Governos componentes do organismo capitalista busca isolar e pressionar Maduro, embora permanência da Venezuela consista em um perigo a mais para a revolução.
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, quatro sócios fundadores do Mercosul, decidiram no último dia 13 de setembro marginalizar a Venezuela. A presidência é rotativa (a cada seis meses) e seria a vez da Venezuela (por ordem alfabética).
No entanto, foi decidido que será criada uma presidência colegiada do bloco até 1 de dezembro de 2016, momento em que a Venezuela terá para cumprir todos os compromissos assumidos há quatro anos, quando foi admitida no conglomerado. Caso não cumpra, será suspensa. Obviamente que as coisas estão montadas para justificar seu afastamento, como forma de desmoralizar seu governo. Maduro reage conciliando, buscando setores de oposição.
Entretanto, não podemos esquecer o que é o Mercosul, mesmo que se constate a tática de provocar a tensão em relação à Venezuela. O Mercosul é a expressão de uma articulação entre as burguesias regionais sob o controle do imperialismo. É um instrumento de organização do capital, facilitando e gerenciando a produção e a circulação de mercadorias, com vistas a rebaixar o custo da força de trabalho e aumentar a mais-valia.
No período anterior, a organização internacional era dominada por governos capitalistas com uma face reformista. A entrada da Venezuela não foi uma vitória da revolução, mas sim um passo para seu estrangulamento. Agora que esses governos títeres foram substituídos por outros assumidamente de direita, Maduro está isolado no bloco.
Por isso, da Esquerda Marxista não virá qualquer defesa do Mercosul e da permanência da Venezuela em sua composição. Ao contrário: combatemos qualquer articulação patronal, regional ou internacional. Somos internacionalistas, mas o nosso lema é diferente: Trabalhadores do mundo, uni-vos.
Obviamente, a oposição venezuelana comemorou a decisão do Mercosul como uma derrota para o governo do presidente Nicolás Maduro. A decisão obriga, por exemplo, Maduro a liberar os presos políticos e permitir a realização, ainda neste ano, do referendo revogatório convocado pela oposição. Isso serve para reforçar o cerco ao governo, pressionando-o para se submeter aos interesses do imperialismo e sua corja venezuelana.
Além do aumento do tensionamento interno, é clara a geopolítica do imperialismo na América Latina, escancarando o interesse de isolar a Venezuela. O presidente Argentino, Maurício Macri, deixou clara essa posição: “A Venezuela não acrescentou nada ao Mercosul”. José Serra, Ministro das Relações Exteriores, afirmou que: “A Venezuela não cumpriu os pré-requisitos do Mercosul. O governo venezuelano entrou no Mercosul a partir de um golpe, porque para entrar é preciso que os outros membros concordem unanimemente e o Paraguai não concordava”. Piada pronta.