Em janeiro deste ano, o Congresso da CNTE deliberou o chamado de greve geral da educação a partir de 15 de março, como decisão para derrotar o projeto de Reforma da Previdência do governo Michel Temer. Decisão mais que acertada e que foi saudada por todos os setores que desejam honestamente organizar para a luta contra a série de ataques que a classe trabalhadora vem sofrendo. Entre a convocatória e a ação prática para organizar a greve, houve um grande descompasso.
Inicialmente, a CUT, que deveria encampar o movimento, conclamando todos os seus sindicatos a construir a Greve Geral, limita-se a chamar um dia de paralisação. Na sequência, tanto a direção da CNTE quanto a da CUT – amplamente dominadas pela Articulação Sindical – nada encaminham para organizar de fato suas bases para o movimento. A direção nacional da CUT, por exemplo, não se reúne desde o ano passado, e nem diante de toda a conjuntura desastrosa que estamos passando, foi convocada para se posicionar. Resultado: da Executiva Nacional às Direções Estaduais e microrregionais, há uma apatia escandalosa, enquanto um turbilhão arrasta a vida e o imaginário dos trabalhadores. Apesar disso, em todo o Brasil houve grandes mobilizações no dia 15, fruto do desejo incontido das massas de irem às ruas defender seus direitos e graças às iniciativas pontuais e isoladas de alguns sindicatos.
Aqui em Santa Catarina, poucas categorias paralisaram suas atividades. Pouquíssimos sindicatos chamaram assembleias previamente com suas bases para discutir a preparação para a paralisação. Entre as exceções estavam os sindicatos dos servidores municipais de Joinville e de Florianópolis, dirigidos majoritariamente por militantes da Esquerda Marxista. Na Capital, os trabalhadores da Companhia de Melhoramento da Capital (Comcap) e da Prefeitura fizeram uma grande paralisação. O mesmo aconteceu em Joinville, onde o Sinsej realizou uma atividade e passeata com cerca de 3 mil servidores que cruzaram os braços. Ambas as paralisações foram possíveis pelo persistente trabalho empreendido pelas direções para explicar a dimensão da Reforma da Previdência. Esta, no entanto, não é a situação em que encontra-se o Sinte-SC, que marcou-se assembleia apenas para o dia 15 de março – sem que nenhum grande esforço de mobilização tenha sido feito para preparar a assembleia e a adesão à Greve Nacional.
A assembleia do SINTE
Na ausência de um sério trabalho de base por parte da Direção Estadual do sindicato, a assembleia do Sinte/SC em 15 de março reuniu cerca de mil trabalhadores (embora a base contenha mais de 60 mil, com pelo menos 30 mil na ativa). Encurralada pela situação e para aparentar combatividade, a direção apresentou a proposta de greve imediata para todos os trabalhadores em educação do estado. Uma decisão equivocada, pueril e insensata. Sem avaliar o quadro nacional de mobilização dos sindicatos e – principalmente – sem avaliar a própria organização e disposição da categoria, os burocratas que dirigem o sindicato tentaram impor a deflagração da greve. O que, se levado a cabo, possivelmente poderia levar a mais uma derrota da categoria.
Os dirigentes da Regional Joinville, militantes da Esquerda Marxista, alertaram do perigo destas decisões “de gabinete”, tomadas pelas costas da maioria dos trabalhadores. Propuseram construir seriamente o combate contra a Reforma da Previdência, contra todos os ataques nacionais e também pela defesa das pautas locais dos trabalhadores em educação. Para tanto, sugeriram adiar a decisão, convocando uma nova assembleia para dia 25 de março, com o compromisso de a direção empreender um sério e detalhado trabalho de base, a fim de mobilizar o conjunto da categoria.
Apesar das tentativas da direção de manobrar a votação, a esmagadora maioria dos trabalhadores presentes votou na proposta dos representantes da regional Joinville. Uma decisão responsável e madura, que reflete muito bem o espírito de nossa categoria: somos trabalhadores experimentados na luta, que muito já apanhamos e sofremos e – portanto – sabemos que uma greve, para ser vitoriosa, precisa ser construída solidamente pelas bases e contar com ampla adesão.
Correr contra o tempo e contra a burocracia
Um combate nacional contra as Reformas de Temer requer mais que decisões burocráticas. Requer mais do que greves isoladas. É preciso intensificar a discussão na base, ao mesmo tempo em que se cobra do conjunto do movimento sindical o compromisso sério com a luta. Se a burocracia sindical insistir em greves pontuais e minoritárias, estará preparando a derrota do conjunto da classe trabalhadora.
Está marcada para dia 28 de março a primeira votação na Câmara dos Deputados do projeto da Reforma da Previdência. Até o momento, a CUT limitou-se a marcar reunião da sua direção nacional em Brasília, nessa data, para “acompanhar a votação”. Nenhuma marcha a Brasília, nenhuma greve, nenhum ato. Das outras Centrais, nenhum encaminhamento. O que se percebe é o conjunto das grandes direções completamente paralisado frente aos acontecimentos. Alguns, apostando no projeto Lula 2018. Outros, simplesmente porque não acreditam na capacidade de luta dos trabalhadores que representam.
Nós queremos lutar! Nós queremos derrotar a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista, a Terceirização e qualquer ataque do governo federal. Chamamos o FORA TEMER E O CONGRESSO NACIONAL. Não acreditamos que uma eleição vai resolver os problemas da classe trabalhadora, mas sim a luta em unidade dos trabalhadores brasileiros.
Nós também queremos combater os desmandos de Raimundo Colombo. Queremos derrotar a Reforma do Ensino Médio e sua aplicação em Santa Catarina. Queremos combater por uma pauta de reivindicações clara e objetiva, em uma campanha salarial organizada.
Para isso, os militantes da Esquerda Marxista, especialmente na Regional Joinville farão um criterioso roteiro nas maiores escolas na semana que vem. Ocasião em que não serão medidos esforços para explicar a todos a importância da luta e da greve contra todos os ataques e pelas nossas reivindicações. Convocamos cada trabalhador em educação para que discuta em sua escola o momento que vivemos e a necessidade de participar da próxima assembleia no dia 25.
Não se faz uma greve forte com ilusões e fantasias. Não se substitui a organização real dos trabalhadores por ordens de gabinete. A verdade é revolucionária e há de prevalecer. Não se é um grande lutador apenas pelos bonitos e veementes discursos. Quem de fato está disposto a combater pela unidade da categoria, pela construção da greve contra todos os ataques, esse é o momento de se colocar a trabalho.
Não nos intimidaremos com agressões, empurrões ou falácias distribuídas nas redes sociais. Ao invés de semear calúnias e confusões, cabe à direção estadual assumir seu papel e ajudar a construir o movimento.
A todos os trabalhadores da base do Sinte-SC, de qualquer cidade em que esteja, fica a convocação para juntos superarmos as disputas de frações historicamente na direção do sindicato, que tanto atrasam a unidade, organização e luta de nossa categoria.
Junte-se a nós.