Dilma e a direção do PT não apresentam nenhuma solução ao grito das ruas

Em 2008, criticando os que diziam que a crise econômica vinha para ficar, Lula respondia que era somente uma “marolinha”. Passaram-se cinco anos e aquilo que era uma “marolinha” começou a virar um vagalhão. Em outros países o desemprego e a miséria batem recorde como há muito não se via. A Europa tem índices de desemprego que chegam a 25% em alguns países. Nos EUA, os mais pobres empobrecem mais e mais, os mais ricos enriquecem mais e mais. Na China a produção e o comércio veem caindo. Os especialistas burgueses divergem sobre se ocorrerá um pouso forçado e suave ou se ocorrerá um grande choque.

No Brasil, os números mostram que estávamos rateando o ano passado, com um crescimento pífio e que este ano as coisas estão piorando. E alguém vai ter que pagar a conta. O governo corta 10 bilhões de reais do Orçamento, concedeu desonerações tributárias que chegam a 35 bilhões de reais nestes 6 primeiros meses e há um déficit na balança de pagamentos de 42 bilhões de dólares de janeiro até hoje.

O resultado é que aquilo que os manifestantes sentiam, a piora nos transportes, na educação e na saúde, tende a continuar. O governo pretende aumentar a privatização de portos, aeroportos, estradas, concessões de petróleo (pré-sal), manter o pagamento da dívida interna e externa e nada de resolver os problemas mais sentidos pelo povo.

PT, CUT, as centrais sindicais e os partidos não apresentam soluções

Os jovens gritavam nas ruas: “sem partido”. Verdade que o grito começou com provocadores de direita ou policiais infiltrados. Mas, porque pegou? Se olharmos a resposta que os partidos dão para o momento de agora, veremos que a juventude tem razão ao gritar que não quer nada disso. O diretório do PT se reuniu para discutir a conjuntura política. Ao final não aprovou nada. A moção de censura contra um deputado (Vacarezza), que mais parece infiltrado da direita, não foi aprovada. Sobre o texto de conjuntura ocorreram tantas divergências dentro da corrente majoritária que ela nem foi levada a voto e encomendaram outro texto.

De concreto, mesmo, somente a disposição da direção majoritária de excluir José Dirceu e Genoíno da Chapa ao próximo diretório Nacional a ser eleito em Novembro.

E o que propõe o governo? Manter o superávit fiscal, uma reforma política que não muda nada, “mais médicos” para o interior quando os problemas de saúde nas capitais são imensos e uma mudança nos cursos de medicina que terá efeitos a partir de 2021!

Dilma diz que o PT tem que ouvir a voz das ruas e se aferra ao plebiscito e à reforma meia boca sobre os partidos, Lula afirma que vai defender a presidente com garras afiadas.

As centrais sindicais, a CUT em primeiro lugar, apesar de levantarem pontos justos em sua plataforma esquecem questões centrais – a estabilidade no emprego, a escala móvel de salários (gatilho salarial), a reestatização do que foi privatizado, contra toda e qualquer nova privatização.

O que está em jogo?

Muito barulho e fumaça que realmente não escondem o que de fato está ocorrendo: Dilma despenca nas pesquisas eleitorais, o PSDB empaca, o PSB e a Marina não são confiáveis à burguesia, não podem, não têm força moral e política para conter as massas. Lula segue sendo, a contragosto do capital, a salvação para a burguesia e a preservação da aliança do PT com os partidos burgueses. Por isso silenciaram-se Zé Dirceu, Genoíno e João Paulo Cunha. Por isso a reunião da direção do PT não tirou nada de concreto para enfrentar a crise.

A crise econômica e política ameaça a estabilidade do pacto de classes e quando a ela vier se somar a voz das ruas, as instituições serão abaladas uma a uma e com elas a aliança de classes começará a estilhaçar. Lula sabe disso, a burguesia sabe disso.

A Esquerda Marxista mantem vivas a batalha pelo reajuste salarial, pela estabilidade no emprego e contra as privatizações; ao chamar os petistas para Virarem à esquerda e reatarem com o socialismo, disputando o PED com uma plataforma pela ruptura com a burguesia, procura se conectar aos gritos das ruas, à sua vanguarda, para impulsionar a construção de uma grande organização revolucionária e de massas, abrindo o caminho ao socialismo.