Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 20, de 26 de novembro de 2020. CONFIRA A EDIÇÃO COMPLETA.
Crise política e lutas dos trabalhadores no Peru
No dia 9 de novembro foi aprovado o processo de impeachment que levou ao fim o mandato do ex-presidente Martín Vizcarra. A acusação que levou todo o processo é a denúncia de recebimento de propina que Vizcarra teria recebido, como governador em 2014, do conglomerado empresarial brasileiro, Odebrecht. Vizcarra não foi eleito para o cargo, tendo assumido como presidente em 2018 após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, também denunciado em esquemas com a Odebrecht.
A alegação de “incapacidade moral” foi utilizada para justificar o impeachment. O processo foi conduzido por Manuel Merino, ex-chefe do Congresso que assumiu a presidência de forma interina até sua renúncia cinco dias depois.
Merino assumiu a presidência com um discurso conciliador, falando em respeitar o processo eleitoral marcado para o ano seguinte, porém as massas de trabalhadores fartas e desesperadas por condições de vidas dignas já não acreditam mais nas instituições e foram às ruas exigir o “Fora Merino”.
A classe trabalhadora peruana observa há tempos a decadência “moral” da classe dominante, entre esquemas de corrupção e medidas de austeridade, o sistema é questionado por todos os lados. As manifestações começam a tomar forma e organização, os trabalhadores não foram às ruas pedindo pela volta de Vizcarra, estão colocando toda a sua dor e sofrimento na luta contra o sistema, que hoje se expressa na figura de qualquer representante na presidência colocado pelo Congresso.
As lutas, mesmo difusas e tomando caminhos confusos, expressam os sentimentos mais honestos de nossa classe: o sentimento de mudança.