Foto: Secom/Criciúma

De frente pro vírus: professores e a Covid-19

“Tá lá o corpo estendido no chão
[…] Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime”
Aldir Blanc, 1975.

A canção de Blanc fala de um crime cotidiano em uma cidade brasileira, onde muitas mortes ocorrem e acabam sendo banalizadas pela população. Porém, no caso da Covid-19, quem olha o corpo estendido no chão nos hospitais, nas UTIs e nas casas são os governos burgueses, que neste 1 ano e 3 meses de pandemia, nada fizeram senão promover o assassinato em massa causado pelo vírus, atentendo as exigências da classe dominante, negando as vacinas e o direito à quarentena.

O retorno às aulas presenciais, em todo o Brasil, é uma amostra contundente disso. Os governos pressionam e os trabalhadores em educação lutam pelo direito às aulas remotas neste momento, apesar da crise das direções sindicais, que, cúmplices do crime, não mobilizam concretamente a categoria. Assim, milhões de trabalhadores em educação, como sabemos, estão no chão da escola, junto dos estudantes.

A média brasileira, no fim de maio, é de 2 mil mortes e 65 mil contaminações diárias. Consequentemente, nestes meses de aulas presenciais em 2021, os resultados de contaminação também se apresentam assustadores aos professores. Uma prova disto é a pesquisa da Rede Escola Pública e Universitária (REPU), evidenciando que a incidência de Covid-19 entre os professores é 3 vezes maior que no restante da população adulta de São Paulo. Estes pesquisadores da UFABC, Unifesp, USP, UFSCar e IFSP, reunidos na REPU, mostraram, em abril, que esta probabilidade chega a 192%!

Além da exposição em si, a pesquisa e nota técnica da REPU demonstrou que está havendo um ocultamento dos dados epidemiológicos dos órgãos governamentais do Estado de São Paulo, solicitados pela Lei de Acesso à Informação (n. 12.527/2011). Como ocorre desde o início da pandemia com a subnotificação de casos e mortes, os dados levantados pelos governos também apresentam problemas metodológicos e conclusões que tentam maquiar a realidade, buscando justificar a suposta normalidade e o retorno às aulas presenciais. Por isso, estudos independentes são fundamentais para a classe trabalhadora ter ciência dos impactos da retomada das atividades escolares presenciais, que, neste caso paulista, se deram a partir de 8 de fevereiro de 2021.

Foram 554 escolas estaduais acompanhadas por um mês, analisando infecções entre professores a partir do cálculo coeficiente de incidências por 100 mil habitantes. Assim, foram comparadas com a população de 25 a 59 anos, resultando nesta criminosa situação. Além disso, no mesmo período, enquanto a contaminação também cresceu enormes 81% entre a faixa etária referida, o crescimento foi de 138% entre os professores com as aulas presenciais.

Embora estes dados sejam restritos ao estado de São Paulo, sabemos que eles devem se reproduzir em todo o país com as aulas presenciais. As decisões políticas e determinações judiciárias do Estado burguês promovem o alastramento do vírus e da morte entre toda a classe trabalhadora. Nenhum lockdown foi feito e os decretos de “quarentena” serviram apenas para fechar as portas dos pequenos comerciantes e produtores, que, assim como os trabalhadores de forma geral, não recebem o mínimo para sua sobrevivência na crise capitalista. Auxílios de R$150 a R$500 são incapazes de alimentar, pagar as contas e sustentar milhões de famílias na miséria deste sistema.

Está cada dia mais evidente que a classe trabalhadora sabe a quem servem o governo Bolsonaro e os governos locais. A barbárie se impõe e as ondas revolucionárias de vários países do mundo, como a Colômbia, chamam atenção do povo trabalhador no Brasil. A revolta está nas ruas e nas condições de vida de nossa classe, mas precisa ser organizada e canalizada para uma ação consciente em um partido revolucionário a se construir.

Para tanto, convidamos todos para o Encontro Nacional de Luta: Abaixo o Governo Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais! A atividade online ocorrerá no dia 10 de julho, a partir das 13h30. Para participar e nos ajudar neste grande passo para a organização dos trabalhadores e da juventude, faça como os mais de Mil signatários e assine a convocatória aqui.

  • Aulas presenciais só com vacinas para todos!

Fonte:

REPU. Nota Técnica Monitoramento de casos de Covid-19 na rede estadual de São Paulo. Disponível em: <https://www.repu.com.br/notas-tecnicas>. Acesso em: 21 de maio de 2021.