Foto: Luiz Neto

Construir os Comitês de Ação: discutir, organizar e lutar para pôr abaixo o governo Bolsonaro

Editorial da 6ª Edição do jornal Tempo de RevoluçãoFaça sua assinatura e receba no seu e-mail!

A maioria da população desaprova o governo Bolsonaro (62% segundo pesquisa realizada pelo PoderData divulgada em 21 de julho). Centenas de milhares foram às ruas em 29 de maio, 19 de junho, 3 de julho e 24 de julho.

A pandemia continua matando em média cerca de mil pessoas por dia, enquanto a vacinação completa não atinge 20% da população. A burguesia quer retomar a “normalidade” e governantes determinam o retorno das aulas presenciais sem a vacinação completa, isso só poderá provocar a perda de mais vidas proletárias para preservar os lucros dos capitalistas.

A crise econômica atinge a classe trabalhadora em cheio com o desemprego, a inflação e a fome. Segundo a própria ONU são 49,6 milhões de brasileiros que sofrem de insegurança alimentar grave ou moderada, ou seja, passam fome. As cenas de filas na porta de um açougue em Cuiabá para conseguir doação de ossos é um retrato disso.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, avisa o que virá após o recesso parlamentar: “Terá sequência a reforma administrativa e vários outros assuntos de reformas e privatizações de ajustamento da nossa máquina”. Está engatilhada a privatização dos Correios e a reforma administrativa (que tem como centro pôr fim à estabilidade dos servidores e o avanço da iniciativa privada nos serviços públicos).

Bolsonaro busca sobreviver ampliando seus laços com o “centrão”, contrariando todo o demagógico discurso contra a velha política que utilizou para se eleger. Vendo a reeleição como uma possibilidade cada vez mais distante, prepara o discurso da derrota levantando a possibilidade de fraude nas eleições e a necessidade da volta do voto impresso. Para a burguesia esse discurso é colocar mais dúvidas sobre o seu sistema político e, por isso, o STF e o STE partem para o contra-ataque.

Apesar de todo este quadro, apesar da disposição presente na base em combater para pôr fim ao governo odiado, Bolsonaro se mantém no poder. As direções de PT, CUT, PCdoB, UNE, PSOL etc., apostando na eleição de Lula em 2022, não mobilizam de fato a base para as próprias manifestações que convocam, que são massivas apesar destas direções e não por conta delas.

Mas ir seguidamente para as ruas, sem perspectiva de vitória, tende a levar o movimento ao desgaste. É preciso ir além. É preciso organizar e mobilizar nos locais de trabalho e estudo e construir uma Greve Geral. Na Colômbia, o “Paro Nacional” fez o governo recuar de ataques e só não foi além, só não foi capaz de derrubar o desmoralizado governo de Ivan Duque, pela covardia do Comitê Nacional da Greve encabeçado pelas centrais sindicais colombianas (CUT, CTC e CGT).

A necessidade da Greve Geral é a perspectiva de combate discutida e aprovada no “Encontro Nacional de Luta Abaixo o governo Bolsonaro! Por um Governo dos Trabalhadores sem Patrões nem Generais!” realizado em 10 de julho e que contou com 1.758 inscritos de 25 Estados do país e do DF.

  • O Encontro aprovou um manifesto e uma plataforma com reivindicações para a construção da Greve Geral:
  • Vacina para todos já! Contra a privatização do SUS! Saúde pública e gratuita para todos!
  • Seguro-desemprego permanente para todos os desempregados! Garantia de emprego para todos!
  • Congelamento dos aluguéis! Expropriação dos prédios e terrenos ocupados: Moradia para todos os trabalhadores sem-teto!
  • Anulação das contrarreformas trabalhista e da previdência! Todos os trabalhadores devem ter direitos trabalhistas e direito à aposentadoria integral!
  • Contra os cortes na educação! Por vagas para todos nas universidades públicas! Abaixo a Reforma do Ensino Médio! Educação pública, laica e gratuita para todos!
  • Contra as privatizações! Anulação de todas as privatizações efetuadas pelos governos FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro!
  • Não pagamento da dívida pública (interna e externa), que não foi o povo que fez e que só desvia dinheiro público para os bolsos dos especuladores! Dinheiro público para melhorar e estender os serviços públicos para todos!
  • Abaixo Bolsonaro agora! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!

Além do manifesto, o encontro aprovou a constituição de Comitês de Ação locais para seguir a discussão e intervir na base para ampliar a organização e o combate para pôr abaixo o governo Bolsonaro já! É tarefa dos Comitês mobilizar e organizar a participação nos atos de 11 de agosto (Dia do Estudante), 18 de agosto (greve e atos contra a PEC 32) e 7 de setembro (Grito dos Excluídos) colocando a necessidade da greve geral de toda a classe trabalhadora e a plataforma de reivindicações aprovada no encontro de 10 de julho.

O encontro decidiu ainda pela constituição de um Comitê de Ligação Nacional que editará um boletim mensal para todos os participantes do encontro e aos que aderirem ao manifesto. O boletim publicará informação sobre os comitês de ação e suas atividades, além de contribuições de seus participantes.

Apoie o manifesto! Junte-se aos Comitês de Ação!