Wanderci Bueno
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Cumprindo as diretrizes do grande capital internacional, o arrocho salarial e os cortes nos direitos dos trabalhadores têm sido a tônica dos governos de todos os países na busca de se recuperarem das avassaladoras consequências provocadas pela crise. A regra e a ordem é descarregar o seu ônus sobre as costas dos trabalhadores, o que tem provocado reações, com greves, manifestações, quedas de governos em alguns casos, levando às greves gerais ou mesmo a situações revolucionárias em tantos outros, (países árabes, Grécia, por exemplo).
No Brasil o Comitê de Defesa de Política Monetária (COPOM) e o Banco Central, fazendo coro às medidas acima indicadas e exigidas pelo imperialismo, pedem a contenção dos salários de todos os trabalhadores.
A burguesia aperta, e seus representantes da base aliada do governo Dilma, exigem o aumento do tempo de serviço para efeito da aposentadoria, com o argumento de que não têm dinheiro e que a Previdência é deficitária, exigem mais e mais cortes. Continuam sonegando o pagamento do INSS e o governo desviando parte de seus recursos para outras áreas, o que acaba por fazer parecer que há um déficit, quando na verdade o plano é sangrar os trabalhadores e aposentados, não pagando seus direitos. Além disso, os patrões querem deixar de recolher o INSS (parte patronal), querem que os trabalhadores trabalhem até a morte, e que até lá, se conseguirem sobreviver, que seja com seus, cada vez mais, parcos salários.
O Banco Central diz que o consumo tem aumentado e que isso eleva a inflação. Mas quem empresta dinheiro a rodo e estimula o consumo via créditos e mais créditos é o próprio governo. Aliás, emprestou uma dinheirama para os Bancos, financiando negociatas entre especuladores, megafusões de empresas capitalistas, e privatiza. O peso de tudo isso recai nas costas dos trabalhadores que, cada vez mais, vão tomando consciência de que a aliança do governo com a burguesia acaba rendendo bons frutos aos burgueses, frutos estes arrancados das mesas, do lombo e do trabalho daqueles que vivem exclusivamente de seus salários: os trabalhadores.
Os EUA não param de emitir e fabricar dinheiro e jogar dólares no mercado. Nossa moeda, o real, dia a dia vai se “valorizando” frente ao dólar e com isso as multinacionais investem e lucram aqui forçando o aumento no rombo das contas externas do Brasil, ameaçando a obrigar uma brusca freada no ritmo da produção industrial do país.
Vários economistas afirmam que seria um erro querer conter a inflação em níveis baixos mantendo juros altos. A crise mundial pode acelerar o endividamento interno e externo e fazer baixar drasticamente o crescimento dos países atrasados que dependem extremamente dos capitais internacionais e do sistema financeiro internacional. Com isso a produção industrial no Brasil, pode se desacelerar rapidamente.
O modelo adotado no Brasil, para gerir a crise, existe graças a um generoso e libertino sistema de crédito, que força ao consumo e à inadimplência, o que pode levar, a qualquer a uma explosão da bolha de crédito e acelerar o estancamento do consumo. Aí a freada vai ser brusca e o caminhão do modelo pode capotar.
A saída para a burguesia é clara: arrochar e arrochar a classe trabalhadora, inclusive a classe média.
Várias categorias de trabalhadores têm conseguido arrancar, por força de suas mobilizações e greves, aumentos acima da inflação. Tudo indica que a burguesia se prepara para contra-atacar e por isso ela já anuncia a retomada das Câmaras Setoriais que pretendem atrelar os trabalhadores e seus sindicatos aos planos e metas das empresas, sob o canto de sereia de que a tarefa de salvar as indústrias e aumentar os níveis de emprego é algo que cabe às organizações dos trabalhadores: para salvar o santo capital. Não é por acaso que a patronal, FIESP à frente, quer as mesas de “acordos por cima” com as direções sindicais e apertam na linha da desoneração da folha de pagamentos: aumentar o tempo de serviço, reduzir impostos aos empresários, diminuir custos de produção e elevar a produtividade. Esses acordos por cima, seriam realizados por dentro das Câmaras Setoriais que selariam o pacto social com os patrões, colocando a corda e apertando o nó na garganta dos trabalhadores.
No Dia Nacional de Lutas convocado pela CUT os marxistas levantarão as bandeiras da classe: revogação das reformas da previdência realizadas pelos governos Lula e FHC, fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, pela não privatização dos portos e aeroportos, pela reforma agrária. Estas reivindicações, certamente, um governo socialista dos trabalhadores, um governo que se apoiasse na CUT e no PT para governar em benefício da maioria, estaria em condições de atendê-las. Isso só não é possível hoje porque a velhas raposas da burguesia estão aí no governo para submetê-lo e obrigá-lo a governar em benefício do capital.