aderirem à greve e de prestar orientações aos clientes e usuários afetados pela paralisação.
Felizmente, já há jurisprudência para cassar essas liminares e algumas vitórias foram obtidas também nesse terreno, mas é de uma violência terrível provocar uma verdadeira batalha jurídica para esmagar a greve e os sindicatos e revela ainda o grau de intervenção do Poder Judiciário na luta de classes e de que lado estão os juízes normalmente.
Outra prática que tem que ser duramente combatida é o que os bancos chamam de “contingenciamento”, que significa manter uma equipe trabalhando mesmo em agências fechadas ou a transferência compulsória de trabalhadores a outro local de trabalho, ou ainda, a flexibilização da jornada, obrigando o bancário a trabalhar fora do horário comercial para evitar o contato com os piquetes.
Um chamado à consciência de classe dos bancários
A greve dos bancários coincide com o período eleitoral no Brasil. Começou dias antes do primeiro turno e continua agora no segundo. Serra significa um avanço para a privatização do BB e da CEF e o fortalecimento dos banqueiros contra nossas reivindicações.
Por isso, afirmamos: vote Dilma e vamos continuar na luta pelos nossos direitos e pela estatização dos bancos sob controle dos trabalhadores, para centralizarmos o crédito nas mãos do Estado! Vote Dilma e vamos continuar na luta contra a política de alianças com nossos inimigos de classe, como o PMDB e outras raposas, para assim, construirmos um governo socialista dos trabalhadores!
* Rafael Prata é militante da Esquerda Marxista, membro do Diretório Municipal do PT de Campinas e trabalhador do Banco do Brasil.