Foto: Esquerda Marxista - RJ

Debate no Rio de Janeiro: mulheres contra Bolsonaro e pelo socialismo

Artigo do movimento Mulheres pelo Socialismo – Rio de Janeiro publicado originalmente no jornal Foice&Martelo 151, de 04 de março de 2020. Conheça e assine nosso jornal quinzenal por este link.

O movimento Mulheres pelo Socialismo realizou, no dia 18 de fevereiro, no Sindipetro (RJ), o debate “Mulheres contra Bolsonaro e pelo socialismo”. Reuniram-se estudantes e trabalhadores de escolas do ensino médio, universidades, como UERJ e UFRJ, da Casa da Moeda, da Petrobrás e outras categorias. Na mesa fizeram a apresentação nossos camaradas Ana Paula e Flávio Reis.

Origem do patriarcado

De modo a entender os fundamentos históricos da opressão contra a mulher, refletimos sobre a análise feita por Engels em seu livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”. Discutimos as mudanças pelas quais passou a família a depender dos modos de organização social de cada momento histórico, demonstrando que a família não é uma organização estacionária.

Após analisar os estágios pré-históricos de cultura, a saber, Estado Selvagem, Barbárie e Civilização, e as formas de família correspondente a cada um, Engels nos ajuda a compreender porque a nossa forma de família monogâmica corresponde a forma familiar da sociedade dividida em classes. A atualidade de Engels, que resgatou trabalhos de antropologia e aplicou o materialismo histórico, indica que a monogamia, baseada no patriarcalismo, consolidou o domínio do homem sobre a mulher, como a primeira forma familiar baseada em condições de produção simples, não “naturais”, em sua constituição.

Essa é uma discussão importante porque a monogamia surgiu como forma de manter as riquezas e o poder de um homem, ao garantir a paternidade dos filhos que um dia entrarão na herança dos bens. Ou seja, a monogamia surgiu como uma forma de escravizar um sexo pelo outro. Fizemos essa discussão destacando que a primeira divisão do trabalho foi a que se fez entre o homem e a mulher para a procriação dos filhos.

Engels analisou etimologicamente a palavra família, e verificou que famulus significa escravo doméstico, e que família significa o conjunto de escravos pertencentes a um mesmo homem. Ou seja, família, em sua origem, é uma organização social formada por indivíduos livres e não livres, estando submetidos ao poder paterno do seu chefe. Todos aqui são sua propriedade: terras, fazendas, animais, filhos e a mulher. São “bens” dos quais o homem teria poder de vida e morte para deles dispor. Para Marx, a família moderna é uma espécie de miniatura em que se podem ver os antagonismos de classe que existem na sociedade.

O patriarcado e a opressão contra a mulher apenas findará com o fim da sociedade de classes e da propriedade privada, ou seja, com o fim do sistema capitalista. Apenas a sociedade socialista é capaz de oferecer a igualdade e o fim das opressões, seja ela qual for.

O Movimento Mulheres pelo Socialismo

Foi apresentada a proposta do Movimento Mulheres pelo Socialismo como uma luta pela ampliação de direitos, pela igualdade, pela emancipação das mulheres, como um combate associado à luta de classes, ombro a ombro com os trabalhadores contra a burguesia, para avançar a consciência e organização de classe. Entendemos que a luta contra o machismo, o racismo etc., faz parte da luta da classe trabalhadora pela revolução socialista.

O manifesto de fundação do Movimento Mulheres pelo Socialismo foi distribuído, incluído sua Plataforma Política de Luta pela Emancipação da Mulher Trabalhadora:

  • Trabalho Igual, Salário Igual;
  • Reajuste mensal dos salários de acordo com a inflação;
  • Pleno emprego para a classe trabalhadora;
  • Contra o sucateamento das condições de trabalho!
  • Pela redução da jornada de trabalho sem redução dos salários para todos;
  • Pela garantia das condições adequadas para mulher no ambiente de trabalho. Pela libertação da mulher da dupla jornada, dos afazeres domésticos;
  • Contra a Reforma da Previdência, aposentadoria por 30 anos de trabalho;
  • Lavanderias públicas, restaurantes públicos, creches públicas etc;
  • Estabilidade no emprego.

A luta contra Bolsonaro

Debatemos também como a luta contra Bolsonaro significa a luta contra esse sistema capitalista. Bolsonaro é um demagogo de extrema direita que se apresentou como candidato antissistema, mas que aplica toda a política do capital e do imperialismo, incluindo as piores formas de preconceitos e opressões sobre as mulheres.

Na discussão que fizemos, explicamos como as eleições são uma farsa, uma distorção da realidade e da política. E porque a luta contra este governo precisa estar centrada na palavra de ordem Fora Bolsonaro.

O Movimento Mulheres pelo Socialismo acredita que a força para derrubar Bolsonaro e construir no seu lugar um governo dos trabalhadores existe, está na unificação das greves e lutas em curso como das categorias petroleiros, professores, estudantes, moedeiros, servidores, correios etc. Está na necessidade de construirmos uma verdadeira greve geral. E as mulheres nesse mês de março devem mirar no exemplo das mulheres russas de 1917, que foram percursoras das greves que iniciaram a revolução que derrubou o Czar.