Como boa parte dos professores e das famílias já estão sabendo, o governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou o retorno às aulas a partir do dia 8 de setembro. A prefeitura de Caieras segue o calendário e as determinações estaduais, iniciando as atividades para planejar o retorno.
Professores e gestores têm se reunido para discutir “protocolos” de retorno, o conteúdo a ser ministrado e se desgastando para solucionar demandas que extrapolam as questões pedagógicas e escolares. Vemos que é mais uma sobrecarga nas costas dos trabalhadores da educação no município. Muitos professores, inclusive, têm sido convocados a fazer reuniões na própria Secretaria Municipal de Educação (SME) fora do seu horário de trabalho e sem receber o vale-transporte, que foi cortado desde abril.
Está cada vez mais claro que as escolas vão ter que “se virar” com a verba para garantir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O mais provável é que tanto gestores, quanto professores, crianças e familiares vão acabar tirando tudo do próprio bolso, como já tem ocorrido. Além disso, sabemos bem que as escolas mal têm verba para os produtos básicos e rotineiros de higiene. Como podemos ser obrigados a retomar às aulas sem nenhuma condição para isso?
A Secretaria de Educação tem apresentado diversas lives em que empatia, resiliência e tolerância são “valores” necessários aos trabalhadores da educação nesse momento para acolher as crianças no retorno às aulas. Na verdade, isso é o mesmo que empurrar o “rebanho” (os trabalhadores, as crianças e as famílias) para o abate, enquanto o governo repete palavras de amor e carinho. Mas todos estamos percebendo essa situação!
É visível a inquietude e a insegurança dos trabalhadores da educação diante da absoluta instabilidade e das pressões. Já há casos de professores contaminados mesmo antes da volta às aulas e familiares já anunciaram que não vão enviar seus filhos para a escola. No dia 28/7, já estavam registrados 1.117 casos confirmados e 66 mortes no município que tem apenas 101.470 habitantes. No estado de São Paulo já são mais de meio milhão de casos confirmados e mais de 23 mil mortes. O retorno às escolas pode rapidamente resultar no aumento de infectados no município devido ao aumento na circulação de pessoas nos trens e ônibus.
Sabemos que há um relaxamento da quarentena (que mal chegou a se efetivar de fato) no estado e que isso aumenta a pressão para as famílias terem onde deixar seus filhos. Mas, não deveria ser dever do Estado garantir renda e salário para todos poderem ficar em quarentena e cuidar da saúde e da vida de seus familiares? Em vez disso, os governos vão na contramão da efetivação da quarentena e da garantia de direitos básicos, pois sabem que quem serão prejudicado pela contaminação são os mais pobres.
Diante dessa situação, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) entregou um abaixo-assinado para o governo estadual se posicionando contra a volta às aulas. Esse poderia ser um primeiro meio de mobilizar os trabalhadores da educação e as famílias caieirenses contra a irresponsabilidade dos governos. A Associação de Professores Municipais de Caieiras (APMC) pode cumprir um papel importante, organizando a categoria junto dos familiares contra essa medida irresponsável do governador João Doria e do prefeito Gerson Romero (PSD). O ano letivo pode ser recuperado em qualquer momento, mas a vida de nossos familiares não!
- Sem vacina, sem aula!
- Não à reabertura das escolas!
- Pelas nossas vidas, dos nossos alunos e seus familiares!
- Em defesa da educação pública, gratuita e para todos!
- Pelo direito ao isolamento absoluto!
- Abertura de hospitais públicos!
- Em defesa da saúde pública, gratuita e para todos!
- Testes em massa para a população!
- Renda e emprego para os trabalhadores!
- Insumos eletrônicos e internet gratuita para os alunos!
- Fora Doria! Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!