Em seu discurso no dia 13 de abril, Emmanuel Macron anunciou a concessão de auxílio emergencial para famílias de baixa renda e estudantes com dificuldade financeira. Após o Conselho de Ministros, realizado no dia 15 de abril, o governo detalhou o valor insignificante do auxílio emergencial que será pago em 15 de maio: 150 euros (mais 100 euros por criança) para os 4,1 milhões de famílias mais pobres. No entanto, não foi mencionada a ajuda concedida aos estudantes. No momento em que escrevo, ainda não sabemos o valor desse subsídio ou quando ele estará disponível. Enquanto isso, a situação de muitos estudantes mergulhados na extrema pobreza torna-se verdadeiramente preocupante.
Uma situação já preocupante
Geralmente, a situação dos estudantes não é invejável. Aproximadamente 20% dos estudantes vivem abaixo da linha da pobreza, sendo a categoria mais pobre da população depois dos desempregados. As bolsas concedidas por critérios sociais variam de 100 a 500 euros mensais e são pagas apenas por 10 meses. Na realidade, 62% dos estudantes são excluídos do sistema de bolsas e, portanto, não recebem ajuda do Centro Regional de Universidades e Escolas (CROUS). O Estado considera que seus pais podem ajudá-los financeiramente, mas a maioria deles só pode receber pouca ou nenhuma ajuda da família. Isso significa que 46% dos estudantes recebem auxílio, sendo que a falta do mesmo é a principal causa de reprovação na universidade. Foi essa situação que levou Anas K., um estudante de 22 anos, a se incendiar em frente ao CROUS, na cidade de Lyon, em 8 de novembro.
Desemprego e condições de vida desumanas
Durante esse período de confinamento, a situação piorou ainda mais para muitos estudantes. A maioria deles perdeu suas atividades, pois trabalhavam em restaurantes, bares ou como babás, e se encontram em desemprego parcial. Eles, portanto, sobrevivem com um salário insuficiente para viver de maneira adequada. Mas parte significativa dos estudantes assalariados trabalhava sem declaração e, consequentemente, ficou sem recursos da noite para o dia. Mais uma vez, eles não podem contar com a ajuda de seus pais, que frequentemente se encontram em desemprego parcial, como 8,7 milhões de franceses, ou estão totalmente desempregados. Muitos estudantes vivem com pouco dinheiro e são incapazes de fazer mais de uma refeição ao dia.
A situação nas moradias estudantis é catastrófica. Muitos estudantes – principalmente estrangeiros – não tiveram a sorte de poder voltar para suas famílias e tiveram que se confinar em seus 9 m², em estruturas que oferecem condições de vida deploráveis. Por exemplo, nas acomodações do CROUS em Villeneuve-d’Ascq ou no Arsenal em Toulouse, os estudantes se deparam com baratas e percevejos todos os dias. As áreas comuns (cozinhas e banheiros) são raramente lavadas, o que geralmente já é inaceitável, mas torna-se absolutamente perigoso durante uma epidemia. Os aluguéis de estudantes que tiveram a oportunidade de deixar suas acomodações foram congelados, mas os de estudantes obrigados a ficar lá se mantiveram. Portanto, mais uma vez, os mais pobres pagam! Os estudantes que não vivem na moradia estudantil não estão em melhor situação. Vivem em apartamentos de aproximadamente 20 m² e muitos relatam dificuldades psicológicas durante esse confinamento.
Ensino a distância e exclusão digital
As universidades estão fechadas desde o dia 16 de março e só reabrirão após o verão. Os estudantes estão sendo convidados a dar continuidade ao semestre on-line, desafiando o acesso desigual à internet e aos computadores. Um número significativo de estudantes não tem acesso à internet e não tem como prosseguir com os estudos.
As medidas tomadas para a “continuidade pedagógica” variam entre as universidades e dentro das mesmas. Alguns professores criaram aulas on-line, enquanto outros se contentam em fornecer folhetos com suas atividades. Mas sem as explicações dos professores, muitas vezes é difícil entender corretamente os conceitos abordados. Nada disso impediu a maioria das universidades de manter seus exames, que serão realizados on-line nas próximas semanas.
Os sindicatos estudantis exigem a aprovação automática no semestre, argumentando que é impossível, dada a situação atual, garantir condições favoráveis a exames e provas. O coletivo Facs et Labos em Lutte lançou uma petição sobre esse assunto.
A classe dominante está fazendo trabalhadores e jovens pagarem pela crise, enquanto a CAC40 1 paga 60 bilhões de euros em dividendos. A burguesia planeja ainda mais cortes na assistência social e atacar fortemente nossas condições de trabalho. Não ao nosso futuro sacrificado, desemprego e miséria! A crise econômica pela qual estamos passando torna essencial a chegada ao poder, o mais rápido possível, de um governo operário que represente e defenda os interesses dos trabalhadores, dos pobres e dos jovens. Revolução!
Nota: 1 CAC40: índice bolsista que reúne as 40 maiores empresas cotadas da França.
TRADUÇÃO DE JACQUELINE RIBEIRO.
PUBLICADO EM MARXISTE.ORG