Editorial da edição nº 22 do Jornal Luta de Classes.
Segundo artigo de capa do jornal USA Today do dia 12/06, “mesmo com a taxa de desemprego nos EUA alcançando os patamares do pós-Guerra, os trabalhadores norte-americanos enfrentam as piores condições de vida desde a Grande Depressão” [década de 1930].
Com base em análises de dados sobre o desemprego, o jornal burguês relata que o corte nos salários, a redução das horas, férias coletivas e trabalhos de meia-jornada reconduziram os trabalhadores às condições e aos níveis de vida do período que se seguiu à crise de 1929.
Como o país capitalista mais rico do mundo, a catástrofe dos EUA revela qual o futuro que reserva para toda a humanidade este sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção e na exploração da força de trabalho. Afinal, se a coisa tá feia lá, imagina como pode ficar aqui!
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou que, “embora existam sinais de que as contrações da crise tenham diminuído nos países saudáveis, a crise nos países em desenvolvimento se acelera”. E isso os assusta, pois sabem que o povo trabalhador não vai mais agüentar por muito tempo sem se revoltar.
Por isso continuam pipocando ocupações de fábrica e greves em diversos países – o que aumenta ainda mais a importância do 2º Encontro Latino-Americano das Fábricas Ocupadas que ocorrerá em Caracas, na Venezuela, no fim de Junho. Por isso também é que no Peru o povo sai às ruas, apesar da repressão que massacrou os manifestantes a mando do Presidente Alan Garcia. Por isso a juventude já não aceita mais ficar parada e, por exemplo, na USP, quando a greve dos funcionários é reprimida violentamente pela Polícia Militar, um número ainda maior de estudantes e professores se solidariza e adere à greve.
As demissões seguem pelo Brasil afora e os trabalhadores continuam buscando resistir a todo custo, assim como os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô – que completou 6 anos de controle operário e luta pela estatização.
E Lula disse no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra: “Espero que da crise surja uma nova ordem internacional que recompense a produção e não a especulação. (…) Esta nova ordem também deve respeitar as normas meio-ambientais viáveis e transformar o comércio internacional em um instrumento de desenvolvimento para uma distribuição mais justa da riqueza.” Reformismo puro!
Lula acha que é possível que os grandes capitalistas parem de especular, que os patrões fiquem mais bonzinhos? Qualquer trabalhador que passa 44 horas por semana, ou mais, dentro de uma fábrica, sendo esfolado pelo patrão, sabe que não adianta tentar convencer o patrão a parar de enriquecer e distribuir a riqueza para os trabalhadores. Os patrões vão continuar sugando o sangue e o suor dos trabalhadores até não poderem mais. O ex-metalúrgico Lula não sabe disso?
Ao invés de pedir aos patrões que fiquem bonzinhos, está na hora de agir contra eles. Antes que os efeitos da crise no Brasil se tornem piores do que nos EUA. Mas, se Lula desejasse agir contra os patrões ele sabe que teria que romper as alianças com os capitalistas e seus partidos burgueses. Romper a colaboração de classes com os capitalistas é a condição para começar a governar em defesa dos trabalhadores!
Por isso a Esquerda Marxista apresenta para discussão a tese “Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!” nas eleições internas (PED) do Partido dos Trabalhadores. Junte-se a nós. Faça contato!