No último dia 12/9, o ministro boliviano Soliz Rada anunciou através do decreto 207/06 que a YPFB (estatal boliviana) passará a controlar totalmente o caixa das duas refinarias de petróleo controladas pela Petrobrás. Essas duas refinarias pertenciam anteriormente à Bolívia, mas haviam sido privatizadas e vendidas à estatal brasileira, pelo valor de US$ 105 milhões.
Desde o dia 1 de maio, uma nova situação se abriu na Bolívia quando, atendendo uma reivindicação da maioria do povo (em especial dos trabalhadores mineiros), o governo de Evo Morales decretou a nacionalização dos hidrocarbonetos (gás e petróleo). Desde então, estão ocorrendo negociações entre o governo de Evo e as empresas que operam na Bolívia para se estabelecer como continuarão as operações de produção e distribuição das riquezas do gás e do petróleo do país. Ou seja, as negociações agora têm de partir do princípio de que os hidrocarbonetos são propriedade da Bolívia.
O governo Lula insiste no respeito aos investimentos brasileiros. O candidato Alckmin, como era de se esperar, aproveita para criticar a posição “submissa, omissa e fraca” do governo (OESP, 15/9). A “socialista” Heloísa Helena fez coro com toda a burguesia supostamente “nacionalista” exigindo que o governo defenda “a compensação a ser dada à indústria nacional”(OESP, 15/9).
Para a Corrente OT[Maioria] a posição dos socialistas neste episódio só pode ser apoiar as medidas do governo de Evo Morales no sentido de se apropriarem das suas próprias riquezas. É cada vez mais evidente que a nacionalização só vai ter sucesso se o governo avançar na estatização de toda a cadeia produtiva do gás e de petróleo.
Os mesmos que dizem que é necessário retaliar a Bolívia para defender a Petrobrás se esquecem de criticar a quebra do monopólio da empresa no Brasil no governo FHC, que tem aberto nossas riquezas para a exploração de nossas riquezas através de sete leilões já realizados.
Ou seja defender a nossa soberania, e também defender a soberania de nosso povo irmão na Bolívia.