31 de maio de 2022, 100 mortos, 16 desaparecidos e mais de 6.198 desabrigados. Essa é a situação que se encontra 24 cidades de Pernambuco no momento. Resultado de fortes chuvas e deslizamentos de barreiras que ocorrem em todo o estado há uma semana, que segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), é a pior já registrada nos últimos 10 anos.
A situação também não é muito diferente no estado vizinho de Alagoas, que até o momento possui 18 mil desabrigados, 3 mortos confirmados e 33 cidades em estado de emergência. Além disso Sergipe está em estado de alerta devido aos já presentes alagamentos e previsão de chuvas até a próxima semana pelo menos.
O governo de Recife, capital de Pernambuco, orientou os moradores a procurarem locais seguros diante das previsões e mobilizou mais de 3 mil profissionais para atuarem no socorro às vítimas. Centenas dos que estão auxiliando nos resgates, são cidadãos populares, que não se conformam com o cenário que estão assistindo. Vizinhos que até ontem estavam se esbarrando nas ruas, hoje estão cobertos de terra ou de escombros. O auxílio de equipamentos e forças mobilizadas até o momento, não são o bastante para encarar o tamanho dessa tragédia que ficou registrada na história da região do país.
Todavia, o quadro que se encontra em Alagoas e Pernambuco, é além do aprofundamento da crise climática, uma tragédia das condições de vida. Atualmente, camadas de trabalhadores estão inseridos em áreas menos protegidas, áreas que não possuem atenção adequada de saneamento e infraestrutura e em momentos como estes são as mais atingidas.
Reginaldo Ramos Feitosa, 55, é motorista de ônibus, contou que estava em casa com a filha, uma das vítimas fatais, e a esposa quando uma barreira deslizou e atingiu a casa da família: “Você que é um assalariado, que é um trabalhador, não tem condições de morar em um lugar melhor. A minha filha sempre dizia que quando se formasse e começasse a trabalhar ia dar uma condição de vida melhor para mim, para mãe dela e para a irmã. Mas o sonho acabou né. Agora é viver com a dor e as lembranças”, disse.
A posição de Reginaldo, é a mesma de milhares de trabalhadores do mundo. Resultado de um sistema econômico falho, que não prevê melhores condições de vida para os mais pobres, e não consegue organizar as economias no combate as mudanças climáticas, enquanto os capitalistas estão em suas coberturas lucrando com a destruição.
Uma questão que está sendo divulgada e aclamada é que João Campos (PSB), prefeito de Recife, suspendeu o São João para destinar R$ 15 milhões de reais para as vítimas da chuva, uma medida marqueteira que não resolve de fato os problemas. O orçamento anual da prefeitura de Recife gira na casa dos R$ 6 bilhões e em 2021, R$ 42, 7 milhões foram destinados somente à propaganda (!!).
João Campos, ao retirar verba da festa, deixa os trabalhadores da cultura e trabalhadores informais sem fonte de renda e não prevê nenhuma alternativa como fonte de renda para esses trabalhadores. O mesmo prefeito que levanta essa solução falha, é o mesmo que reduziu para R$ 10 milhões o orçamento de 2022 para a implementação de projetos habitacionais, que era de R$ 24 milhões. Uma redução de R$ 14 milhões, que hoje poderia estar sendo fornecida para auxílio da população afetada pelas chuvas. É importante lembrar que, a Liberdade e Luta não está fazendo a defesa de festas em momentos de tragédia, mas a defesa de uma política séria de apoio a todos trabalhadores.
O momento que estamos vivendo não é único, já vimos isso acontecer em vários cantos do país. É necessário mudar a realidade, lutar por melhores condições socioeconômicas e uma vida justa para todos. É necessário lutar por uma sociedade sem desigualdades onde não se tenha mais trabalhadores vivendo em lugares precarizados.
É necessário lutar pelo socialismo!