A Revolução de Saur trouxe enormes avanços sociais ao Afeganistão

Debates abordam a condição das mulheres no Afeganistão e a luta pelo socialismo

Em ocasião da retomada do poder pelo Talibã no Afeganistão, em agosto deste ano, a grande mídia inflamou os debates sobre a importância dos direitos das mulheres, conhecidamente suprimidos pelo grupo fundamentalista islâmico, e caracterizaram toda a opressão e violência sob as quais as mulheres afegãs viverão a partir de agora. O movimento Mulheres pelo Socialismo (MPS) se debruçou sobre essa questão e seu entorno em duas atividades regionais, nos dias 11 e 19 de setembro, trazendo a crítica de que não é apenas sob o Talibã que as mulheres são subjugadas e que, mesmo diante disso, é possível alcançar a emancipação.

 Em 11 de setembro, o debate “As mulheres no Afeganistão, no Brasil e a luta pelo socialismo” foi organizado pelo MPS do RJ, MG e Nordeste, contando com a presença de 29 pessoas. A mesa foi composta por quatro militantes do MPS, que trouxeram um panorama mais abrangente sobre o papel da mulher na família e na sociedade de classes, e o reflexo disso na sociedade atual. Cada camarada impulsionou um aspecto para composição da discussão. A camarada Ana Luiza abordou a situação das mulheres no Afeganistão e a importância das reivindicações democráticas mais elementares como direito ao trabalho e à educação, separação entre Estado e igreja, por um Estado laico; a situação das mulheres no Brasil, foi trabalhada por Natasha Alves, que resgatou a condição das mulheres brasileiras neste período de pandemia; já a situação das mulheres em outros países foi feita pelo informe de Leslie Loreto; por fim, as falas foram concluídas com a discussão trazida por Ana Paula sobre a internalização das opressões que as mulheres sofrem, devendo, portanto, a luta pela emancipação da mulher também ser em âmbito internacional.

Participantes da atividade realizada no dia 11 de setembro.

Em São Paulo, a atividade do dia 19, “As mulheres no Afeganistão e a luta pelo Socialismo“, foi composta pelo informe de duas camaradas e contou com a presença de 52 participantes. Ana Claudia Castro falou sobre o período revolucionário do Afeganistão com a Revolução de Saur e a presença da União Soviética, ressaltando os avanços do país e na condição das mulheres, a despeito da burocracia estalinista e das investidas contrarrevolucionárias do imperialismo norte-americano. Michelle Vasconcellos resgatou o período de domínio do Talibã, bem como o papel dos EUA para sua formação, e a ocupação do país pelas tropas norte-americanas, oferecendo um paralelo entre os dois momentos especialmente no que se refere à condição das mulheres.

Cada atividade apresentou considerações muito semelhantes, mesmo diante dos seus recortes. O momento de debate, também com a fala dos participantes, resgatou a discussão sobre a condição das mulheres na família e na sociedade sob a lógica da divisão de classes no capitalismo, e da condição de exploração inerente a este. O sistema capitalista se apropriou da desigualdade, e assim, reforça e acentua as opressões, sendo a opressão contra as mulheres uma condição que também existe fora do regime de caráter religioso imposto pelo Talibã, bastante presente no cotidiano das mulheres no mundo inteiro. Reafirmou-se, então, que a luta pela emancipação da mulher é também a luta pela emancipação da humanidade, pois, apesar das diversas formas de opressões, e das diferentes premissas que compõem os governos, a linha que une todas elas, a real causa das nossas opressões, é o sistema capitalista.

Material de divulgação da atividade realizada no dia 19 de setembro.

Por isso, defendemos que a nossa bandeira é a luta de classes, pois ela unifica nossas reivindicações por melhores condições de vida e por direitos, guiando-nos na luta pela construção do socialismo, o que, nas palavra de Rosa Luxemburgo, significa lutar por “um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.

Convidamos os participantes a integrarem os Comitês de Ação Abaixo Bolsonaro em suas regiões, grupos que articulam a discussão política e a ação prática na luta de classes.

Reforçamos, por fim, a todos que apoiam a nossa luta o convite para estarem conosco no Encontro Nacional de Núcleos do Movimento Mulheres Pelo Socialismo, no dia 25 de setembro, às 15hrs! Inscreva-se aqui!