Candidata apoiada pela CMI ganha cadeira no parlamento de Moscou

As eleições para a Duma da cidade de Moscou (Câmara Municipal), apesar da manipulação típica dos votos e da fraude, infligiram uma derrota esmagadora ao Partido Rússia Unida, em comparação com as disputas anteriores. A oposição recebeu quase metade dos assentos na Duma municipal, enquanto alguns distritos foram ocupados pelo Rússia Unida, graças às medidas burocráticas e às ações de destruidores pseudo-comunistas. Foi somente devido a esses métodos desleais que o governo conseguiu manter o controle na Duma local.

Também responsáveis foram aqueles da esquerda que escolheram adotar a tática eleitoral sectária de boicote. Ao recusar a participação, eles abdicaram da responsabilidade pela luta política em andamento.

Nós podemos, certamente, dizer que a classe operária dos arredores de Moscou (especialmente o Distrito Oriental) está dando um voto de desconfiança naqueles que estão no poder. O Partido Comunista da Federação Russa tornou-se uma das principais forças de oposição após um longo período de decrescimento. Isso não se deu graças às suas principais lideranças (incluindo Zyuganov e sua camarilha), mas sim aos trabalhadores, que estão fartos com as autoridades e que foram mobilizados politicamente pela crise em andamento.

Nossos camaradas focaram no 31º distrito de Moscou, onde os eleitores escolheram o socialismo no lugar da Rússia Unida! Foto: CMI

Embora essa não seja uma vitória total, ela certamente abre novas perspectivas para a luta da capital da Rússia e mostra que o monopólio do poder desfrutado pela gangue capitalista de Putin não pode mais ser mantido, mesmo em um contexto de eleições em grande medida decorativas e altamente controladas.

Uma vitória para a tática da frente unida!

Em alguns dos distritos eleitorais (Zyuzino, Nagorny, Chertanovo), uma sensacional reviravolta política foi realizada por Lyubov Nikitina – candidata do Partido Comunista, endossada e apoiada pela CMI. Ao longo de uma tremenda mobilização política, nós conseguimos lançar fora da Duma de Moscou o candidato da Rússia Unida, Sergei Zverev (eleito para deputado distrital por mais de 15 anos), conquistando mais de 45% dos votos! E isso ocorreu apesar do fato de que, em todas as eleições distritais prévias, os candidatos do Partido Comunista ganharem com uma média geral que não ultrapassava os 16%!

Lyubov Nikitina – uma candidata do Partido Comunista apoiada pela seção russa da CMI – ganhou uma vaga na Duma de Moscou. Foto: CMI

Isso se deu apesar da atividade destruidora do partido Rússia Justa e do assim chamado partido “Comunistas da Rússia” no distrito eleitoral, que foi conduzida em colaboração estreita com a Rússia Unida e as autoridades locais, e pudemos observar os mesmos indivíduos fazendo campanha para a Rússia Unida, Rússia Justa e Comunistas da Rússia! As autoridades, muito claramente, detectaram aqui o poder da política de frente única e fizeram todos os esforços para assegurar a vitória de seus candidatos. Ainda assim, eles falharam. Os residentes da área escolheram o socialismo.

Por conta das nossas limitações objetivas de recursos, nós fomos forçados a fazer uma escolha concreta sobre em qual distrito focar nossos esforços na luta contra a Rússia Unida. Decidimos pelo 31º Distrito e Lyubov Nikitina tornou-se nossa candidata. Essa decisão foi tomada com base na experiência de nosso trabalho militante na área, durante o qual, de forma particular, essa candidata se mostrou verdadeiramente digna de apoio e qualitativamente diferente da maioria dos candidatos nominados nos últimos anos pelo Partido Comunista, que, em muitos casos, são abertamente pró-capitalistas.

Durante os comícios e as reuniões de campanha, nós enfatizamos que o voto constituinte levanta a questão não apenas da confiança no próximo candidato ao parlamento, mas da classe trabalhadora levantando sua voz por seus direitos legítimos, pelo socialismo e pela perspectiva de uma democracia da classe operária. Além disso, nós realizamos uma série de propagandas pela democracia nas bases operárias, obtendo-se uma resposta entusiasmada dos habitantes dos distritos.

O resultado foi o triunfo de uma política de frente única. A região de Moscou, que, por muitos anos, era profundamente azul, tornou-se vermelha!

Esse avanço é um pequeno passo em uma longa luta. Foto: CMI

O que vem a seguir em Moscou?

Contudo, não devemos nos iludir supondo que essa vitória resolverá os problemas da Rússia por meio dos métodos parlamentares. Tal vitória é apenas o pequeno e primeiro passo na grande luta que está pela frente. Os trabalhadores de Moscou estão apenas no começo de uma grande batalha por seus direitos, pelo poder para a classe trabalhadora e pela transformação socialista da sociedade. A oposição não tem a maioria absoluta na Duma local, mas ela pode ainda exercer uma efetiva pressão nas autoridades.

Além disso, nós devemos continuar avançando no caminho de reafirmar as nossas bases e o recolocar a questão do poder nas mãos dos trabalhadores na ordem do dia. Nós não podemos simplesmente nos apropriarmos das palavras dos partidos de oposição de esquerda pelo seu valor nominal, independente de quão bons seus representantes individuais sejam.

Nesse sentido, só podemos repetir o que já escrevemos em um documento anterior sobre a nossa posição sobre as eleições em Moscou:

“Nó não podemos confiar totalmente e exclusivamente na lealdade e consistência dos candidatos do Partido Comunista da Federação Russa, cuja liderança mais alta demonstrou repetidamente sua capacidade de trair cinicamente os interesses dos trabalhadores; e, portanto, nosso objetivo deve ser usar o momento presente para exercer constantemente nossa auto-organização de base e controle sobre as atividades dos representantes eleitos. Quaisquer delegados devem estar subordinados à vontade do povo trabalhador, e não vice-versa, mas isso só será possível com nossos próprios esforços e estruturas de base, que são órgãos políticos por direitos próprios e, ao mesmo tempo, um mecanismo para tal controle – os conselhos de trabalhadores”.

Tradução de Thaís Tolentino.