1. Nas primeiras horas da tarde desta sexta-feira, 14 de março, chegavam notícias do que fora cometido pela Guarda Nacional contra os trabalhadores da Sidor, que se tem como saldo dezenas de trabalhadores detidos e feridos. Pela CMR, Corrente Marxista Revolucionária, nos solidarizamos com a luta destes trabalhadores e condenamos a repressão a cargo da GN. Exigimos a imediata liberdade de todos os detentos, a destituição e a instalação dos procedimentos judiciais dos responsáveis deste atropelamento contra os trabalhadores da Sidor.
2. Esta repressão produz-se num momento decisivo da luta quando o ministério do trabalho pretendia lançar um referendo dentro da empresa com o fim de suspender a greve. A atitude do ministério de trabalho está sendo enormemente negativa neste conflito como em outros muitos em todo o país. O ministério de trabalho deveria estar tentando ajudar a luta dos trabalhadores pela nacionalização da empresa em vez de mediar com a multinacional argentina Termiun, que conseguiu enormes benefícios com a exploração dos trabalhadores da Sidor e de suas contratadas.
3. Não há conciliação possível entre os interesses dos trabalhadores e os empresários, sejam nacionais e estrangeiros. Não há via intermediária entre o capitalismo e o socialismo. Esse é o caminho que levou à derrota e o desastre no Chile e Nicarágua. A atitude do ministro do trabalho Rivero está prejudicando gravemente o apoio e a confiança da classe trabalhadora no governo do Presidente Chávez. O governo nacional deve fazer uma mudança radical em sua política para os trabalhadores. O Presidente Chávez propôs em 2007 a idéia de nacionalizar a Sidor e tem que passar das palavras aos fatos.
4. A luta dos trabalhadores da Sidor é um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora de Venezuela. Para triunfar, deve estender-se e ganhar o apoio da maioria da população e das bases do movimento revolucionário bolivariano. O movimento grevista deve estender-se ao resto de trabalhadores e comunidades lutando pela nacionalização sob controle operário como única saída para a resolução do conflito. A única maneira de garantir as demandas salariais e de melhora nos postos de trabalho é através da estatização da Sidor e de todas as empresas em crises, infra-utilizadas, cujos donos que sabotam a economia, conduzem ao desabastecimento e violentam a constituição desrespeitando os direitos dos trabalhadores. As fábricas devem estar sob controle dos trabalhadores.
5. A nacionalização da Sidor deve ser o primeiro passo para a nacionalização dos monopólios e dos meios de produção sob controle dos trabalhadores e das comunidades, único caminho possível para a construção do socialismo na Venezuela. A burguesia é incapaz de desenvolver o aparelho produtivo do país, e cobrir as necessidades o povo. É uma classe parasita. Só a classe trabalhadora aliada com as comunidades e camponeses pode implementar o desenvolvimento popular do país, e produzir não em função do benefício de uns poucos, senão em função da necessidade social.
6. O governo bolivariano deve continuar o caminho da nacionalização que se inicio em 2005 com a expropriação da Venepal e CNV (Construtora nacional de Válvulas), e em 2007 com a nacionalização da Faixa Petrolífera do Orinoco, da CANTV e da Eletricidade de Caracas. O governo bolivariano deve passar das palavras aos fatos na erradicação do capitalismo na Venezuela e na construção do socialismo.
7. Assim, pela CMR, fazemos um chamado aos sindicatos da UNT (União Nacional dos Trabalhadores) e às correntes dentro da mesma a deixar de lado as diferenças passadas e organizar uma conferência nacional urgente da UNT para unificar as lutas dispersas da classe trabalhadora meio à luta contra a sabotagem econômica, à revolução e ao desabastecimento e que se ponha como finalidade uma jornada nacional de ocupações de fábricas para exigir do governo nacional a nacionalização sob controle operário das empresas em crises, fechadas ou em conflito como Sidor e outras centenas, bem como o desenvolvimento dos conselhos de fábrica como base para o controle operário da produção que, conjuntamente com os sindicatos da UNT, se convertam na coluna vertebral do novo estado revolucionário que a revolução bolivariana precisa para marchar ao socialismo.
Caracas, 14 de março de 2008
Corrente Marxista Revolucionária