Foto: Chris McGeehan, Flickr

Caso Mumia Abu-Jamal: a face nua e crua da aliança entre racismo e Justiça burguesa no capitalismo

“Eles não querem só minha morte. Eles querem o meu silêncio”, com essa frase de Mumia Abu-Jamal, iniciamos esse relato sintético, do real significado da prisão política desse militante antirracista nos anos 1980 e que ainda assombra pelo descalabro da manipulação judicial que envolveu a sua condenação.

Também conhecido pelo pseudônimo de Wesley Cook, Mumia Abu-Jamal é um jornalista norte-americano, militante negro antirracista, da Filadélfia, estado da Pensilvânia, que ficou conhecido pela sua colaboração com uma rede de emissoras negras, especialmente pelo seu programa de rádio, chamado “A voz dos sem voz”. Por meio desses veículos de comunicação denunciava o racismo implícito na violência policial contra negros, indígenas e migrantes – todos pobres

Mumia Abu-Jamal Foto: 4WardEver UK, Flickr

No início dos anos 1980, Wesley Cook foi condenado à morte em um processo cheio de irregularidades, coação de testemunhas e marcadamente racista, por supostamente ter matado um policial que espancava seu irmão. Na ausência de provas concretas e toda sorte de manipulações, o caso tomou um espectro essencialmente político no momento em que o FBI usou contra Jamal um dossiê de sua atuação política e militante no movimento negro, especialmente no Partido dos Panteras Negras.

O Partido dos Panteras Negras, como já mencionado em outros artigos no nosso site, nasceu nos anos 1960 e 1970 com nuances marxistas, anti-imperialistas e anticapitalistas. Defendiam e aglutinavam o Nacionalismo Negro, Leninismo, Maoismo, anti-sionismo e a democracia revolucionária, entre outras vertentes. Tudo isso adubado pela guerra do Vietnã, pela luta pelos direitos civis, com influência da Rússia Stalinista e da China Maoista. Diante desse quadro, ser um membro do Partido dos Panteras Negras era visto pelo governo americano como a maior ameaça à segurança interna do país e, por esse vínculo, Jamal pagou um preço alto.

Na década de 1970 Jamal passou a compor uma lista de pessoas que ameaçavam a segurança nacional. É, portanto, um prisioneiro político dos EUA na atualidade, condenado à morte e só em 2008 a Corte Americana converteu a sentença de morte em prisão perpétua por considerar que foram dadas instruções erradas ao júri. Obviamente que esse é apenas um fragmento dos fatos ocorridos nesse processo, pois, seria impossível descrever detalhadamente no espaço desse artigo toda a teia que enredou essa complexa batalha judicial, política e racial.

O caldo de racismo no qual se banhou a acusação, violação de direitos e condenação de Jamal foi internacionalmente denunciado por diversas entidades e organizações de direitos humanos. O próprio Mumia Abu-Jamal escreveu  um livro denunciando o racismo presente no sistema carcerário e na justiça americana. Intitulado “Ao vivo do corredor da morte”, o livro de Abu-Jamal extrapola seu caso individual e denuncia a criminalidade do sistema judiciário no qual os americanos têm tanta confiança, onde os acusados de matar vítimas brancas têm 40 vezes mais chances de serem sentenciados à morte do que os acusados de matar negros.

Jamal denuncia o racismo explícito e a repressão excessiva no qual se forjam o sistema judiciário e penitenciário que ao fim e ao cabo alicerçam o sistema capitalista em todo o mundo.  Essa análise se aplica não só a sociedade americana. No Brasil não é diferente, a população carcerária também consiste em sua maioria esmagadora de negros e pobres onde o sistema judiciário é classista e a democracia burguesa é uma falácia.

A luta de Mumia Abu-Jamal, continua mais viva do que nunca. Hoje aos 67 anos, 40 anos depois da sua prisão, no último dia 3 de março Jamal testou positivo para Covid-19 enquanto estava preso na Instituição Correcional Estadual. De lá para cá, ele já perdeu quase 15 quilos, encontra-se altamente debilitado e mesmo assim, o tratamento médico está sendo recusado.

A única forma de combatermos o racismo é com solidariedade de classe e, da mesma forma, nesse momento a única saída para a sobrevivência de Jamal, é a liberdade. Por isso a seção norte-americana da Corrente Marxista Internacional (CMI), Socialist Revolution, obstinadamente apoia o apelo para libertar Mumia Abu-Jamal!

  • Liberdade para Mumia Abu-Jamal!
  • Libertem todos os presos políticos!
  • Por saúde socializada e universal!
  • Lutar pelo socialismo!

Campanha pela liberdade de Mumia Abul-jamal

A Esquerda Marxista e o Movimento Negro Socialista (MNS), convidam todos a enviarem um e-mail às autoridades competentes (governador da Pensilvânia, Tom Wolf, o secretário das prisões da Pensilvânia, John Wetzel e o promotor da Filadélfia, Larry Krasner) exigindo seu direito ao tratamento adequado e sua soltura imediata. Segue sugestão de e-mail:

Meu nome é ________________________ e venho por meio desta mensagem declarar apoio ao companheiro Mumia Abul-jamal e exigir das autoridades responsáveis que:

  • Transfira Mumia para um hospital para cuidados médicos adequados!
  • Liberte Mumia imediatamente!
  • Liberte todos os idosos, presos vulneráveis e presos políticos!

Nome e data

Versão em Inglês:

My name is ________________________ and I have come through this message to declare support for comrade Mumia Abu-jamal who tested positive for Covid-19 and has his life on the line in prison. We demand:

• Transfer Mumia to a hospital for proper medical care!
• Free Mumia immediately!
• Free all elders, vulnerable inmates, and political prisoners!

Nome e data

Enviar para:

justice@phila.gov, jowetzel@state.pa.us, brunelle.michael@gmail.com

Com cópia para: felipe.araujo87@hotmail.com